O documentário “Ascensão e Queda - John Galliano”, dirigido por Kevin Macdonald, estreou na última sexta-feira (26) no serviço de streaming Mubi e conta a história conturbada e cheia de altos e baixos do designer inglês John Galliano, da sua juventude até os dias atuais.
O ex-diretor criativo da Dior foi praticamente expulso do mundo da moda em 2011 devido a falas criminosas, e o documentário faz o público refletir sobre a relação entre a genialidade, o talento e o prestígio da figura, em oposição a seu lado obscuro e problemático.
Por mais que Galliano seja uma personalidade que divide opiniões, é inegável que sua história é super interessante e cheia de nuances. Por isso, Marie Claire assistiu à produção e reuniu algumas curiosidades que aparecem no longa capazes de captar até quem não é fã do trabalho dele ou tem interesse por moda.
1. O forte de Galliano não era a costura
Mesmo sendo conhecido por suas criações dramáticas e extravagantes, com cortes e assimetrias que subvertem o tradicional, o forte de Galliano sempre foi desenhar. No início de sua carreira, quando estava estudando moda na conceituada escola de artes Saint Martin, em Londres, Galliano não sabia costurar, mas fazia designs incríveis e inovadores. Ele conta que fez as pazes com a costura quando um professor disse: “Corte da mesma forma que você desenha uma linha”. Esse foi o pontapé inicial para sua carreira.
2. O sucesso veio cedo
O desfile de formatura de John Galliano na Saint Martin, chamado de Les Incroyables [Os Incríveis], teve peças vestidas do avesso e sem gênero. Inspirado pela Revolução Francesa, o desfile foi considerado, justamente, “revolucionário”. Apenas três anos depois de sua formatura, Galliano já era considerado um astro no mundo da moda por suas ideias inovadoras.
3. A personalidade forte é "da infância"
No documentário, a irmã do estilista, Rosemary Galliano, conta que o irmão sempre gostou de chamar atenção durante as brincadeiras. Além disso, a mãe deles sempre gostou de se vestir bem, e isso acabou sendo passado para o filho, que gostava de colocar estilo até nos uniformes escolares.
4. A excentricidade custou caro para a marca
Apesar de ser um sucesso de críticas, as peças inovadoras e disruptivas de Galliano não tinham retorno comercial por não serem consideradas usáveis pelo público. Reconhecendo seu talento, Anna Wintour e a revista Vogue deram apoio a John com desfiles e materiais. Inclusive, em 1994, supermodelos como Naomi Campbell, Linda Evangelista e Kate Moss desfilaram de graça, para ajudar com o orçamento do designer.
5. Logo depois, Galliano “ressurgiu das cinzas” e deslanchou
Em 1995, Galliano foi convidado para ser diretor criativo da Givenchy, que estava em baixa na época, sendo considerada “desinteressante”. Ele recebeu críticas por não ser francês e nem tradicional, como era a maison, mas sua primeira coleção foi uma surpresa e um sucesso. Dois anos depois, ele deixou a Givenchy para comandar a Dior, onde fez história durante 15 anos com desfiles performáticos, onde as modelos não apenas desfilavam, mas interpretavam uma história, eram personagens daquela apresentação.
6. Problemas com álcool e falas racistas e antissemitas resultaram em sua queda
Em 2011, John Galliano enfrentava uma grave dependência de álcool e remédios, além de problemas de saúde mental e polêmicas acumuladas. Na mesma época, duas falas dele, gravadas, causaram um estrondo no mundo da moda: John aparece fazendo ofensas antissemitas e racistas, além de apologia ao nazismo, em uma cafeteria de Paris.
+ Margiela por Galliano: Por que desfile performático que encerrou Semana de alta-costura foi tão aclamado?
Na época, ele foi detido e processado, e logo perdeu seu cargo da Dior e boa parte do prestígio e apoio público.
7. Hoje sóbrio e em reabilitação há mais de 10 anos, Galliano faz retorno lento ao prestígio fashion
Em 2014, o designer assumiu o cargo de diretor criativo da grife Maison Margiela com uma estreia triunfante. Ele continua no comando da maison francesa até hoje, onde vem recuperando o fôlego e criando coleções de cada vez mais sucesso.
Os desfiles de Galliano na Margiela são considerados potentes e extravagentes pela mídia, além de estarem reconquistando o prestígio do público. Em 2024, a maison encerrou a semana de alta-costura com um desfile épico, com inspiração em aspectos da cultura francesa, como os cabarés. A coleção foi super marcada pela maquiagem da artista Pat McGrath, que deixou as modelos parecendo bonecas de porcelana, e viralizou nas redes sociais com tutoriais e imitações.