Teste genético para risco de Alzheimer: vale a pena fazer?

O ator Chris Hemsworth, de Thor, decidiu dar uma pausa na carreira após exame apontar predisposição para a doença

Por Marcella Centofanti — São Paulo


Mulher idosa Pexels

O ator Chris Hemsworth, intérprete do herói Thor no cinema, decidiu dar uma pausa na carreira após um teste genético apontar risco elevado para o desenvolvimento de Alzheimer. No entanto, para especialista ouvida por Marie Claire, o exame não é um veredito e tampouco tem utilidade na prática. Seguir um estilo de vida saudável é a melhor maneira de evitar a doença.

O teste genético mostrou que Chris Hemsworth herdou duas cópias do gene APOE4, uma de sua mãe e outra de seu pai. De acordo com estudos, um indivíduo com essa combinação de DNA tem doze vezes mais probabilidade de desenvolver Alzheimer do que a média da população.

Um dos problemas desse exame, segundo a neurologista Maria Gabriela Ghilardi, do Hcor, é que atualmente não existe um tratamento que impeça ou retarde o aparecimento da doença. Então, se a pessoa descobrir ter um risco elevado de Alzheimer, ela não poderá fazer muita coisa a respeito.

“Você pode tentar investir mais pesado em alterações no estilo de vida. Mesmo assim, não existem estudos que comprovem o impacto das mudanças nessa parcela de pacientes”, diz a médica.

Além disso, o teste não é uma sentença definitiva. Seu resultado não aponta um diagnóstico precoce, somente a probabilidade de ter a doença. “Alguns genes protegem contra o desenvolvimento do Alzheimer. O mesmo indivíduo com o APOE4 pode ter outras variabilidades genéticas protetoras sem saber e nunca desenvolver nenhum sintoma”, explica a neurologista.

Segundo a médica, o exame pode ser útil para pessoas com histórico familiar de quadros demenciais precoces, isto é, antes dos 65 anos. Para a maioria da população não, até porque a enfermidade também se manifesta em pessoas sem predisposição genética para a demência.

“Hoje, é muito mais importante investir na prevenção do Alzheimer, com a adoção de um estilo de vida saudável, do que fazer um teste genético”, afirma Maria Gabriela Ghilardi.

De acordo com a neurologista, esses exames são importantes para identificar mutações associadas à doença e, a partir daí, ajudar a desenvolver terapias específicas para essas alterações. “A partir do momento que existirem tratamentos que modifiquem a progressão da doença, eu acredito que os testes devam ser amplamente divulgados e oferecidos à população”, diz ela.

O que é o Alzheimer?

O Alzheimer é a forma mais comum de demência. Trata-se de uma doença neurodegenerativa que começa com falhas na memória e pode levar a pessoa a perder a independência e a capacidade de interagir com o ambiente.

De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a idade é o principal fator de risco para essa forma de demência. Após os 65 anos, o risco de desenvolver a enfermidade dobra a cada cinco anos. As mulheres têm maior probabilidade de ter a moléstia do que os homens, mas talvez isso aconteça pelo fato de elas serem mais longevas.

Também são considerados fatores de risco hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão e sedentarismo. O histórico familiar é importante se a pessoa tiver parentes que manifestaram a doença precocemente, ou seja, antes dos 65 anos.

O diagnóstico do Alzheimer é clínico, a partir de testes que avaliam a cognição do paciente. Exames laboratoriais e de imagem ajudam a excluir outras causas que podem alterar o comportamento do indivíduo, como tumor, acidente vascular cerebral (AVC), hipotireoidismo e deficiência de vitamina B12.

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