Por Valor — São Paulo


O Grupo Globo anuncia nesta quinta-feira (27/6) uma atualização de seus Princípios Editoriais, para incluir uma seção específica sobre o uso da inteligência artificial (IA) no exercício do jornalismo. Os Princípios Editoriais, publicados em 2011, são um documento no qual o grupo sumariza os valores que orientam sua produção jornalística e formaliza as regras de conduta dos profissionais de imprensa dos veículos e das marcas Globo, incluindo o Valor Econômico. A mudança se dá no contexto da prioridade do grupo na busca por inovação e na adoção das mais avançadas ferramentas da tecnologia para o jornalismo.

A nova seção – que passa a ser a terceira das quatro estabelecidas pelo documento – tem três capítulos e nove itens. O objetivo é esclarecer as regras para adoção de IA em toda a cadeia jornalística, passando por apuração, produção e distribuição do conteúdo. As diretrizes estabelecem supervisão humana que garanta a qualidade sem impedir a inovação; reforçam o compromisso com a transparência, informando o uso de IA na produção de um conteúdo; protegem direitos autorais e a privacidade; e preveem revisão periódica, para adaptar-se às evoluções tecnológicas e garantir que as práticas estejam sempre alinhadas aos Princípios Editoriais.

Os jornalistas do Grupo Globo são estimulados a adotar ferramentas de IA para “produzir informação de qualidade: isenta, correta e prestada com rapidez”, mas desde que observados certos critérios. O primeiro é que o uso da IA deve ser sempre “supervisionado por um humano, e nenhum conteúdo produzido com a tecnologia deve ser veiculado sem essa supervisão”.

Essa orientação não significa que cada conteúdo gerado de forma automatizada tenha de passar por revisão humana. Como se observa no documento, isso tornaria inócua parte das vantagens proporcionadas pela IA, como o aumento da eficiência na apuração das notícias. Essa supervisão vai se concentrar no monitoramento do uso das ferramentas de IA e pode variar de acordo com as necessidades de cada veículo e do tipo de conteúdo. A correção e a qualidade dos conteúdos serão garantidas por meio da supervisão de processos e de leituras por amostragem, entre outros tipos de checagem.

O papel e os atributos do profissional de imprensa não mudam e serão preservados integralmente. “A responsabilidade final pelo conteúdo veiculado [...] será sempre dos profissionais envolvidos”, estabelece o documento. Dessa maneira, cabe ao jornalista adotar estratégias contra eventuais erros ou enviesamentos da IA. O texto também atribui ao jornalista a tarefa de analisar os tipos de informação inseridos em ferramentas de IA para não haver vazamento de dados protegidos pela legislação ou cuja publicação desrespeite a propriedade intelectual.

A adição da seção de IA aos Princípios Editoriais e sua divulgação fazem parte do compromisso da Globo de informar ao público sobre o uso dessa tecnologia no conteúdo jornalístico, sustenta o documento. “[...] Da mais sucinta nota à mais extensa reportagem, a tecnologia poderá ser empregada, em maior ou menor escala, sempre que contribua para que a informação jornalística seja isenta, correta e prestada com rapidez”. Quando for relevante, será dstacado como a IA foi empregada. "Em alguns casos, será necessário destacar como a inteligência artificial foi empregada em um determinado conteúdo jornalístico. Isso será feito sempre que contribuir para que o público compreenda as circunstâncias em que a reportagem foi produzida."

Os jornalistas podem considerar o uso da IA na busca e no levantamento de informações, no processamento de grandes bases de dados e no acesso a bancos de informações confiáveis, entre outras medidas para aperfeiçoar a apuração das notícias, mas é vetado o uso da tecnologia na redação de textos opinativos ou editoriais. “A opinião e a análise devem ser reservadas para os jornalistas”. Revisões gramaticais, correções factuais e recursos de estilo estão liberados.

O documento também destaca a adoção da IA na geração de áudios sintéticos baseados em vozes humanas. Esse recurso é permitido, mas desde que haja autorização do dono da voz ou de seus representantes legais. O uso deve ser informado ao público. O mesmo ocorre com imagens geradas pela inteligência artificial, que não podem induzir o consumidor a pensar que se trata de uma imagem real. Se tiver características como essa, de hiper-realismo, o público deve ser informado de que se trata de uma reconstituição ou simulação.

As redações do Grupo Globo devem usar IA para otimizar o alcance do jornalismo, estabelece o texto. Isso pode ser feito por meio da análise de dados sobre consumo de informação ou para melhorar estratégias de circulação, entre outras finalidades. A personalização é uma delas. A inteligência artificial proporciona a adaptação de uma reportagem às diferentes formas de consumo de informação, mas todas as versões devem ser fiéis à essência do conteúdo original, prevê o documento.

Leia o texto completo sobre IA nos Princípios Editoriais:

SEÇÃO III

O USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO JORNALISMO

A busca por inovação e a adoção das mais avançadas ferramentas da tecnologia para o jornalismo são uma prioridade no Grupo (ver seção I, parte 3-a) *. É com esse mesmo espírito que abordamos o uso de Inteligência Artificial no exercício do jornalismo. O desenvolvimento das diversas vertentes de IA amplia a capacidade de processamento e de geração de informação (como textos, vídeos, áudios, infográficos, sites e outros formatos de conteúdo) e tem grande potencial disruptivo, mas não altera os valores que norteiam o exercício do jornalismo profissional. O Grupo Globo adota a inteligência artificial como meio para aprimorar a qualidade do jornalismo, mantendo o compromisso com a isenção, correção e agilidade manifestado neste documento. Os jornalistas são encorajados a testar e adotar ferramentas de IA que auxiliem nos processos de apuração, produção e distribuição, respeitando as orientações aqui expostas:

Transparência e supervisão humana

Os jornalistas do Grupo Globo sempre adotarão ferramentas de inteligência artificial como um meio para produzir informação de qualidade: isenta, correta e prestada com rapidez.

