Angélica: 'Após filhos e menopausa, meu cabelo caiu e mexeu com minha autoestima. Foi assustador'

Mudança aos 40

Para ela, que trabalha desde os 4 anos de idade, a saúde do cabelo sempre esteve em jogo. Isso porque no início da carreira, conta, as preocupações com o "estica e puxa" dos fios não eram tão comuns. Foi mais tarde que o hair care passou a fazer parte da rotina de Angélica, que também disse ter revisto a própria autoestima depois de ter feito 40 anos.

Mais recentemente, também revisitou quais eram seus propósitos e passou a enxergar mais o bem-estar para além da questão estética, se dedicando também ao autoconhecimento.

"Foram alguns anos de reflexão, de autoconhecimento, para me entender. Comecei a trabalhar com 4 anos e nunca parei, então, com uns 40 e poucos, meu corpo parou. O acidente de avião também contribuiu para rever tudo [ela, em 2015, estava em um avião de pequeno porte com Luciano Huck quando foram obrigados a fazer um pouso forçado da aeronave]", revelou.

"Quis me entender em termos profissionais também, quais eram meus propósitos. E foi quando comecei a perceber que a gente vive uma pandemia ligada às doenças de saúde mental. Aí comecei a ver coisas que estavam fazendo bem para mim, e surgiu a ideia de ter uma plataforma, a Mina Bem-Estar para falar disso com o público".

A conversa, claro, também foi sobre como as escolhas capilares sofrem interferência da pressão estética que recai com mais força sobre as mulheres. Angélica comentou que percebeu os primeiros cabelos brancos na pandemia -- e por conta de comentários nas redes sociais -- e como lidou com eles.

"Na época da pandemia, fui fazer uma live e fiz uma trança. Não prestei atenção em fios brancos, porque meu cabelo é muito loiro. Até que chegaram os comentários: 'Angélica está com o cabelo branco'. A gente não pode ter? Aí fiquei com eles por um tempo", revelou. "Até que começou a me incomodar, e hoje não deixo essa parte da frente branca. E acho que é isso, temos que fazer o que nos faz sentir bem", avalia.

A criadora de conteúdo Rob Freitas, que é uma mulher negra e tem o cabelo crespo, também esteve na conversa e destacou como a tarefa de cuidar dos próprios cabelos têm importância em sua rotina. "Acendo uma vela e faço um ritual: esfolio o couro cabeludo, faço fitagem, máscara, deixo secar naturalmente, faço tratamentos. Agora, estou num processo de emagrecimento, e também vendo meu cabelo cair. Aí, acabo falando com meus médicos, porque quero que meu fio esteja bem, mesmo quando faço tranças ou mudo o penteado com frequência".

A dermatologista Calu Franco que, inclusive, cuida dos fios de Rob, ressaltou o fato de que dar atenção aos fios é também uma forma de estar ligada ao próprio cuidado. Vale ficar atenta, avalia a médica, às questões que podem impactar na queda dos fios, por exemplo. "É normal que caiam 100 fios por dia, mas fatores emocionais, falta de vitaminas e doenças que têm como sintoma essa situação também precisam estar no radar".

Para além das questões estéticas, a especialista também destacou o fato de os tratamentos para os fios serem cada vez mais dedicados ao conceito 'pró-aging'; ou seja, compreendendo o envelhecimento dos fios e cuidado deles para que sejam o mais saudáveis possíveis. "A gente prende o cabelo, troca de cor, estica e puxa. Tem como tratar a haste, com técnicas mais globais e também há produtos, principalmente multivitamínicos, que cuidam do couro cabeludo. Com tudo isso, o que digo para as pacientes é que estamos num movimento de aceitar o nosso momento. Esse é o grande desafio da beleza atualmente".