Negócios

Por Cleyton Vilarino — Belém do São Francisco (PE)

Uma das maiores exportadoras de manga do Brasil, com 97% de sua produção enviada para a Europa, a Agrodan está investindo 20% do seu faturamento para conquistar um mercado com um consumo dez vezes superior ao europeu e ampla possibilidade de expansão: o Brasil.


“É uma tarefa difícil”, reconhece Paulo Dantas, diretor-presidente da Agrodan, empresa pernambucana que produz 30 mil toneladas de manga a cada ano em pomares na cidade de Belém do São Francisco, no Vale do São Francisco.

Dentre os principais desafios, está convencer o consumidor brasileiro a pagar um pouco mais pela fruta. “Estou tentando vender um produto de qualidade, do mesmo padrão que eu exporto, mas o consumidor brasileiro está acostumado com outras variedades vendidas a preço mais baixo”, afirma.

Dantas se refere às variedades palmer e tommy, também produzidas pela Agrodan e que hoje dominam o mercado nacional. A estratégia da empresa, porém, tem sido apostar nas variedades kent e keitt, desenvolvidas por pesquisadores americanos no fim da década de 1930 e início dos anos 1940. Caracterizadas por terem pouca fibra, elas permitiram ao empresário do Vale do São Francisco um marketing pronto: a manga de colher.

Em São Paulo — primeiro alvo da nova estratégia da empresa — é assim que a fruta tem sido apresentada ao público consumidor em ações de degustação dentro das redes varejistas que comercializam produtos da Agrodan. “A vantagem dessa manga é que quem prova, compra. Ela é muito macia, e é isso que a gente está divulgando no mercado interno”.

Segundo ele, a conquista do mercado europeu no início da década de 1990 teve um componente de sorte. As primeiras vendas ocorreram após o contato da Agrodan com um francês que já exportava inhame para o continente. Com uma dívida considerada “impagável” na época, resultado do financiamento tomado para iniciar o plantio, Dantas viu na exportação uma saída, e conseguir quitar a dívida em dois anos. “Eu não imaginava que iria exportar”, relata.

Mas em 2022, uma mudança na conjuntura global acendeu o sinal de alerta para a empresa para a necessidade de ser menos dependente das exportações. Com a alta nos custos dos insumos, do frete marítimo, dificuldades para obter contêineres refrigerados e um câmbio instável, o resultado da Agrodan foi zero, afirma Dantas. “Foi uma combinação perigosa. Hoje acho que a gente deve produzir visando o mercado interno e exportar só se for viável”, avalia.

Segundo ele, o ideal seria que as vendas para o mercado interno representassem de 40% a 50% do faturamento da companhia. Por isso, a meta da empresa é dobrar o percentual atual, de 3%, para cerca de 6% a 7% ainda este ano.

“Cada pessoa no Brasil consome cerca de 6 quilos de manga por ano. Isso representa mais ou menos uma manga por mês. Então é só uma questão de incentivar o consumo de manga no Brasil que é possível crescer muito aqui”, calcula Dantas.

Vendidas a um preço de cerca de R$ 5 o quilo na fazenda, a previsão é que a manga para comer de colher seja vendida a partir de R$ 9 o quilo nos principais mercados consumidores do país.

“Eu estou investindo mais ou menos 20% do que estou faturando no mercado interno quando o normal é se investir um valor compatível com o faturamento. Então é um investimento alto, mas que está no começo ainda. A intenção é continuar crescendo na Europa, mas crescer mais no Brasil para tirar essa diferença”, acrescenta Dantas.

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