Política

Por Camila Cetrone


"Decidi vir porque luto sempre pela democracia. Quero a saída de qualquer fascista do país." É esse o desejo da professora Claudia Alves Ferreira, que se uniu a 70 mil para ocupar a Avenida Paulista na noite desta segunda-feira (9), em São Paulo. A voz dela e de milhares de outras mulheres se somaram à multidão para um propósito: responder aos atos golpistas realizados por bolsonaristas em Brasília no último domingo (8).

“Não Passarão”, “Ditadura nunca mais” e “Bolsonaro na prisão” foram os gritos que ecoaram em alto e bom som e substituíram o habitual barulho de carros no horário de pico de início de semana. Mas se houve uma frase capaz de traduzir o simbolismo desses atos é “Sem anistia”, que traduz não só a motivação das manifestações, mas o sentimento de revide, raiva, vigilância que, gritada em grupo, se tornam uma esperança.

A falta de proteção a qual pedem os protestos não vale só para os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília ou para julgar os crimes cometidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Do carro de som, a vereadora Luana Alves (PSOL-SP) deixa claro que se trata não de uma anistia do passado, mas do presente. Afinal, até hoje não sabemos quem mandou matar Marielle Franco e os mandantes de seu assassinato não foram punidos até agora.

A falta de anistia não foi pedida só em grito. Estava nos cartazes que se somam às bandeiras da comunidade LGBTQIA+, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), de movimentos de mulheres, do Círculo Antifascista e de tantas outras organizações civis. Estava também nas projeções feitas em prédios ao redor, incluindo as estruturas de concreto do Masp.

A mobilização foi tamanha que conseguiu um feito inédito: uniu as torcidas organizadas dos principais times de futebol de São Paulo. Foi a Associação Nacional das Torcidas Organizadas que convocou que as organizações do Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos participassem das manifestações em defesa do Estado Democrático de Direito. Não só o fizeram como esqueceram as diferenças em campo para bradar pelo mesmo pedido.

Para as mulheres, os atos pela democracia tem outros significados. Para a estudante de pedagogia Gabriela Gomes, é uma maneira de “lutar pelas mulheres, LGBTQIA+ e pelas pessoas que acreditam na transformação do mundo”. Para a servidora pública Morgana Sampaio, é sobre não permitir que o país volte a retroceder e maltratar indígenas, mulheres e pessoas pretas. Para elas, estar ali também é sinônimo de sobrevivência. A Marie Claire, elas contam porque decidiram ocupar as ruas após o atentado em Brasília.

Gabriela Gomes, 19 anos, estudante de pedagogia

Gabriela Gomes, 19 anos, estudante de pedagogia — Foto: Mayra Azzi
Gabriela Gomes, 19 anos, estudante de pedagogia — Foto: Mayra Azzi

“Estou lutando pela democracia do meu país. Sou uma jovem ativista socioambiental. Acredito na educação como uma forma de transformação do mundo. Sem democracia, no fascismo, a educação não existe. E é isso que transformará o mundo. Então, estou aqui lutando por todas as vidas perdidas na pandemia, pelo descaso do governo Bolsonaro, pelo sangue indígena derramado. Estou lutando por todas as mulheres, os LGBTQIAP+, por todas as pessoas que acreditam num futuro melhor, na transformação do mundo.”

Gabryele Moreira, 30 anos, doutoranda em tecnologia nuclear

Gabryele Moreira, 30 anos, doutoranda em tecnologia nuclear — Foto: Mayra Azzi
Gabryele Moreira, 30 anos, doutoranda em tecnologia nuclear — Foto: Mayra Azzi

“Vim para lutar a favor da democracia, do direito das mulheres, dos direitos de ir e vir e pela ciência no Brasil, que está um caos e que vai ser reestruturada no governo Lula. Vim pelas minorias.”

Raquel Ferreira, 37 anos, atriz

Raquel Ferreira, 37, atriz — Foto: Mayra Azzi
Raquel Ferreira, 37, atriz — Foto: Mayra Azzi

“Vim em defesa da nossa democracia. Acho que desde o início a gente sabia que seria difícil tirar o Bolsonaro do poder e eleger um presidente que olha pelo povo, que tivesse um instinto e uma conduta democrática. A gente sabe que tem um novo desafio, que é esse movimento do bolsonarismo. É o início de uma luta que vai se perpetuar durante alguns anos, e a gente está aqui pra isso: arregaçar as mangas e lutar pela defesa da democracia. E nunca será fácil porque a democracia é, antes de tudo, trabalho.”

