Negócios

Por Nayara Figueiredo — São Paulo

A BP Bunge Bioenergia, joint venture das operações de açúcar e etanol das duas companhias que deram origem ao seu nome, já nasceu com status de gigante no Brasil. E os números que alcançou em três anos de operação confirmam esse posto. No período, a empresa acumulou R$ 6 bilhões em investimentos, o que a sustentou entre as maiores do setor, mesmo enfrentando a pandemia da covid-19 poucos meses após sua criação.

À Globo Rural, Mario Lindenhayn, presidente-executivo BP Bunge, afirmou que o baixo nível de endividamento foi fundamental para que a companhia mantivesse seus planos nesse período, com aportes voltados tanto aos canaviais quanto à introdução de novas tecnologias.

“É uma combinação de capacidade financeira, gestão e tecnologia”, disse ele, sobre os fatores que levaram a empresa ao crescimento neste primeiro ciclo.

Em sua primeira temporada operacional, a 2020/21, o lucro líquido do grupo somou R$ 400 milhões. Na safra passada, a 2021/22, avançou para R$ 600 milhões. Na mesma linha, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) saiu de R$ 3,1 bilhões para R$ 3,9 bilhões no período. A receita líquida subiu cerca de 30%, para quase R$ 8 bilhões em 2022/23.

Segundo Lindenhayn, o contexto em que esses resultados foram obtidos foi muito desafiador. “Tivemos a pandemia que reduziu o consumo de biocombustíveis, problemas climáticos”, lembrou.

Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) mostram que a safra 2020/21 foi a última em que a moagem de cana do Centro-Sul superou a marca de 600 milhões de toneladas. As duas temporadas que se seguiram tiveram lavouras afetadas por seca e/ou geadas, até que as condições climáticas se restabelecessem para o cultivo de 2023/24 — que ainda segue sob o risco de impacto do fenômeno El Niño.

Nesse cenário, a estratégia da BP Bunge foi apostar no desempenho das 11 unidades e na melhora da produtividade dos canaviais, alguns até mais antigos que a própria empresa, já que o ciclo da cana gira em torno de cinco a seis anos.

Segundo Lindenhayn, duas práticas que ajudaram nesse processo foi o uso de fertirrigação e a adoção de insumos biológicos que substituem parcialmente os fertilizantes químicos, com a ajuda de bactérias que fazem a compostagem e material orgânico derivado do processo industrial, como a vinhaça.

“A gente já fez um trabalho anterior, e a nossa ambição é reduzir o consumo de fertilizantes minerais em 80%. Já alcançamos este ano a redução de 40%, isso é muito importante”, afirmou.

No período em que a guerra entre a Rússia e Ucrânia elevou os custos dos adubos no mundo inteiro, o impacto na BP Bunge foi menor, porque a companhia já era menos dependente da importação. O Brasil, como um todo, importa a maior parte de sua necessidade de fertilizantes que é utilizada na agricultura, e a Rússia é o principal fornecedor.

Em outra frente, também foi realizada a padronização de todas as técnicas adotadas nas 11 usinas da empresa, espalhadas por cinco Estados. “Definir prioridades, sinergias e a introdução de novas práticas de maneira igual em todas as unidades foi um dos grandes diferenciais”, afirmou o executivo.

Na avaliação Lindenhayn, outro investimento relevante, cujo projeto ainda está em andamento com previsão de entrega para 2024, foi uma parceria com a TIM para a construção de 100 torres que devem levar conectividade às áreas de cana da BP Bunge.

A cobertura total vai chegar a 3 milhões de hectares espalhados pelos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins. Nessas localidades, a empresa tem um total de 450 mil hectares de área plantada.

Além da digitalização dos processos produtivos, com agricultura de precisão, esse projeto deve alcançar mais de 174 mil pessoas dos municípios vizinhos às usinas, em torno de 12,5 mil empregados diretos e indiretos, 29 escolas públicas e 10 unidades básicas de saúde, segundo o executivo.

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