O uso de inteligência artificial deve sempre ser supervisionado por um humano, e nenhum conteúdo produzido com a tecnologia deve ser veiculado sem essa supervisão. Isso não significa que cada conteúdo gerado de forma automatizada passará por uma revisão humana antes de ser veiculado. Essa obrigação tornaria inócua boa parte da eficiência e abrangência permitidas pelo uso da ferramenta. A correção e a qualidade desses conteúdos serão garantidas por supervisão de processos, leituras por amostragem e outras formas de checagem. Isso não diminui em nada a responsabilidade do jornalista: todos os envolvidos na produção desses conteúdos – assim como acontece com toda reportagem – são responsáveis pelo resultado. A supervisão humana, então, deve ser entendida como o monitoramento do uso da inteligência artificial para garantir a correção e a isenção daquilo que é veiculado. E essa supervisão pode variar conforme as necessidades de cada veículo e conteúdo.

O Grupo Globo se compromete a informar ao público sobre o uso de inteligência artificial em seus conteúdos jornalísticos. A divulgação desta política é parte deste processo. Aqui se informa que os jornalistas do Grupo Globo vão considerar o uso da inteligência artificial nas diversas etapas do processo jornalístico, seja por meio de ferramentas próprias ou de terceiros. Isso indica que, da mais sucinta nota à mais extensa reportagem, a tecnologia poderá ser empregada, em maior ou menor escala, sempre que contribua para que a informação jornalística seja isenta, correta e prestada com rapidez. Em alguns casos, entretanto, será necessário destacar como a inteligência artificial foi empregada em um determinado conteúdo jornalístico. Isso será feito sempre que contribuir para que o público compreenda as circunstâncias em que a reportagem foi produzida.

Apuração, produção e distribuição de jornalismo com auxílio de IA

Os jornalistas do Grupo Globo devem considerar o uso de inteligência artificial para otimizar o processo de apuração das notícias – por exemplo, na realização de busca e levantamento de informações, no processamento de grandes volumes de dados e no acesso a bases de dados confiáveis (ver seção I, parte 2-f). A responsabilidade final pelo conteúdo veiculado, entretanto, será sempre dos profissionais envolvidos, e os jornalistas vão adotar estratégias para que eventuais erros e enviesamentos produzidos pela inteligência artificial – e, de resto, por qualquer tecnologia usada – não resultem em erros ou enviesamentos na cobertura jornalística. Além disso, os jornalistas têm a responsabilidade de analisar quais tipos de informação são inseridas em ferramentas de IA, para não haver vazamento de informações sigilosas ou de dados protegidos pela legislação vigente, nem o uso de informações que firam a propriedade intelectual.

Os jornalistas do Grupo Globo irão considerar o uso de inteligência artificial para otimizar a produção de reportagens nos seus mais diversos formatos, como vídeos, textos, áudios, imagens, infográficos, sites. A publicação de conteúdos gerados total ou parcialmente por inteligência artificial, entretanto, só pode ser feita sob supervisão humana, como já foi dito aqui. A inteligência artificial não deve ser usada, contudo, para redigir textos opinativos ou editoriais. A opinião e a análise devem ser reservadas para os jornalistas, que podem fornecer o contexto e a perspectiva necessários. Revisões gramaticais, correções factuais e enriquecimento para fins de estilo são permitidos.

O uso da inteligência artificial para geração de áudios sintéticos baseados em vozes humanas é permitido, desde que com expressa autorização do dono da voz ou de seus representantes legais. Este uso deve ser informado ao público. As imagens geradas por inteligência artificial não podem ser produzidas de forma que sejam confundidas com a realidade. Se a imagem tiver características de uma imagem real, o público deve ser informado claramente de que aquela é uma reconstituição, ou uma simulação, produzida por inteligência artificial. Ferramentas de IA podem ser usadas para fazer pequenas correções técnicas em áudios e imagens com o intuito de facilitar ao público a apreensão das informações que aquela imagem ou áudio contém, sem jamais alterar a realidade retratada.

As redações do Grupo Globo devem utilizar inteligência artificial para otimizar o alcance do jornalismo. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio da análise de dados sobre o consumo de informação, para definir as melhores estratégias de circulação, na criação de diferentes versões de uma reportagem para atender às diferentes formas de consumo de informação e no uso de ferramentas que permitam maior personalização do conteúdo. Todas as versões de reportagens devem ser fiéis à essência do conteúdo original, respeitando os padrões editoriais de qualidade e veracidade.

Direitos autorais e governança

A utilização de ferramentas de Inteligência Artificial pelo Grupo Globo deve sempre observar e respeitar rigorosamente os direitos autorais e a propriedade intelectual, tanto em relação ao conteúdo de terceiros quanto aos materiais próprios.

O Grupo Globo investe na capacitação de seus profissionais para o uso eficaz e ético das ferramentas de IA. Essa política será revisada periodicamente pelo Conselho Editorial do Grupo Globo para adaptar-se às evoluções tecnológicas e garantir que as práticas permaneçam alinhadas com estes princípios.

Para ler os princípios editoriais do Grupo Globo, acesse aqui

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