Negócios

Por Camila Souza Ramos — São Paulo

A britânica BP acertou a compra dos 50% de participação da americana Bunge na joint venture que as duas empresas têm no setor sucroalcooleiro no Brasil, e que tem a segunda maior moagem de cana-de-açúcar do país. A transação é avaliada em US$ 1,4 bilhão, incluindo ativos e passivos. Com isso, a bp deve pagar à Bunge um valor entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões.


Segundo a Bunge, a conclusão da venda deve contribuir para uma monetização em torno de US$ 800 milhões, a depender de quando a transação for concluída. A conclusão da venda de sua participação na empresa depende de ajustes finais e aprovações regulatórias.

Com o negócio, a BP Bunge Bioenergia será integralmente incorporada à BP, incluindo uma dívida líquida de US$ 500 milhões e obrigações de arrendamento de US$ 700 milhões.

A transação saiu por um múltiplo equivalente de US$ 65 por tonelada de cana de capacidade de moagem. A companhia tem 11 usinas no Brasil com capacidade para processar 32,4 milhões de toneladas de cana por safra, e de produzir 1,7 milhão de toneladas de açúcar, 1,7 bilhão de litros de etanol e 1,4 mil gigawatts-hora (GWh) por ano. Sua capacidade, porém, ainda não foi totalmente ocupada - no início da safra passada (2023/24), a empresa informou que estimava uma moagem de até 29 milhões de toneladas no período.

Com a transação, a BP interrompe seus planos globais de expansão em novos negócios de biocombustíveis por enquanto, incluindo o desenvolvimento da produção de bioquerosene de aviação (SAF) e diesel renovável (HVO) em suas plantas de refino já existentes. A companhia anunciou que vai pausar dois projetos e continuará a analisar três em outros países, sem especificar quais.

Ao mesmo tempo, a BP pretende usar sua plataforma no Brasil para desenvolver esses e outros biocombustíveis. Em nota, a companhia informou que a consolidação da empresa no Brasil oferecerá potencial para novas oportunidades, como “etanol de segunda geração, combustível de aviação sustentável (SAF) e o biogás”.

A compra da parcela da Bunge pela BP faz parte da estratégia da petrolífera britânica de investir cerca de US$ 16 bilhões em 2024 e 2025. Também faz parte da meta de que os biocombustíveis contribuam com cerca de US$ 2 bilhões ao seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) até 2025, e que o setor de bioenergia ofereça um retorno de mais de 15%.

A transação também dá, enfim, uma saída da Bunge para o segmento sucroalcooleiro no Brasil, que há anos tenta se desfazer do negócio. A Bunge é a última das tradings “ABDC” (ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus) a sair do setor sucroalcooleiro no Brasil, após uma investida do grupo no segmento há 20 anos.

O J.P. Morgan atuou como assessor financeiro da Bunge, e o escritório Tauil & Chequer Advogados e o Mayer Brown foram os assessores legais da trading. O escritório Cescon Barrieu foi o assessor jurídico da bp.

Joint venture

Em 2019, a Bunge e a BP acertaram a criação da joint venture, em uma transação em que a britânica acertou o pagamento de US$ 775 milhões à trading americana, o que representou um primeiro passo do desinventimento da Bunge no setor.

Em 2022, as duas sócias chegaram a conversar com potenciais compradores para o negócio, como o fundo árabe Mubadala e a Raízen, mas as conversas não foram para frente.

O negócio dava prejuízo até a safra 2019/20. Na temporada 2020/21, a joint venture teve um lucro líquido de R$ 395,8 milhões, o que ainda foi usado para a absorção dos prejuízos dos anos anteriores. Já nas duas safras seguintes, a empresa deu lucro - em 2021/22, o resultado foi positivo em R$ 1,6 bilhão, e em 2022/23, de R$ 646,1 milhões.

Nos dois ciclos, a companhia distribuiu dividendos complementares aos 50% do lucro de cada exercício, de forma que cada sócia recebeu, no total das duas safras, R$ 495 milhões em dividendos.

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