Moda

Por Laura Reif, Priscilla Geremias, Thiago Andrill

O São Paulo Fashion Week N54 estreou mostrando sua relevância para a cena da moda nacional. Pela primeira vez com venda de ingressos para o público, o evento já começou lotando o Komplexo Tempo, na Mooca, novo palco para a maioria das apresentações dos estilistas cool do momento - uma guinada em relação às últimas edições - e os nomes que expressam sua moda ali trazem as ebulições sociais que fervem nas questões políticas reivindicadas pelas novas gerações. O que se reflete nas passarelas e no público, que vibrou com as presenças de Thais Carla e Jojo Todynho no desfile dos Meninos Rei ao som do Psirico.

“Nós que somos nascidos no Subúrbio Ferroviário de Salvador estamos adentrando espaços que sempre nos foram negados”, declaram os irmãos estilistas Céu e Júnior Rocha, que apresentam a coleção Onde nasce a arte. Os modelos desfilaram o tradicional combo de alfaiataria e streetwear da marca, com tecido africano e estampas próprias, uma autoral já trabalhada pela etiqueta e outra exclusiva, feita com a designer Patrícia Moraes.

“Elas gostam de causar/Com seu shortinho/Muitos acham até vulgar/O seu perfil/Elas gostam/Elas gostam/Tô nem aí/Tô afim de olhar”, Elas Gostam (Popa da Bunda) ecoava pelo local enquanto Deborah Secco caminhava seguindo suas colegas artistas.

A modelagem era larga e não engolia o corpo, pelo contrário. Com o objetivo de celebrar a liberdade de expressão do gueto, explicam os irmãos, as peças destacam o corpo e dão espaço para muita pele à mostra. Blusas e vestidos com amarrações na região da cintura e quadril, blazers com ombros marcados e mangas recortadas e muitos conjuntos com shorts servem como exemplo.

A influenciadora digital Pequena Lô esteve no São Paulo Fashion Week nesta quarta-feira (16) e conversou com Marie Claire sobre a felicidade de encontrar diversidade no mundo da moda. Segundo Lô, que esteve pela primeira vez no evento, é necessário que os estilistas incluam cada vez mais pessoas com deficiência entre seus modelos, coisa que ela ainda está tomando forma.

"Eu acho que falta acessibilidade na moda de um modo geral. É preciso incluir pessoas com deficiência não só em datas comemorativas, mas como um todo. Fico feliz porque as marcas não me contratam só para falar sobre a deficiência, mas sobre o meu trabalho. Espero que isso continue também com outras pessoas", finalizou.

Seguindo a tarde, no meio do entra e sai do público, do qual muitos estavam ali pela primeira vez espiando ansiosos para ver uma sala de desfiles, Walério Araújo deixou os observadores boquiabertos com uma série de peças góticas. Das raízes underground do estilista, os looks variavam desde o fetichismo clássico, com couro e aviamentos metálicos, passando por blusas transparentes vitorianas. Influências barrocas e medievais também deram as caras.

"Roxo é minha cor preferida e também era a de Elke Maravilha, que sempre falava que as pessoas tinham preconceito com o tom porque era usado para revestir os caixões”, conta nos bastidores. Apesar da atmosfera de festa, o estilista destaca que a inspiração gótica também resulta de um cenário de conflagração e pessimismo, com uma pandemia ainda presente e conturbações políticas nos últimos anos. "Mas o roxo espanta os maus fluidos. Então, eu digo para usarmos roxo!", pontua o criativo.

Mudando o tom, o último desfile do dia, da Bold Strap, foi um dos mais esperados. Novatos no evento comentavam: “Você sabia que a Camila Queiroz vai desfilar?” Na última edição, a atriz de Verdades Secretas também se apresentou, assim como Marina Sena. Desta vez, ela desfilou com Bianca Andrade em mood extraterrestre.

Aliens invadiram a Terra, gostaram daqui e estão curtindo o verão de Malibu. “Uma coisa cafona chique”, brinca o stylist João Ribeiro. Foi este o enredo do desfile da marca. Com escapismo alienígena, a marca comandada por Peu Andrade apresentou Bold Invasion, coleção que recorre ao retrofuturismo com referências que passam pelos anos 70 e 80, mas sem deixar de conversar com as tendências atuais, como o barbiecore.

“Trabalhamos nosso DNA fetichecore com outras linguagens, como signos da feminilidade, como rendas e plumas”, explica Peu. Os tons rosa, azul, verde e amarelo tomaram conta da passarela em peças que subvertiam papéis de gênero, como biquínis. “Rompemos a barreira do que é masculino e feminino em uma coleção totalmente diferente das anteriores”, explica João.

Camisolas transparentes à lá anos 70 flutuaram com plumas. O denim também foi destaque, até mesmo na moda praia. Cintos brilhantes marcaram as cinturas e seios dos modelos - alguns deles com o corpo todo pintado de verde ou laranja, combinando com o make alienígena.

Os looks justos acentuavam as curvas das modelos, que arrancaram gritos do público. Muito diferente de uma passarela “convencional”, as apresentações do São Paulo Fashion Week permitem moods criativos que passam pela dança, pela expressão fluida de gênero e por corpos diversos, que sempre estiveram presentes na sociedade, mas não se viam representados no mercado. Quem resume é Walério Araújo: “A política não deixa de ser outra pandemia.”

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