Cultura

Quando Fernanda Feitosa chegou, era tudo mato. Era 2004 e, recém-chegada de uma temporada de quatro anos vivendo na Argentina, decidiu fixar novamente residência no Brasil. Não havia uma feira de arte sequer para contar história por aqui – em São Paulo, a única de que se tinha notícia era o Salão de Arte e Antiguidades do Clube Hebraica. Na época, Fernanda ainda atuava como advogada, mas uma inquietude a permeava: “Eu já gostava de arte, acompanhava as feiras. No exterior, tinha a Arco, em Madri; a Basel, na Suíça, mas, no Brasil, apesar da cena pujante de artistas, galerias e museus, ainda não tinha nada”, recorda. “Daí veio aquela pergunta: “por que não?”, “e se?”. Então resolvi empreender”. Assim nasceu a SP-Arte, que acontece este mês entre os dias 3 e 7, e que hoje ocupa o posto de maior feira de arte de toda a América Latina. “A SP-Arte não é mais apenas um evento, ela se tornou uma comunidade”, celebra.

Ao mesmo tempo em que Fernanda articulava a criação da SP-Arte, veio a mudança para a casa onde vive até hoje no Jardim Guedala, projetada na década de 1960 pelo arquiteto Renato Nunes – e onde armazena highlights da coleção que ela e o marido, o empresário Heitor Martins, diretor-presidente do Masp, construíram juntos nas últimas décadas. “É uma coleção muito voltada para o pós-guerra, dos anos 1940 em diante, e tem uma forte presença da fotografia”, resume Fernanda, sentada em um sofá assinado por Oscar Niemeyer.

Fernanda, sentada com seu cão Bardi, na poltrona Maralunga, desenhada por Vico Magistretti em 1974, com escultura em bronze de Erika Verzutti e outra de madeira de Agnaldo dos Santos, usa camisa e calça DOLCE & GABBANA e sapatos Arezzo — Foto: André Klotz
Fernanda, sentada com seu cão Bardi, na poltrona Maralunga, desenhada por Vico Magistretti em 1974, com escultura em bronze de Erika Verzutti e outra de madeira de Agnaldo dos Santos, usa camisa e calça DOLCE & GABBANA e sapatos Arezzo — Foto: André Klotz

O casal também tem interesse por artistas de cunho ativista, ela revela, como Doris Salcedo, famosa por sua produção artística que denuncia a violência política em seu país natal – uma escultura da colombiana que desponta na sala de estar não deixa mentir. “É uma obra política no sentido amplo, que conversa com os nossos artistas. Temos ainda nomes barrocos, populares e artistas indígenas”, completa ela, que, no ano de 2022, lançou a segunda edição da SP-Arte, Rotas Brasileiras, focada na produção nacional fora do eixo Rio-SP.

O generoso terreno também permitiu que Fernanda e Heitor expandissem a coleção para além dos limites da casa. Com o passar dos anos, compraram o imóvel do vizinho e construíram dois anexos, projetados por Martin Corullon em 2012. “O primeiro surgiu como uma possibilidade de fazermos uma apresentação de obras”, explica Fernanda enquanto me apresenta o espaço, em que estão em exibição atualmente trabalhos de Regina Vater, de Claudio Tozzi e da argentina Delia Cancela, e onde Fernanda costuma comandar jantares e realiza exposições temáticas. Mas um anexo só não foi o suficiente. “Não quero ter a pretensão de um museu, de forma nenhuma”, diz modestamente. “Fizemos o segundo um pouco mais sóbrio, com um conjunto de obras mais dos anos 1960, mais politizadas”, explica. Os extensos jardins também se tornaram um parque de esculturas e ganharam peças de larga escala como Trança e Tacape, ambas feitas por Tunga nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente, e a instalação Habitação Vegetal (2019), da espanhola Cristina Iglesias. Nem a piscina escapou do toque artsy da dona, ganhando azulejos que trazem pinturas de Athos Bulcão.

Fernanda, ao lado de escultura de Regina Vater, usa vestido ALUF, sapatos BOTTEGA VENETA e brincos BDLN STUDIO e, ao lado, escultura em bronze de Ernesto di Fiori, de 1935 — Foto: André Klotz
Fernanda, ao lado de escultura de Regina Vater, usa vestido ALUF, sapatos BOTTEGA VENETA e brincos BDLN STUDIO e, ao lado, escultura em bronze de Ernesto di Fiori, de 1935 — Foto: André Klotz

Apesar do nítido carinho que Fernanda demonstra pelas obras que coleciona, nada dura muito tempo em suas paredes, ela confessa. “A gente está sempre trocando tudo. Aquela, por exemplo, mudei recentemente. Tinha ali um conjunto de obras da Ione Saldanha que foram emprestadas para a Bienal de Veneza [que abre suas portas dia 20 deste mês]”, me conta orgulhosa, apontando para uma das paredes que agora hospeda uma tela de Adriana Varejão. “Gosto de tudo, então, é difícil. Mas tentamos conviver com tudo o que temos.”

Ao chão, Trança, de Tunga, divide o ambiente externo com painel e escultura do recifense Francisco Brennand — Foto: André Klotz
Ao chão, Trança, de Tunga, divide o ambiente externo com painel e escultura do recifense Francisco Brennand — Foto: André Klotz

E para quem, como ela, quer se enveredar pelo colecionismo, mas não tem ideia de como ou por onde começar, Fernanda avisa: “Primeiro, não existe uma coleção certa. Assim como os móveis e objetos que a gente tem em casa são relações afetivas que a gente constrói com eles, as obras de arte também”, defende. Nessa hora, pressa também é inimiga da perfeição, ela acredita. “Faça no seu tempo. Existem muitos artistas para conhecer, outros que já estão aí, busque uma galeria cujo programa traduza aquilo que você gosta”, emenda. Outro fator fundamental, conta Fernanda, enquanto vejo pelas estantes e mesas dezenas de exemplares de livros, é a biblioteca. “Ler publicações especializadas, comprar catálogos de exposições, das Bienais, das galerias, das coleções, são ferramentas superimportantes de pesquisa.” Anotado.

STYLING: Sam Tavares.
ASSISTENTE DE FOTO: Victor Freza.
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Déia Lansky.
BELEZA: Ana Carolina Sabadin com produtos Care Natural Beauty.

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