Carioca, 18 anos, e já no olho do furacão. Mell Muzzillo, a Ritinha de Renascer, mal estreou nas telas da TV Globo e já precisou lidar com polêmicas. A primeira, envolvendo sua personagem, já que logo em sua estreia, a atriz Isabel Fillardis, a Ritinha da versão original do folhetim, questionou que a atriz não era preta e sim indígena.
E depois sua vida pessoal também virou assunto público desde quando começaram a rolar boatos de que a atriz estaria vivendo um affair com o cantor Xamã, que interpreta Damião, seu par romântico na trama.
Com exclusividade a Marie Claire, Mell assumiu que não estava pronta para pagar pelo preço da fama tão cedo: "Preparada eu não estava não, sabia que poderia acontecer, mas não tive um preparo para isso. É muito estranho ver como inventam coisas", desabafa.
"Fiquei sem entender, mas depois compreendi que daqui para frente isso vai acontecer com muita frequência. Mas estou tentando me preocupar mais com a novela mesmo. Saber que as pessoas estão falando sobre a Ritinha, sobre a minha personagem, que, no final das contas, é isso que me importa", explica a atriz.
Etnia virou polêmica
Assim que sua estreia foi anunciada, Mell Muzzillo, que é uma mulher afro-indígena, precisou lidar com uma questão levantada por Isabel Fillardis. A atriz, que deu vida a Ritinha em Renascer na versão original de 1993, questionou o tom de pele de Mell.
Numa entrevista a Folha de S.Paulo, Fillardis não escondeu que a escolha da atriz a desagradou. "Como eu me sentiria representada? Tiraram uma negra e botaram uma indígena". Após essa fala da veterana, uma grande discussão sobre etnias foi levantada.
Autodeclarada como afro-indígena
"Não teve uma polêmica, não teve uma rivalidade ou uma discussão entre eu e ela. Ela me procurou, mandou mensagem para gente conversar e estamos tentando um tempo dentro da nossa rotina para poder ter essa troca. Mas deixei muito claro, onde pude, que não tenho nada contra a Isabel, muito pelo contrário, ela para mim é uma figura de grande admiração", ameniza Mell.
Questionada sobre ser tão nova e já precisar lidar com uma questão que envolve tantas camadas, Muzzillo explica como se sente: "Em primeiro lugar, é muita responsabilidade. Estou recebendo muitas mensagens de meninas e até de mães falando sobre a semelhança e dizendo que sentiam falta de olhar para a televisão e ver alguma menina parecida comigo e com elas".
"A representatividade agora é sobre outros rostos. Eu frequento a aldeia Pataxó, em Paraty, e lá a gente costuma falar que cor não nos define, porque indígena pode ser branco, pode ter cabelo cacheado... as pessoas ficam muito presas nesse fenótipo da cor da minha pele, no cabelo liso, dos olhos puxados. E nem sempre vai ser assim. Por isso eu digo que me declarei como afro-indígena, porque a minha família é referência disso. É uma mistura de preto com indígena: a minha pele é preta e tenho os meus traços indígenas", explica a atriz.
Na sequência, Mell Muzzillo afirma compreender que toda temática racial é muito intensa e conta que o seu posicionamento hoje é resultado da educação que sempre teve. "Agradeço à minha família, aos meus pais, por ter tido letramento racial muito nova para que hoje, aos 18, pudesse entender isso e me posicionar. Muitas pessoas mais velhas que eu não tiveram isso e ainda passam por situações como essa", conclui.