Candidíase: o que é e como tratar a condição que afeta até 75% das mulheres

Tratamentos incluem remédios, pomadas e opções naturais como banhos de assento

Por Juliana Costa, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo


Tecido da calcinha pode favorecer o aparecimento da candidíase Pexels

A candidíase é uma infecção comum causada por fungos do gênero Candida, que pode afetar mulheres de todas as idades - inclusive crianças.

Estima-se que 75% das mulheres sofram com candidíase pelo menos uma vez na vida.

Embora seja uma condição incômoda, compreender o que é a candidíase e a importância de seu tratamento pode ajudar as mulheres a buscar o alívio necessário para restaurar sua saúde e bem-estar.

O que é a candidíase

A candidíase ocorre quando há um crescimento excessivo do fungo Candida, geralmente Candida albicans.

Esse tipo de fungo vive no organismo humano e faz parte da flora vaginal, mas o sistema imune é capaz de evitar a sua proliferação exagerada. Porém, quando o corpo sofre algum desequilíbrio, os microorganismos podem se reproduzir de forma exagerada, causando coceira e desconforto na região.

Entre os fatores que contribuem para os desequilíbrios hormonais, estão: uso de antibióticos, diabetes, gravidez ou um sistema imunológico enfraquecido.

Sintomas comuns da candidíase em diferentes áreas afetadas

Boca:
- Placas esbranquiçadas na boca, garganta e/ou língua. Mau hálito e secura podem estar presentes;
- Vermelhidão e inchaço na garganta e boca;
- Desconforto ou dificuldade ao engolir, anormalidades no paladar;
- Feridas ou lesões.

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Pele
- Vermelhidão:
- Coceira;
- Ardência;
- Descamação, lesões e fissuras.

Genitais
- Coceira:
- Ardência;
- Inchaço;
- Vermelhidão;
- Placas vermelhas ou esbranquiçadas;
- Corrimento vaginal esbranquiçado, leitoso ou com grumos;
- Dor durante a relação sexual

"Em homens os sintomas podem ser um pouco diferentes, porém vermelhidão, placas esbranquiçadas, ardência e edema no local são frequentes. Na pele, eles também podem apresentar descamação", indica Caroline Goretti, ginecologista da Casa de Saúde São José (RJ).

Como evitar a candidíase

Em alguns casos, a inflamação da região é recorrente, chegando a acontecer quatro ou mais episódios durante um ano, caracterizando o quadro de candidíase de repetição.

A ginecologista Camila Ramos informa que a recorrência da infecção é provocada por alguns hábitos que fazem mal para a higiene íntima: “Dentre as ações que podem causar o desequilíbrio do pH vaginal, estão duchas vaginais, estresse, uso de calça muito apertada e falta de ventilação na região".

Para evitar a candidíase, especialmente se ela for recorrente, o ideal é usar calcinha de algodão e tentar usar roupas menos apertadas.

“Mulheres que têm histórico de repetição podem dormir sem calcinha, com shorts largos ou camisola que deixe a região arejada. É importante também não usar protetor diário, tendo em vista que pode abafar a vagina”, orienta a médica.

Em relação à rotina de higiene, manter a área vaginal limpa com água e sabão neutro sem cheiro é a ação ideal.

“Lembre-se de enxaguar bem a área da genital para não deixar resquícios de sabão. Para isso, utilize a água do chuveiro e não a da ducha”, enfatiza Camila.

Redobrar a atenção ao usar o banheiro também é importante, ela diz, já que o correto é limpar a região da frente para trás para evitar espalhar leveduras ou bactérias do ânus para a vagina ou trato urinário.

Como a candidíase é diagnosticada

Na maioria das vezes o diagnóstico é feito apenas pelo exame clínico e sintomas da paciente.

"Em alguns poucos casos podem ser necessários exames complementares, como cultura de secreção ou avaliação de pH", diz a médica.

Por que é importante consultar um profissional da saúde na suspeita de candidíase? Para evitar que lesões ou infecções oportunistas apareçam, além de receber orientações adequada sobre prevenção e tratamento de casos recorrentes e/ou persistentes.

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"Isso evita, inclusive, que candidíase e vaginose bacteriana, um quadro que requer tratamento diferente, se confundam", aponta Goretti.

Além disso, sem o tratamento correto, uma candidíase simples, descreve a médica, pode evoluir para outras infecções secundárias e oportunistas, por exemplo, infecção urinária ou mesmo lesões de pele.

"Também pode evoluir para casos mais graves, principalmente em pacientes imunodeprimidos, que apresentam maior risco de infecção generalizada."

Tratamentos adequados para candidíase

O tratamento adequado para a candidíase envolve o uso de antifúngicos tópicos, como cremes ou pomadas, para casos cutâneos ou vaginais, ou antifúngicos orais em comprimidos ou cápsulas para infecções mais graves.

Além disso, medidas de higiene e cuidados específicos, como manter a área afetada limpa e seca, são importantes.

Goretti aponta que os banhos de assento, opção popular e natural, podem auxiliar, sim, no tratamento da candidíase.

Banhos de assento utilizando chás de camomila e barbatimão podem ser úteis para aliviar o prurido associado à candidíase, devido às suas propriedades antifúngicas, antimicrobianas e analgésicas.

"Deve-se sempre também ter o cuidado com a higiene e limpeza dos locais e materiais a serem utilizados para os banhos", alerta a ginecologista.

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