Márcia Pecly, 47 anos, pedagoga e professora de ensino fundamental

Márcia Pecly, 47 anos, pedagoga e professora de ensino fundamental — Foto: Mayra Azzi
Márcia Pecly, 47 anos, pedagoga e professora de ensino fundamental — Foto: Mayra Azzi

“Estou aqui contra a tentativa de golpe que aconteceu em Brasília. A gente tem que se unir para que isso não aconteça mais e que não volte a ditadura. Isso é um indício de ditadura e a gente não pode aceitar. Nós mulheres e nós brasileiros.”

Duda Bernardes, 29 anos, DJ

Duda Bernardes, 29 anos, DJ — Foto: Mayra Azzi
Duda Bernardes, 29 anos, DJ — Foto: Mayra Azzi

“Tudo que aconteceu em Brasília ontem foi contra o que acredito. Então quis trazer a minha força feminina e negra para a rua, em unidade, em coletivo. Sei que a gente tem força para mostrar que a esquerda também é forte no Brasil. Não existe momento errado. Qualquer momento é certo, porque a gente precisa ter força, precisa estar na rua e exercer nosso direito de ser cidadão e ter nossos direitos respeitados.”

Maite Schneider, 51 anos, consultora de diversidade e inclusão

Maite Schneider, 51 anos, consultora de diversidade e inclusão — Foto: Mayra Azzi
Maite Schneider, 51 anos, consultora de diversidade e inclusão — Foto: Mayra Azzi

“A importância de estar aqui é de a gente não deixar o fascismo tomar conta. Estamos aqui para mostrar para as pessoas que o poder do povo não só emana dele, como tem que ser mantido através dele. O que a gente tem de mais bonito é a união do nosso povo, independentemente de partido, de cor, gênero… Independentemente de qualquer coisa. Esse momento me lembra do meu tempo de Diretas Já, quando a gente se uniu, quando veio todo mundo numa cor mostrando que sim, somos a cor do Brasil. É o momento de dizer que a gente não vai tolerar o que está acontecendo e, ao mesmo tempo, dizer que juntos a gente é imbatível.”

Rose Luz, 50 anos, professora

Rose Luz, 50 anos, professora — Foto: Mayra Azzi
Rose Luz, 50 anos, professora — Foto: Mayra Azzi

“[Estou aqui] Porque sou contra o fascismo, porque sou a favor dos trabalhadores, porque amo o Brasil. Não deixo de ser patriota. Aliás, estou com vergonha desse povo todo que invadiu lá [os Três Poderes]. Sou professora. A gente faz uma manifestação em prol do nosso salário e a gente não consegue chegar nem a dois quilômetros da Esplanada. Eles invadiram a Esplanada, defecaram na mesa do presidente. Então, isso não pode passar. Não tem condições para que isso continue acontecendo no nosso país. Então, [estou] aqui é para me posicionar, não que eu já não saiba que lado eu estou. Sou trabalhadora, mulher, mãe e professora. E sou brasileira.”

Claudia Alves Ferreira, 43 anos, professora

Claudia Alves Ferreira, 43 anos, professora — Foto: Mayra Azzi
Claudia Alves Ferreira, 43 anos, professora — Foto: Mayra Azzi

"Decidi vir para o ato porque luto sempre pela democracia. Sou professora, advogada, pedagoga, mulher preta, mulher da periferia, descendente indígena e africano. Então, sempre vou estar na luta pela nossa democracia. Faço questão de estar aqui presente. Quero a saída de qualquer fascista do país. Chega! Não aguentamos mais todos os ataques, todo esse desgoverno de morte que se instaurou em nosso país. Então, quero não só a queda e Bolsonaro na cadeia. Quero todos eles: os milicianos, os fascistas, todos os bandidos covardes que sempre apoiaram esse governo de morte."

