Saúde

Por Marcella Centofanti, Colaboração Para Marie Claire — São Paulo

O Brasil está passando por um surto de dengue, com mais de 749 mil casos prováveis, segundo o Ministério da Saúde. A doença pode atingir qualquer pessoa, mas alguns grupos, como as gestantes, são mais suscetíveis a desenvolver quadros graves da infecção e complicações que podem levar à morte.

A gravidez causa uma série de mudanças hormonais, imunológicas e fisiológicas. “As gestantes têm uma tendência de lidar pior com as infecções, em especial as virais, que são sistêmicas, ou seja, afetam o corpo inteiro, não um órgão específico”, explica a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista.

A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus e transmitida pela picada de mosquitos fêmea, principalmente da espécie Aedes aegypti. Os sintomas são febre alta (acima de 38ºC) de início repentino, e pelo menos duas das seguintes manifestações: dor de cabeça, prostração, dor muscular e/ou articular e dor atrás dos olhos.

Na presença desses sintomas, o Ministério da Saúde orienta procurar o serviço de saúde para obter o tratamento oportuno.

A Pasta classifica os pacientes que chegam ao pronto-socorro com dengue em A, B, C e D, sendo A os casos mais leves e D, os mais graves.

“Toda gestante é de B para baixo. Assim como os idosos e outras categorias [crianças e indivíduos com algumas comorbidades], ela de saída já tem o potencial risco de ter algumas complicações, como sangramento e diminuição de plaquetas”, atesta a médica.

Perigos da dengue em grávidas

Além de poder evoluir para formas graves da infecção, a gestante tem maior risco de abortamento espontâneo, principalmente se contrair a enfermidade no primeiro trimestre da gestação. Caso ela se infecte no segundo e terceiro trimestre de gravidez, o desfecho pode ser o parto prematuro.

O cenário é especialmente complicado se a infecção ocorrer às vésperas de a pessoa dar à luz. O risco é que a grávida transmita o vírus para o recém-nascido, através da placenta, em um quadro chamado dengue congênita.

“É raro, mas grave quando uma gestante adquire a dengue até dez dias antes do parto. É bom prevenir a doença em qualquer momento da gestação, mas no final é um período bastante importante, porque o bebê, lá pelo quinto ou sétimo dia de vida, pode evoluir para um quadro mais grave da infecção”, alerta Richtmann.

A dengue pode causar malformação fetal?

A infectologista do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista explica que a dengue não está relacionada com a malformação fetal.

“O pessoal tem aquele fantasma do zika vírus até hoje. Vejo mulheres falando que estão adiando os planos de gestação por medo de pegar dengue e ter malformação fetal. É muito, muito raro ter alguma malformação ligada ao vírus da dengue, como havia com o zika. Felizmente, não é necessário ter essa preocupação
— Rosana Richtmann, infectologista

Tratamento da dengue em gestantes

O protocolo de tratamento da infecção não se altera na gravidez. Num caso leve, a pessoa será orientada a tomar os mesmos remédios para combater febre, dor e enjoo, assim como se hidratar bastante. O que muda é que a grávida precisará receber mais atenção do serviço de saúde.

“Eu vou ter que coletar exames todo dia e, muitas vezes, internar essa paciente. Sem dúvida, é diferente de alguém com a mesma idade não gestante. Para uma pessoa que não está grávida, eu vou falar: ‘Se você tiver sinais de alarme, volta para o hospital’. Para a gestante, além disso, eu vou falar: ‘Volta amanhã, porque eu preciso reavaliar você e fazer novos exames’”, explica Richtmann.

Os sintomas de sinais de alarme da infecção são
- Vômito persistente;
- Dor abdominal forte e contínua;
- Hipotensão postural, ou seja, a pessoa fica de pé e sente tontura;
- Sangramento nas fezes, no nariz ou na boca.

O médico precisa ficar de olho diariamente no nível de plaquetas da gestante, assim como na sua hemoconcentração, um marcador que indica a permeabilidade dos vasos sanguíneos. Se o sangue da paciente estiver muito concentrado, ela precisa de hidratação urgente, sob o risco de entrar em choque.

“Na dengue, os vasos sanguíneos ficam inflamados. Aquele ‘caninho’ que deveria estar segurando o sangue dentro dele fica mais permeável, como uma peneira, grosseiramente falando. O líquido sai da corrente sanguínea e vai para outro lugar, como o abdômen, o pulmão e o coração”, explica Richtmann.

Medidas de prevenção

O melhor remédio contra a dengue é a prevenção. Grávidas não só podem, como devem usar repelente. Segundo a médica, nenhum estudo mostra que o produto faz mal para o feto.

“Eu sempre aviso as minhas gestantes para tentar cobrir o máximo da superfície corpórea com roupas claras e de manga comprida, como uma bata e uma calça ou saia longa. Como o mosquito voa mais baixo, é principalmente importante cobrir as pernas. Passe repelente nas áreas expostas, como mãos, pés e pescoço, e dê preferência a produtos à base de icaridina, que se mostraram seguros e dão proteção de 10 horas”, recomenda a infectologista.

Vacina contraindicada para grávidas

A vacina contra a dengue Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi recentemente incorporada pelo Ministério da Saúde e é distribuída gratuitamente para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

O imunizante, no entanto, não é recomendado para grávidas, por ser desenvolvido com o vírus vivo atenuado, contraindicado para gestantes, que têm uma resposta imunológica diferente das outras pessoas.

O alerta vale também para lactantes: “Eu tenho recebido pacientes que foram tomar a vacina na farmácia e ninguém perguntou se ela estava amamentando. Por uma questão de segurança, não há estudos feitos com esse grupo. Mas se por acaso alguém tomou vacina sem saber que estava grávida, não precisa se estressar. Nós vamos seguir a gestação, apenas tendo uma atenção diferenciada com a paciente”.

Se alguém tomar uma vacina de vírus vivo atenuado e quiser engravidar, a recomendação da infectologista é aguardar pelo menos 30 dias voltar às tentativas.

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