Não é coincidência que tantos nomes famosos sofram de uma mesma doença --Preta Gil e Simony atualmente passam por tratamentos contra o câncer de intestino, e os ex-jogadores Pelé e Roberto Dinamite morreram em decorrência de complicações causadas pelo quadro.
A doença está sendo bastante falada, sobretudo, porque o câncer de intestino é comum no Brasil — por aqui, a estimativa é de 44 mil casos ao ano, e os índices podem subir com o passar do tempo. O Inca (Instituto Nacional de Câncer) prevê que os óbitos pela doença entre pessoas de 30 a 69 anos podem aumentar 10% até 2030.
Países desenvolvidos, que têm maior acesso à alimentação ultraprocessada e uma tendência a rotinas cheias de compromissos e com pouco exercício físico, são os que mais apresentam casos. Nos EUA, por exemplo, a estimativa é de surgimento de 150 mil novos casos anuais entre os 300 milhões de habitantes. Como a condição socioeconômica e a modernização do Brasil em vários aspectos está em curso, a perspectiva é de expansão de casos.
“Desconsiderando o câncer de pele não-melanoma, esse tumor é o segundo mais frequente no Brasil. A doença também pode ser chamada de câncer de cólon e reto ou câncer do intestino grosso”, explica o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Uninove (Universidade Nove de Julho), em São Paulo.
Características do câncer de intestino
O oncologista explica que o câncer do intestino pode inicialmente ser confundido com outras doenças como verminoses, hemorroidas e gastrite. Por isso, se sintomas como dor de estômago, diarreia ou constipação e sensação de estufamento perdurarem, é importante procurar um especialista para avaliação.
Os sinais, no entanto, costumam aparecer quando a doença já está em estágios mais avançados, o que diminui progressivamente a taxa de sucesso no tratamento.
“O diagnóstico precoce dessa doença permite alcançar sucesso no tratamento em mais de 90% dos casos”, explica Mello.
A doença se desenvolve a partir de pólipos, que são lesões benignas no início e aparecem na parede do cólon. “Em pacientes com predisposição genética, geralmente com hábitos não saudáveis, essas lesões podem avançar para um tumor cancerígeno”, detalha o médico.
Além dos citados acima, os fatores de risco também incluem tabagismo e alcoolismo, e idade maior de 50 anos.
Diagnóstico e tratamento
No câncer de intestino o diagnóstico é feito geralmente através do exame histopatológico (análise microscópica dos tecidos) realizado no material retirado através da biópsia do tumor via exame de colonoscopia.
“Após confirmado o diagnóstico, outros exames são realizados [tomografias, exames de sangue], para determinar o tipo de tratamento adequado. As opções incluem cirurgia, quimioterapia e radioterapia”, menciona o médico oncologista e professor do curso de Medicina da Unic, Marcelo Bumlai.
Ele destaca ainda que, normalmente, o processo é definido por uma equipe médica composta por vários especialistas, dentre cirurgiões, oncologistas clínicos, patologistas (entre outros). Cada caso, complementa, é de uma complexidade diferente, e caberá à equipe de especialistas definir a melhor programação terapêutica.
Bumlai orienta que todas as pessoas, mesmo que não tenham qualquer queixa relacionada ao aparelho digestivo, devem realizar colonoscopia preventiva a partir dos 45 anos de idade. “Esse exame possibilita a identificação de pólipos que geram a maior parte dos casos de câncer colorretal; que devem ser retiradas para evitar o desenvolvimento de um câncer no futuro”, complementa.