Médica defende Isabel Veloso, influenciadora com câncer terminal: 'Tem o direito de viver como quer'

"Eu confesso a minha admiração por quem decide publicizar sua jornada de adoecimento. A escolha não é fácil e, apesar de eu considerar extremamente importante para desmistificar os temas relacionados, não sei se eu, pessoalmente, daria conta de dividir a minha intimidade dessa forma...", disse a médica.

Para ela, os ataques são motivados pelo medo da finitude. "Isabel, tão jovem, linda e cheia de vida e de sonhos, chacoalha as estruturas de uma sociedade tanatofóbica [aversão à morte]. Ela traz a morte - e os efeitos que a sua consciência produzem no indivíduo - para dentro de casa, para dentro da nossa mente", afirmou.

"Mas uma sociedade que finge ser imortal não poderia aceitar essa invasão de bom grado. A doença e a terminalidade não podem existir na vida de alguém que vive a vida intensamente, de alguém que escolheu aproveitar seus dias - apesar da doença. As agressões são horrendas (trouxe para exemplificar o post a mais sutil - não intencioso reproduzir os absurdos). Fui advertida, antes de me lançar nas redes, sobre seu poder deletério. Mas me assusta o tempo inteiro a agressividade de quem se acha no direito de invadir e (tentar) invalidar o outro. Especialmente em se tratando de uma menina, de 18 anos, com um câncer avançado fora de possibilidade terapêutica."

Ao final, a médica ainda disse que o comportamento de Isabel Veloso traz uma reflexão. "A nós, a lição: a terminalidade chega para todos. Não é papel nosso determinar como cada pessoa vai viver a sua."

Desde que começou a divulgar detalhes de seu tratamento, a jovem de 17 anos começou a ser questionada sobre a doença. Seguidores criaram teorias que afirmam que ela estaria mentindo sobre o diagnóstico em troca de fama.

Em abril, para acabar com as especulações, Isabel Veloso compartilhou um lado médico que atestaria que ela está com um Linfoma de Hodking. “Eu não iria postar isso, porque não devo satisfação a ninguém. Mas recebi muitos comentários que para ser paciente "terminal" ou "paliativa" tenho que ter aspecto de morte ou estar acamada sem poder me mexer. Então, para quem tanto duvidou, o laudo que tanto pediram está aqui”, disse.