Sinais de que você está em um relacionamento abusivo

Um relacionamento tóxico nem sempre é fácil de ser detectado. Antes da violência física, há comportamentos nocivos - menos evidentes, que merecem atenção

Por Redação Marie Claire


Sinais de um relacionamento abusivo Getty Images

Um relacionamento abusivo nem sempre é fácil de ser detectado. Antes de chegar à violência física, há comportamentos tóxicos - menos evidentes, que também merecem atenção. O assunto veio à tona neste domingo (12), desta vez por causa da modelo e apresentadora Ana Hickmann, vítima de violência doméstica por parte do marido, Alexandre Corrêa, com quem é casada há 25 anos. No sábado, ela registrou um boletim de ocorrência contra o cônjuge, por lesão corporal e violência doméstica. O crime teria acontecido na casa do casal em um condomínio em Itu, São Paulo.

Para elencar alguns destes sinais mais sutis de um relacionamento abusivo, Marie Claire conversou com a advogada Luanda Pires, especialista em Direito Antidiscriminatório e Conselheira de Notório Saber do Conselho Nacional de Direitos da Mulher.

De acordo com o último anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, quase 3 em cada 10 brasileiras (29%) foram vítimas de violência doméstica em 2022, a taxa mais elevada já registrada. “Isso escancara o fato de que a violência doméstica e familiar contra mulheres cresce em escala e que, muito embora tenhamos uma lei que é mundialmente conhecida por instituir uma série de mecanismos para proteção das vítimas e combater a violência, nós ainda não conseguimos garantir a proteção das nossas mulheres”, afirma a advogada.

Abaixo, os principais trechos da entrevista com Pires.

Ciclo da violência

O ciclo da violência é composto por fases muito nítidas e repete-se nos relacionamentos abusivos, independente de orientação sexual ou classe social, através de padrões comportamentais do agressor que têm como objetivo minar a autoconfiança, autonomia e autoestima da vítima.

Aumento da tensão

Quando este agressor demonstra irritação excessiva, a partir de situações e assuntos irrelevantes. Aqui, os acessos de raiva constantes, ameaças e humilhações são muito característicos.

Ataques violentos

Quando o agressor externa sua raiva, violentando a vítima. Aqui, a violência pode ser física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial.

O agressor pode:

Bater na vítima,

Violentar animais de estimação para atingir essa mulher,

Dar murro na porta, na parede, com finalidade de intimidação,

Forçar a vítima a ter relação sexual, apesar de ouvir não quando tenta o ato - insistindo até que a vítima faça para que ele “fique quieto”,

Controlar as finanças da vítima;

Impedir que a vítima acesse seu patrimônio;

Falar mal da vítima para pessoas próximas ou publicamente (quando a vítima é pessoa pública)

Humilhações que ataquem a imagem da vítima ou desqualifiquem seu trabalho (profissional ou como mãe) - falar que a mulher é feia, é gorda, não faz nada direito

Falas e xingamentos que desqualificam a vítima e abalam sua moral

Controlar as redes sociais da pessoa

Fazer a mulher apagar post com imagens dela.

Fazê-la excluir seguidores por causa de ciúme

Destruir bens, documentos pessoais, materiais de trabalho

Lua de mel

Acontece logo após a violência, e o companheiro finge demonstrar arrependimento. Fala que ama a mulher. Tem demonstração exacerbada de afeto. Promete que as agressões e violências não se repetirão, tudo para garantir a reconciliação. Esse ciclo não dura muito tempo e as repetições do padrão violento retornam.

Ajuda

Para as mulheres que estiverem nessa situação, identificarem que passaram por alguma situação de violência, vocês não estão sozinhas! Existem redes de acolhimento e organizações que podem ajudar.

Elas podem pedir ajuda pelo disk 180 do Ministério das Mulheres, buscarem amparo em pessoas de confiança para que as acompanhem às delegacias (das mulheres ou não). Há também ouvidorias das mulheres do Ministério Público em algumas estados, a ouvidoria do Conselho Nacional do MP e as defensoria públicas.

Mas antes de qualquer coisa, buscar apoio em alguém de confiança para que ela sinta-se fortalecida.

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