Saint Laurent e Chloé apostam em looks transparentes que deixam os seios à mostra na Paris Fashion Week

A jornalista Vanessa Friedman, que escreve sobre os desfiles há anos no New York Times, assumiu uma postura bem crítica no seu texto publicado na quinta-feira (29). "Chega de peitos. Foi tudo o que consegui pensar quando mais uma modelo da Saint Laurent apareceu usando o que era essencialmente uma meia de náilon transformada em vestido", escreveu Vanessa, nitidamente mal humorada.

Segundo a jornalista do NYT, em pleno século XXI, tanta transparência parece uma forma banal de provocação misógina. Algo que não pega bem no momento em que revemos a política de objetificação do corpo feminino. A diferença no caso da coleção assinada por Chemena, para a Chloé, é que a visão dela sobre a nudez feminina faz uma espécie de abordagem de mulher para mulher. É zero misógina. Trata-se de uma sensualidade bem natural. As modelos usavam pouca maquiagem, cabelões soltos e uma moda folk revisitada, numa vibe bem anos 70. A questão da transparência sem dúvida foi colocada em pauta nas duas marcas (e looks transparentes são tendência absoluta dessa temporada). A diferença, no caso, está sempre nos olhos de quem desenha a moda e de quem a vê.

+ Paris: o luxo discreto da Dior na Semana de Moda

A volta do Female Gaze para a Chloé

Batas românticas cheias de babados delicados combinados com jeans, vestidos longos e fluidos feitos com uma renda fina preta, bem chique. Tops tipo segunda pele, com ar boho e calça de couro com franjas laterais. Além de casacos e jaquetas pesadas e maravilhosas de pura lã ou de couro. É isso que Chemena trouxe a passarela nessa sua primeira coleção. E que jeito de inaugurar sua trajetória na grife francesa, foi uma estreia e tanto!

Mas, na verdade, a estreia da estilista alemã na Chloé aconteceu há 20 anos atrás, quando ela fez parte da equipe de estilo de Phoebe Philo, icônica designer que comandou a maison francesa no começo dos anos 2000 e que é conhecida por ser "patrona" do female gaze (teoria feminista que compreende a mulher como sujeito ativo no mundo criativo e a não apenas como musa) no universo da moda. E foi justamente essa viagem no tempo que Chemena fez para criar a sua coleção atual: “Quero trazer de volta o espírito da mulher Chloé, que senti há 20 anos, quando entrei na marca pela primeira vez. Quero sentir a presença dela novamente, os batimentos dela, sua beleza natural e sensação de liberdade.”, conta a atual diretora criativa.

Veja mais imagens do desfile: