Camila Antunes - Filhos no currículo

Por Camila Antunes

É mãe da Isabel e do João e uma das fundadoras da consultoria Filhos no Currículo, auxiliando empresas a se tornarem ambientes de trabalho pró-família

 


Como ter equilíbrio entre vida pessoal e profissional? Esta talvez seja a pergunta que eu mais vejo sendo feita para quem tem filhos e trabalha. Seja nas capas de revista, títulos de matérias, nas entrevistas com mulheres em altos cargos ou artistas famosas, é bem comum ouvirmos: como você faz para conciliar os seus papéis? Como você consegue dar conta de tudo? Como você equilibra seus pratinhos?

Mãe trabalhando com o filho  — Foto:  Getty Images
Mãe trabalhando com o filho — Foto: Getty Images

Já dei e já vi também toda sorte de respostas. Desde o “passo a passo da conciliação” até o famoso “eu não dou conta e pronto”. Todas me ajudam muito a construir o que penso sobre isso. Porém hoje, grávida pela terceira vez e com quarenta anos, tenho sentido uma coragem diferente. Não sei se é o novo bebê que já desde a barriga chega para somar no meu currículo, ou se é a idade, ou tudo junto e misturado.

Quando entramos nas empresas com a Filhos no Currículo e me pedem para explorar esse tema do equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a primeira coisa que gosto de fazer ao planejar um roteiro de conversa é buscar o significado das palavras no dicionário. Dessa forma, me aproximo do que estamos falando. Muitas vezes a falta de entendimento das coisas acontece por não termos conseguido nomeá-las direito e, por vezes, também por estarmos falando de conceitos abstratos, tão cheios de significados e interpretações que podemos estar até concordando sobre o assunto, mas nos perdemos no debate.

“Equilíbrio”, segundo o dicionário Oxford, é um substantivo masculino que significa: "1. Posição estável de um corpo, sem oscilações ou desvios. 2. Física: condição de um sistema em que as forças que sobre ele atuam se compensam, anulando-se mutuamente”.

Imediatamente ao ler essa definição do dicionário encontro as contradições com aquilo que estamos buscando ao falar de uma vida equilibrada. O que isso quer dizer? Será que é possível viver uma vida sem oscilações? Sem desvios? Ou ter nossos filhos e nosso trabalho de forma que eles se compensem e se anulem?

Rapidamente chego à primeira conclusão: na vida não há soma zero. Tudo o que eu faço gera impacto em outras áreas e as coisas estão mudando o tempo todo. Nada é estático.

O que é essa busca por esse tal equilíbrio então?

Para responder essa pergunta é preciso investigar um pouco mais. Traçar o objetivo. Qual é o resultado, ou quais sinais você terá quando viver finalmente uma vida equilibrada? Qual será o troféu quando você chegar lá? Só é possível alcançar aquilo que podemos medir. Ter clareza da meta que você espera alcançar, é o primeiro passo para se desenhar a caminhada.

Quando escuto as respostas dos participantes das rodas de conversa que já facilitei em empresas, elas começam a se apresentar como respostas prontas e automáticas, quase que esperadas para a pergunta feita. Lembrei do livro que estou lendo atualmente, “Nós” - da Tamara Klink, que conta a sua história como a pessoa mais jovem do Brasil a cruzar o Atlântico sozinha, aos seus 24 anos. No livro ela descreve os triunfos e percalços dessa expedição e também as resultantes da exposição de sua história. Nele, ela conta que ao dar entrevistas entregava as respostas que os entrevistadores estavam buscando, mas sem ouvir o que ela mesma estava dizendo.

Isso reforça para mim o quanto é preciso ter clareza: Com um objetivo traçado individualmente, fica mais fácil não ser raptado pela comparação, um outro problema que surge a partir dessas “respostas automáticas”.

Imersos nas redes sociais, vamos consumindo maternidades “perfeitas” e recortes de uma vida incrível, e isto torna quase impossível não se comparar. Ligada à comparação, vem a culpa. E assim fazemos com que um problema simples, que era encontrar um equilíbrio para nós, rapidamente se transforme em outros vários problemas imaginários. Sem perceber, vamos alimentando nossas frustrações e adoecendo ainda mais.

Vamos pensar de forma prática? Uma possibilidade de mapear o que é equilíbrio para a sua vida é descobrir o seu tal “troféu” para dias mais equilibrados, depois reconhecer quais são as características e ações principais das pessoas do mundo que você considera como um bom parâmetro. Você consegue identificar três características universais desse objetivo? Por exemplo, para mim, o troféu de viver uma vida equilibrada é chegar no fim do dia em casa com uma sensação de dever cumprido, sem sentimento de culpa, e satisfeita com as minhas escolhas. Ou seja, para mim - se eu pudesse listar 3 características universais de quem vive uma vida equilibrada, seriam eles: saber fazer boas escolhas; conseguir se cuidar; lidar bem com as próprias emoções.

Diante dessas características que eu defino, tenho um mapa de possibilidades de competências que posso desenvolver, como priorizar ou gerir melhor o tempo; incluir uma atividade de autocuidado; comunicar minhas necessidades; definir limites claros, e essas são algumas das ações que eu posso incluir no meu dia-a-dia para alcançar o meu troféu do equilíbrio.

Mas entenda, é você quem vai dizer quais são as ações que precisa fazer para se sentir assim. Não sou eu, nem ninguém. A cada pergunta que você faz para você mesma, você vai desconstruindo algo que é bem abstrato e começa a construir um passo a passo mais concreto de ações que te levarão ao seu desenvolvimento individual. Você pode também considerar outras questões como:

  1. Quais recursos eu preciso? Pense se você precisa de ajuda para isso, ou se precisa aprender algo novo para alcançar esse patamar.
  2. Quanto tempo eu preciso para desenvolver essa competência? Aqui, não se pode desconsiderar o tempo que se leva para aprender algo novo, e a presença de falhas e erros nesse processo.

Eu sigo acreditando que é possível encontrar o equilíbrio, não este imaginário do conto de fadas, mas aquele que você define para você. Do contrário, ele seguirá sendo a busca por um pote de ouro no fim do arco-íris.

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