Thiago Queiroz - Paizinho, vírgula
 
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Vamos começar com uma verdade indigesta: a criança não aprende a não fazer algo porque é errado, mas porque foi punida e tem medo. Agora, imagine que você viaja para um país onde não conhece bem o idioma nem as regras do local. Quando você faz algo errado, você leva uma multa, sob ameaças de ser preso caso erre novamente.

'"Uma criança que erra precisa ser orientada, considerando a idade e o processo de desenvolvimento dela." — Foto: Freepik
'"Uma criança que erra precisa ser orientada, considerando a idade e o processo de desenvolvimento dela." — Foto: Freepik

Você fica apavorado, e até tenta acertar. Você quer muito fazer o que é certo, mas são várias regras, ao lado de uma série de coisas interessantes para fazer, e você sempre acaba fazendo algo errado. A pergunta que fica: como você gostaria de ser tratado? Não seria melhor que alguém estivesse orientando você sobre como as coisas funcionam, em vez de só punir e ameaçar? Como você vai aprender, se passa metade do tempo em pânico de errar novamente?

Bem, com as crianças é exatamente isso que acontece. A diferença é que não estão visitando um país novo, mas tentando entender sobre esse mundo ao qual acabaram de chegar. O cérebro delas ainda está se desenvolvendo, por isso elas têm dificuldades em controlar impulsos, entender causa e consequência, ponderar sobre as próprias decisões e lidar com as emoções.

E é aí que está o nosso papel como pais, familiares, educadores e sociedade: criar um ambiente seguro e emocionalmente saudável para que elas se desenvolvam e aprendam de forma empática e respeitosa. “Mas se não posso punir, como vou educar meus filhos?”

O primeiro passo é dissociar o erro da punição. Punição não pode ser considerada como consequência de um erro. Uma criança que erra precisa ser orientada, considerando a idade e o processo de desenvolvimento dela.

Punição não pode ser considerada como consequência de um erro. Uma criança que erra precisa ser orientada, considerando a idade e o processo de desenvolvimento dela
— Thiago Queiroz

Além disso, precisamos olhar para o erro como uma oportunidade de aprendizagem, para ensinar as regras sociais, ferramentas para lidar com as próprias emoções e como tratar as pessoas com gentileza.

Mas nada disso é realmente possível sem que façamos o mais importante de tudo: nos educar emocionalmente. A mudança só acontece na parentalidade quando vem de dentro para fora. Por isso é fundamental olhar para nós mesmos e assumir quando estamos sem condições emocionais de lidar com aquela situação. Se a criança não estiver em perigo, respire e se acalme antes de reagir.

Lembre-se de que as crianças são boas, estão aprendendo e tentando acertar. Seja aquele que vai quebrar o ciclo de violência e educar por meio de respeito, diálogo e empatia. Não é fácil, mas é possível. E, quando tiver dúvida, siga a regra de ouro: faça com seus filhos apenas aquilo que você gostaria que fizessem com você.

Thiago Queiroz é educador parental, escritor e palestrante, ajudando famílias a criar filhos com mais afeto e respeito. Pai de Dante, Gael, Maya e Cora, é fundador do site e canal do YouTube Paizinho, Vírgula! e autor dos livros Queridos Adultos, Abrace seu Filho e A Armadura de Bertô. — Foto: Divulgação
Thiago Queiroz é educador parental, escritor e palestrante, ajudando famílias a criar filhos com mais afeto e respeito. Pai de Dante, Gael, Maya e Cora, é fundador do site e canal do YouTube Paizinho, Vírgula! e autor dos livros Queridos Adultos, Abrace seu Filho e A Armadura de Bertô. — Foto: Divulgação

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