Durante uma conversa com Bruna Griphao no BBB 23, a médica Amanda Meirelles compartilhou que arranca, além dos fios de cabelo, os pelos dos braços, usando uma pinça.
As falhas no couro cabeludo da médica, machucado após sucessivos puxões para arrancar fios, também chamou a atenção de outra participante, Aline Wirley, alguns dias depois.
Os sintomas são característicos da tricotilomania, uma desordem comportamental ligada à ansiedade e a problemas emocionais, explica a médica Cintia Guedes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Muitas vezes o comportamento pode envolver rituais, quando a pessoa seleciona um fio, ou um número determinado de fios, ou ainda um tipo específico de fio (grossos ou finos, mais claros ou escuros, mais ondulados ou mais lisos) para remover.”
Quem sofre do quadro também pode arrancar pelos das sobrancelhas, cílios, e outras partes do corpo, como axilas e região púbica.
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A tricotilomania pode causar uma série de outros problemas, como a vermelhidão, cicatrizes, e até infecções graves.
Além disso, podem acontecer questões relacionadas ao estigma social. “Muitas vezes fica visível, causando constrangimento e possivelmente a restrição da pessoa a círculos sociais por vergonha de se expor - ou até o uso de acessórios para esconder as falhas”, diz psiquiatra Alexandre Valverde, graduado pela Unifesp.
Embora as pesquisas não tragam dados muito precisos de quantas pessoas sofrem com o quadro, o médico estima que gire em torno de 1% da população mundial.
“No Brasil, a estimativa é de que sejam 8 milhões de pessoas. Quem mais busca tratamento - não necessariamente quem tem os quadros mais graves - são mulheres adolescentes, justamente pelo estigma social.”
O especialista explica que para homens, é mais comum puxar os pelos da barba, e se ficam falhas, são mais facilmente disfarçadas raspando completamente o local. “Já quando o transtorno acontece na infância, é geralmente resolvido naturalmente. A criança não necessariamente leva o quadro para a vida.”
O tratamento da tricotilomania é complexo e envolve diferentes tipos de terapia e profissionais, incluindo psiquiatra - que pode receitar remédios a depender da necessidade do paciente -, psicólogo - que ajudará na mudança de hábitos - e dermatologista.
“No caso de falhas capilares, o dermatologista pode indicar suplementos, medicamentos ou tratamentos como microagulhamento, lasers e infusão de substâncias para estimular o crescimento dos fios”, complementa a dermatologista Cintia Guedes.