Ana Moser é a primeira mulher à frente do Ministério do Esporte e assume a pasta após 15 anos de carreira nas quadras de vôlei e 20 à frente do Instituto Esporte e Educação, que usa a prática esportiva como ferramenta de diversidade e inclusão, valores que Ana promete levar para sua atuação na pasta.
Neste 8 de Março, Marie Claire perfila as 11 ministras do governo Lula para responder como a atuação delas pode melhorar a vida das cidadãs brasileiras.
Em seu discurso de posse, Moser deixou claro que a prioridade é investir no esporte amador, garantindo que todos –“homens, mulheres, crianças, jovens, LGBTQIA+, brasileiros nascidos, brasileiros migrantes, todos e todas, do Norte, do Sul, do Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste”– tenham acesso à prática esportiva como forma de promoção de saúde física e mental.
“O esporte tem muitas dimensões. Todas têm e podem trabalhar juntas para construir um país mais justo, solidário e capaz. Incluir mulheres, incluir negros, incluir gays, incluir ricos, pobres e pessoas com deficiência, autistas. Todas as pessoas. Todos são todos. Pessoas que moram em cidades grandes, pessoas que moram em cidades pequenas. Todos têm de estar integrados na mesma política”, discursou.
E, ao falar em defesa da diversidade no esporte, ela defende, também, a inclusão de atletas transexuais. Em entrevista ao Poder360, Moser afirmou que atletas trans “precisam ser respeitados” e que o esporte deve seguir parâmetros estabelecidos pela ciência, e não pelo preconceito, para tomar decisões sobre esse tema.
“Temos de tratar [pessoas transsexuais] com todo respeito e condições de inclusão. Já avançamos muito nesses parâmetros, porque algumas federações têm mais liberdade em alguns lugares do mundo. Temos que buscar dar o tratamento mais cidadão e civilizatório”, disse.
Além disso, Moser é provavelmente a primeira ministra de estado abertamente LGBTQIA+ do país. Embora seja bastante reservada em relação à vida pessoal e não se considere uma ativista – afinal, “vive isso na vida privada há mais de 20 anos”, como disse em entrevista ao UOL – ela agradeceu à esposa, Adriana, em sua cerimônia de posse e disse, dias depois, que essa foi a primeira vez que elas se sentiram respeitadas como um casal.
A ministra reconhece o esporte brasileiro como uma área conservadora e bastante machista, e defende que o papel de seu Ministério é também impedir episódios como os que se envolveram recentemente os jogadores de futebol Daniel Alves e Robinho, ambos denunciados por estupro: em entrevista coletiva, afirmou que a pasta pode atuar, principalmente por meio da comunicação, para reforçar a responsabilidade social e cidadã dos atletas de forma geral.
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“A gente tem muito para trabalhar na comunicação dentro do Ministério. Falar da própria responsabilidade que os atletas de alto rendimento têm, como figuras públicas, com o nosso poder de influência, e usar isso da melhor maneira possível”, disse.
Ainda nesta seara, Moser se reuniu recentemente com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para discutir ações de combate ao racismo no esporte. As duas discutiram programas de formação de clubes e confederações a respeito do tema e o fomento a editais para a criação de organizações esportivas em favelas, periferias e quilombos.