Sylvia Beatriz, 59 anos, aconselhadora biográfica

Sylvia Beatriz, 59 anos, aconselhadora biográfica — Foto: Mayra Azzi
Sylvia Beatriz, 59 anos, aconselhadora biográfica — Foto: Mayra Azzi

“Vim pela democracia. Sou uma pessoa mais de centro, os extremos não me representam. Mas ontem, o que aconteceu em Brasília, para mim foi um limite ultrapassado.”

Yasmin Baptista, 22 anos, autônoma de edição de vídeo e imagem

Yasmin Baptista, 22 anos, autônoma de edição de vídeo e imagem — Foto: Mayra Azzi
Yasmin Baptista, 22 anos, autônoma de edição de vídeo e imagem — Foto: Mayra Azzi

“Para mim é importante estar aqui. Senti na pele o que foi o governo Bolsonaro. Sou uma mulher negra, sou da periferia de Osasco. Tenho nove irmãos. Então desde sempre minha família sofreu com as mazelas da desigualdade social. E hoje faço parte da Bateria Ritmo da Luta, porque aqui encontrei a minha voz para representar as mulheres negras, jovens, LGBT diante de todas as injustiças do Brasil.”

Maria Helena da Silva, 67 anos, aposentada

Maria Helena da Silva, 67 anos, aposentada — Foto: Mayra Azzi
Maria Helena da Silva, 67 anos, aposentada — Foto: Mayra Azzi

“[Estou aqui] porque é necessário a gente defender a democracia. Se não tivesse tido anistia, lá quando a ditadura militar acabou, hoje a gente não estava passando por isso. Não consigo ficar em casa vendo isso acontecer. Andei 200 quilômetros para estar aqui hoje. Sou de São Paulo, mas vivo em São Bento do Sapucaí. E vim. Briguei com meu marido, meu filho, minha filha, mas estou aqui. Não consegui dormir. É difícil ver tudo isso acontecendo de novo. Não dá.”

Luiza Andrade, 27 anos, estudante

Luiza Andrade, 27 anos, estudante — Foto: Mayra Azzi
Luiza Andrade, 27 anos, estudante — Foto: Mayra Azzi

“Acho impossível a gente deixar quieto qualquer ato fascista de cunho terrorista. A gente sempre teve um terrorismo por baixo do pano e agora consegue ver o quão bizarro sãos esses ‘cidadãos do bem’ que se dizem do bem, né? Essas pessoas precisam deixar de poder existir dessa forma. E essa luta hoje aqui é para isso."

Morgana Sampaio, 34 anos, servidora pública

Morgana Sampaio, 34 anos, servidora pública — Foto: Mayra Azzi
Morgana Sampaio, 34 anos, servidora pública — Foto: Mayra Azzi

“Essa manifestação tem um tom importante depois de tudo que aconteceu em Brasília. Os atos dos vândalos, que são atos terroristas, representam um ataque frontal à nossa democracia que a gente vem construindo a pequenos passos, mas com força, com resistência. Vim pra cá justamente por isso, porque a gente já caminhou muito para deixar que o Brasil retroceda para um país que maltrata, maltrata indígenas, as mulheres, pessoas LGBTQIA+. A gente está aqui pela democracia e por todas as pessoas que já trabalharam para que esse país hoje pudesse estar de pé democraticamente.”

Thais Nozue, educadora e fotógrafa

Parte da torcida organizada Porco Livre, do Palmeiras: Eliza Mafra, 35 anos; Alessandra Lusivotto, 37; Jussara Arco e Flecha Fortuna, 58 anos; Thais Nozue; e Flávia Nozue, 42 anos — Foto: Mayra Azzi
Parte da torcida organizada Porco Livre, do Palmeiras: Eliza Mafra, 35 anos; Alessandra Lusivotto, 37; Jussara Arco e Flecha Fortuna, 58 anos; Thais Nozue; e Flávia Nozue, 42 anos — Foto: Mayra Azzi

“Palmeiras Livre é um coletivo LGBTQIA+, mas também de outras minorias sociais. A gente está aqui porque acha importante a defesa não só da democracia, mas para pedir não anistia aos golpistas. Que a gente consiga viver em paz nos próximos anos. A gente vai ter que ocupar as ruas pelos próximos meses, anos, o que for. E a gente considera importante [a presença no ato] por sermos mulheres. É importante que a gente venha aqui representar.”

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