"Responsabilidade muito grande", diz Ana Clara sobre apresentar ao vivo reality show

Ana Clara comanda a partir de agosto o novo programa da Globo, o reality musical "Estrela da Casa." O ponto de partida de uma nova estrela, sendo acompanhada 24 horas por dia, em um formato que une competições musicais e realities de confinamento, é a grande aposta da emissora para o segundo semestre. E também da apresentadora, hoje com 27 anos. "Estou muito animada e ansiosa", diz. "Tem tudo para ser uma explosão porque estamos unindo tudo que dá certo."

O programa convida o público a acompanhar em tempo real os passos, os aprendizados e a formação de um novo artista e, quem sabe, novo ídolo da música no Brasil, em um formato multiplataforma. "Já começamos a desenhar ele todo, as dinâmicas e tudo mais, mas é um programão ao vivo, vai ter a estrutura que o público já conhece, todos os dias depois da novela das nove", conta. "Na minha opinião o grande diferencial do 'Estrela da Casa' é combinar os realities, que são uma uma paixão do público brasileiro, e a música. Vem como uma bomba mesmo", empolga-se.

Em bate-papo com a Vogue Brasil, Ana Clara fala da realização do sonho, como organiza sua rotina em meio à intensidade de um reality, o namoro à distância e seus planos daqui pra frente. Veja a seguir!

Vogue: Como fica sua rotina durante o programa, como faz para conciliar e ter seu tempo de viver outras coisas?
Ana Clara: É muito puxado para a equipe toda porque o programa exige que muitas pessoas estejam ali doando energia para que ele aconteça. No meu caso, ainda tenho que estar com uma cara minimamente boa, né? Algumas coisas são imprescindíveis para mim: malhar é muito importante, não abro mão até pela saúde mental. Não necessariamente musculação, mas manter uma rotina de exercício, jogar futevôlei, fazer muay thai. Prezo muito pela alimentação também, nessa época não dá para vacilar, a saúde precisa estar muito boa. E todos os momentos que eu posso procuro estar com as pessoas que eu gosto, almoçar com meu namorado, tomar um café com os amigos... isso faz muita diferença. Essas manutenções diárias que a gente vai fazendo vão dando certo.

Vogue: O que faz você torcer por alguém em um reality? Como um participante conquista a sua torcida?
Ana Clara: A primeira coisa que um participante de reality precisa ter na cabeça para encantar o público é ser autêntico, e não é no sentido de que tem que ter uma uma personalidade X ou Y, mas ser ela mesma. Costumo falar que você tem 50% de chance de agradar e 50% de não agradar. Tem que ser você, com as suas decisões e escolhas. Esse fator da autenticidade, de expor suas opiniões e ter convicção no que você acredita, é imprescindível.

Vogue: Se considera boa em saber identificar quando uma pessoa está sendo espontânea e quando está tentando emplacar um personagem?
Ana Clara: Essa sensibilidade a gente vai ganhando com o tempo, ainda mais trabalhando em reality shows. Mas é muito difícil, porque a gente não conhece as pessoas no dia a dia delas. É difícil você julgar quem aquela pessoa é pelo programa, porque aquele espaço e aquela dinâmica não é a dela. Só isso já transforma a pessoa.

Vogue: Você já se arrependeu de alguma pergunta que fez ou que deixou de fazer em alguma entrevista?
Ana Clara: Acho que não. Gosto muito de conduzir as minhas entrevistas como conversas e em uma conversa a gente não tem controle total sobre o que vai perguntar e sobre o que a pessoa vai responder. Seria muito injusto comigo mesma eu me arrepender se eu estou completamente envolta no que a pessoa está falando. Então acho que nunca me arrependi. Talvez no início pensasse ‘poderia ter feito isso e aquilo’, mas isso é um processo do aprendizado, então também é válido.

Vogue Considera que hoje você já está onde queria chegar?
Ana Clara: Acho que quando estivermos na metade do Estrela eu posso responder essa pergunta melhor, mas com certeza estou caminhando e muito perto desse objetivo. Meu sonho de vida sempre foi apresentar um programa diário, ao vivo, queria ter essa responsabilidade. E hoje eu consegui conquistar isso. Quando estivermos com o programa no ar com certeza vou estar nesse lugar. Essa era minha meta de vida, de profissão, de tudo.

Vogue: O que que as pessoas não sabem sobre você?
Ana Clara: Que eu não faço questão de colocar toda a minha vida no meio artístico. Sou muito fiel aos meus amigos, às pessoas que construíram uma vida comigo ou que eu construí amizade. Tem pessoas que acabam ficando imersas na realidade do trabalho. Para mim é um trabalho, ponto. Eu amo, sou apaixonada, mas é o meu trabalho. Claro que já teve pessoas com quem tive conexão e segui com amizade, mas são poucas. Meus amigos e minha família são as pessoas que eu quero estar junto. Troco qualquer evento muito maravilhoso pelo aniversário de uma amiga. 'Chamaram para para uma viagem sensacional que vai ter um evento e é importante mostrar a cara'. Ah, não quero, obrigada. Não combina comigo.

Vogue: Como concilia a rotina com o namoro à distância?
Ana Clara: O Bruno mora em São Paulo, ele é advogado, e eu moro no Rio. A dinâmica do nosso relacionamento sempre foi essa e a gente se dá muito bem com essa distância. Está tudo ótimo. Acaba que eu vou muito para lá para trabalhar, ele também consegue vir, então e a gente está sempre junto e dá supercerto.

