É melhor comer várias refeições pequenas por dia ou poucas e grandes?

A recomendação tradicional de refeições fracionadas talvez não seja a melhor estratégia para todas as pessoas

Por Colaboração Para Marie Claire — São Paulo


No que diz respeito à alimentação, não existe um padrão universal Pexels

Por muito tempo, nutricionistas preconizaram que o padrão alimentar ideal consistia em três refeições por dia, intercaladas por três lanchinhos. Nos últimos anos, no entanto, novas dietas sugeriram que é melhor comer menos vezes. Em uma delas, o jejum intermitente, os adeptos ficam de 12 a 16 horas — até mais — sem ingerir nenhum alimento.

Diversos estudos epidemiológicos apontaram que o aumento da frequência das refeições pode melhorar os níveis de lipídios no sangue e reduzir o risco de doenças cardíacas. Dessa maneira, muitos especialistas desaconselham comer poucas vezes.

Com relação à perda de peso, uma pesquisa comparou a ingestão de três refeições grandes por dia ou seis menores na gordura corporal e na fome relatada pelos participantes. Os dois grupos receberam a quantidade de calorias adequada para manter o peso corporal, com a mesma distribuição de macronutrientes.

Os pesquisadores não observaram diferença na perda de gordura corporal entre as duas condutas. Porém, aqueles que consumiram seis refeições menores relataram mais fome do que a turma das três porções.

Segundo os cientistas, talvez os voluntários do primeiro grupo tenham maior probabilidade de consumir mais calorias diárias do que aqueles que comiam com menos frequência.

Existe um padrão único para todas as pessoas?

De acordo com o nutrólogo e endocrinologista Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e coautor do livro Obeso Acolhido, não existe um padrão universal no que diz respeito à alimentação.

“Historicamente, sempre se preconizou o fracionamento de quatro a seis refeições por dia. No entanto, recentemente os estudos estão mostrando que ficar algumas horas a mais sem se alimentar promove reações metabólicas interessantes no nosso organismo”, diz o nutrólogo.

As porções fracionadas, avisa o médico, são benéficas para crianças, diabéticos tipo 1, pacientes com hipoglicemia reativa, por exemplo. Para a maioria dos indivíduos, no entanto, a regra não necessariamente se aplica.

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“Na medicina temos uma frase que diz ‘a clínica é soberana’. Existem pessoas que se sentem muito bem tendo três refeições ao dia, enquanto outras pessoas se sentem melhor com quatro a seis refeições. Portanto, a decisão é individualizada”, afirma Ribas Filho.

Muitas vezes o indivíduo faz o que a agenda permite. “Em virtude de compromissos pessoais e profissionais, é comum as pessoas terem três refeições por dia. O jantar tende a ser o de conteúdo calórico maior, mas os estudos mostram que, em tese, deveríamos comer menos à noite, em comparação com o almoço e o café da manhã”, aponta o nutrólogo.

Para o médico, se o objetivo é perder peso, o critério mais importante é a restrição calórica moderada e, nesse sentido, o jejum intermitente leva vantagem.

“O que faz uma pessoa emagrecer é ingerir menos calorias do que gastar. Diante desse fato, o jejum intermitente mostrou que favorece a redução do peso corporal (em comparação com o padrão alimentar convencional)”, diz.

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