Wellness

Por Bárbara Öberg

Você deve ter notado que, ultimamente, é quase impossível passar alguns dias sem se deparar com a palavra autocuidado. Responsável por ressignificar escolhas de lifestyle e produtos – de sucos detox a utensílios luxuosos de massagem facial –, o termo tomou conta da consciência coletiva na última década como uma panaceia para inúmeros problemas das mulheres. A indústria criada em cima disso teve um boom no Brasil durante a pandemia de Covid-19, em que passamos a buscar atalhos rápidos para melhorar a saúde mental e física. Estresse? Um óleo essencial de laranja pode te ajudar. Sono precário? Uma gummie de melatonina. Ansiedade? Um banho de banheira e um chá de camomila. Chegou ao ponto de engajados nesse universo passarem a adicionar mais de dez novas tarefas ao seu dia a dia. Da aula de spinning em um estúdio descolado ao palo santo queimado em casa de manhã. Mas será mesmo que o nosso bem-estar depende de coisas materiais e ambientes estilizados?

“Vivemos em uma sociedade que torna muito difícil para você priorizar a saúde mental e o bem-estar, por isso estamos constantemente lutando contra a corrente. Produtos de autocuidado falsos – o que chamo os itens e soluções comercializados para nós como remédios – tentam convencer os consumidores de que podem deixar suas vidas melhores – quando, na verdade, o único objetivo de um suco detox ou uma massagem é de te manter comprando mais daquilo”, diz Dra. Pooja Lakshmin, psiquiatra especializada em saúde da mulher e empresária que acaba de lançar o livro Autocuidado de Verdade: Um Programa Transformador para Redefinir o Bem-estar (Sem Cristais, Purificações ou Banhos de Espuma), publicado no Brasil pela editora Fontanar, que se baseia em estudos de caso e pesquisa para explicar por que práticas de “autocuidado” oferecidas às mulheres hoje não estão funcionando.

A noção de bem-estar como uma forma de otimizar sua saúde e felicidade, sem depender de médicos e tratamentos orientados para doenças, foi introduzida no livro High Level Wellness, de Halbert L. Dunn, considerado pai do movimento de wellness, publicado em 1961, e se enraizou na Califórnia na década de 1960. Considerados radicais na época, os pioneiros eram principalmente médicos e pensadores que buscavam alternativas à alopatia como forma de prevenir, e não curar, doenças. Sua doutrina de “bem-estar” incluía dietas baseadas no zen budismo (agora conhecida como macrobiótica) e oficinas onde a respiração recebia tanto crédito quanto ansiolíticos.

Mas foi um rosto de Hollywood, em meados dos anos 2000, que catapultou o wellness para o novo milênio e transformou a indústria como nós conhecemos hoje. O que começou como uma newsletter em que a atriz Gwyneth Paltrow dividia receitas, conselhos sobre saúde, testes de produtos e atividades relacionadas ao bem-estar, virou uma empresa no valor de US$ 250 milhões com eventos globais esgotados, séries na Netflix e lojas próprias. Foi uma revolução na indústria que passou a girar trilhões de dólares no mundo. Com o seu crescimento, a busca por resultados cada vez mais impossíveis passou a ser monitorada por relógios, gadgets e utensílios, que não nos deixam esquecer da rotina de cuidados – muito menos dos fracassos. E essa oferta de produtos de bem-estar, em vez de melhorar nossas vidas, acabou levando muitos de nós ao limite.

“Estamos passando por uma reavaliação do bem-estar. Audre Lorde, escritora feminista e ativista dos direitos civis e homossexuais, disse que autocuidado é autopreservação. Acho que todos entendemos que você não medita para resolver como vai manejar uma semana de trabalho de 40 horas sem ninguém para cuidar dos seus filhos. A conversa precisa ser sobre como os determinantes sociais da saúde afetam como todos nos sentimos mental e fisicamente. Portanto, falar sobre acesso à saúde, remuneração justa, creche – tudo isso agora faz parte da conversa sobre autocuidado. Insinuar que é tão simples quanto um banho de espuma é um insulto e não serve mais”, esclarece a Dra. Lakshmin.

É claro que nem tudo o que se discutiu na última década deve ser jogado fora, mas como distinguir o que é autocuidado real das armadilhas desse universo? “Vou dar um exemplo. Você finalmente cria coragem para tirar uma tarde de folga e agendar uma massagem. Então, chega lá e passa o tempo todo na maca se preocupando com a sua lista de afazeres e também se culpando por desperdiçar a massagem porque está estressada com sua lista de afazeres. Em seguida, se preocupa com o seu tempo de folga, que está passando rápido. Basta voltar ao trabalho que você já está estressada para ser mais produtiva para compensar o tempo que passou fora do escritório. Isso encapsula muito do que há de errado com o bem-estar. Estamos tentando empregar um método, mas o que realmente precisamos são princípios. A massagem, uma aula de ioga, uma sessão de meditação – todos esses métodos podem ser ótimos quando usados corretamente. Mas se você não fez o trabalho interno, não adianta receber a massagem. Você está tentando fazer algo externo, mas não abriu espaço para isso internamente”, exemplifica Pooja.

Em seu livro, a especialista, além de explorar contradições da indústria de bem-estar, propõe um modelo com exercícios de reflexão aprofundada, ferramentas e dicas para construir o seu próprio padrão de autocuidado com base em quatro princípios: estabelecer limites para os outros, mudar a forma como você fala consigo mesma, lembrar o que importa para você e usar o seu poder para o bem. Para repensar o que conhecemos por autocuidado, ela lista alguns questionamentos bons para começar. Se você perde um treino ou uma sessão de ioga, você se culpa? O seu autocuidado faz você se sentir mais próximo ou mais distante do seu eu verdadeiro? Você sabe por que e como as práticas de autocuidado afetam sua vida? Por fim, o verdadeiro bem-estar desafiará o status quo em seus relacionamentos – exige que você estabeleça limites, peça ajuda, esteja interconectado com os outros. Se o seu autocuidado não faz isso ou pede isso de você, é um indício para uma nova e necessária estratégia

Mais recente Próxima Dormir nu é melhor para a saúde? Motivos para dormir sem roupa, segundo a ciência
Mais do Vogue

Atriz surgiu sorridente em fotos na web

Rita Guedes posta foto em fazenda e ganha enxurrada de elogios: "Diva"

Na onda dos fios supercompridos, o trançado maximalista ganha força entre os looks da vez

Das passarelas ao tapete vermelho, a máxi trança é o penteado da vez

Casal surgiu sorridente em fotos na web

Junior Lima surge com Mônica Benini durante viagem ao Maranhão: "Não poderia ter sido melhor"

Cantora postou uma mensagem carinhosa para a filha nas reds sociais

Elba Ramalho posta homenagem de aniversário para a filha mais velha: "Mais um dia de festa no meu coração"

Casal curte momento juntos. "Nós", celebrou o empresário

Isis Valverde ganha beijo de Marcus Buaiz enquanto se refrescam na piscina: "Os haters piram"

De olho nas férias de julho: confira dez produtos essenciais para arrumar sua mala de forma prática e eficiente

Uma seleção de itens para otimizar a mala de viagens

Descubra a importância da limpeza frequente das escovas de cabelo e como realizá-la corretamente

Com qual frequência e como limpar a escova de cabelo? Especialistas ensinam

Atriz se derreteu por Eduardo Menga na legenda da publicação

Bianca Rinaldi posta foto rara em família para lembrar aniversário do marido: "Te amo"

"Vida de artista não é fácil", observou uma seguidora

Rosamaria Murtinho dribla frio durante gravação de filme em SP: "14 graus"