Vogue: Para você o que faz um relacionamento ser bom?
Ana Clara: Acho que a conversa é a principal chave de tudo. Você ter a liberdade para falar e se sentir escutado também. E o combinado não sai caro em nada, no trabalho, nas amizades, na família e no relacionamento amoroso. Acho que as cartas na mesa são sempre melhores. E aí com o relacionamento você vai tendo mais liberdade e confiança para se abrir e expor seus medos e inseguranças.

Vogue:Tem algo que hoje ainda te cause friozinho na barriga ou já está "totalmente em casa"?
Ana Clara: Tem uma parcela de 'já estou em casa', sim, porque já conheço a equipe, não posso dizer que o medo que eu sentia nos meus primeiros programas é o mesmo, mas ele está sempre lá, né? Estava conversando sobre isso com a minha psicóloga, sobre a tensão com o 'Estrela', é um projeto novo, grandioso, vai ser o projeto do segundo semestre da casa, é uma responsabilidade muito grande. E ela falou ‘Ana, é óbvio que você você tem que estar com medo, é o sonho que você sempre quis, se é muito importante dá medo mesmo’. Acho que é muito para esse lado, é natural, a gente fica apreensivo. É como alguém que já trabalha em um lugar e foi promovido, você já trabalha naquilo ali, mas tem novas responsabilidades e novos lugares que vai transitar, e isso gera uma apreensão, mas acho positiva, senão você fica doido.

Vogue: Qual o maior entendimento já teve sobre você?
Ana Clara: Trabalhar com televisão me fez amadurecer muito em muitos aspectos. Tive que estar em lugares que talvez pessoas da minha idade não estivessem, tive responsabilidades que foram confiadas a mim que talvez outras pessoas da minha idade não tenham, isso me fez amadurecer muito rápido. Eu nunca fui muito infantil, eu sempre fui muito cabeça para minha idade. Mas de fato o trabalho muito intenso e dilemas da profissão, a angústia de alguns momentos me fez amadurecer muito. Junto com a terapia que a gente vai se conhecendo e amadurecendo, aprendi a ser mais paciente com as coisas, com a cobrança exacerbada de coisas que não estão no meu controle. Várias coisinhas moldaram a pessoa que eu sou hoje, muito pelos desafios do trabalho.

Vogue: Já se sentiu impostora ou não merecedora de tudo isso?
Ana Clara: Sim, essa coisa da síndrome de impostora, essa dúvida que a gente coloca na gente vem muito desse lugar de ‘será que eu vou conseguir? Será que vai dar certo? Será que eu sou capaz de fazer isso?’ Só Jesus na causa e muita terapia, porque senão a gente se boicota mesmo. E acho que ninguém passa dessa fase, infelizmente, a gente tem que evoluir muito para aceitar o mérito de alguma coisa. Acho que lá no fundinho sempre vem um pensamento de ‘era para eu estar aqui?’ ‘Tem gente mais capaz que eu para estar aqui’, ‘mas eu sou boa’ ‘mas aquela coisa lá eu nunca fiz’ . Acho que tem esse lugar na cabeça de todo mundo, pode ser a pessoa mais preparada, mais incrível, mais maravilhosa, sempre vai enfrentar desafios. Aí temos que ir lutando contra isso.

Vogue: Qual é o seu propósito de vida?
Ana Clara: É a comunicação, não tem para onde eu fugir. Essa área está presa a mim desde que eu nasci, é intrínseca a mim. Meu propósito de vida é comunicar, sempre foi.

Vogue: Quando era criança você já brincava de atuar, apresentar e tal?
Ana Clara: Sempre, desde muito pequena, sempre quis trabalhar na televisão, sempre falei para os meus pais que eu queria ser jornalista. Eu falava que eu queria ser a Fátima Bernardes. Minha vida inteira eu quis ir para essa área da comunicação, do entretenimento. Fiz curso de teatro e de cinema quando era mais nova porque eu não tinha muitas referências femininas no entretenimento. Pensei que para trabalhar na televisão teria que ser atriz. Gosto de atuar, acho divertido, mas não é o meu foco.

Vogue: Quem foram as pessoas que mais acreditaram?
Ana Clara: Meus pais, com certeza. Eles me botaram em aula de teatro, aula de cinema, curso de TV... Ele sempre compraram esse meu lado.

Vogue: Quais são seus sonhos daqui pra frente profissional e pessoalmente falando?
Ana Clara: Primeiro eu quero que o Estrela da Casa seja um sucesso. Estou muito empolgada mesmo e confiando muito que será, que a gente vai criar um modelo novo de comunicar. Hoje vemos programas que estão consolidados na casa, como o BBB, que já existe há anos. Vai ser uma coisa nova, um produto que vai conquistar essa geração que não é adepta a chegar em casa e assistir televisão. Fazer parte dessa construção de um produto novo que vai nascer nessa geração é uma coisa que eu nem poderia sonhar. Quero ter uma carreira consolidada, continuar na construção e ser reconhecida por isso.

Vogue: E na vida pessoal?
Ana Clara: Quero formar uma família. Com certeza tenho vontade de casar, ter filhos e tudo mais, não agora, mas no futuro. E quero viajar muito, conhecer muitos lugares ainda, muitas pessoas e muitas culturas.