Durante a semana de moda londrina, que acabou nesta terça-feira (20), alguns desfiles levantaram questionamentos relacionados ao envelhecimento feminino na moda e em nossa sociedade. De um lado, a marca Marques Almeida, cuja coleção desfilada tratava-se da passagem do tempo, desafiou o status quo jovem e levou mulheres maduras às suas passarelas. Já a JW Anderson buscou simular a velhice em seu casting colocando perucas grisalhas em modelos que não passavam dos trinta anos de idade.
As duas apresentações suscitaram debate: onde estão as mulheres maduras na moda, e como podemos ver nas Semanas de Moda mais conhecidas, como a de Londres, passarelas mais plurais, longe do etarismo e de outros estereótipos ligados ao corpo feminino?
Marques Almeida
A marca, fundada pelos portugueses Marta Marques e Paulo Almeida, fez muito sucesso na cena de moda britânica nos anos 2010, entrando no calendário oficial da semana de moda de Londres em 2011. Mas, desde 2020, os diretores criativos não expunham suas ideias ao público nas passarelas londrinas. Nesta volta, eles abordaram a passagem do tempo, colocando jovens, crianças e uma boa quantidade de mulheres maduras no elenco do desfile, que aconteceu na segunda-feira (19). Com tom emocionante, a apresentação tinha muito da vida real e abordou o envelhecimento como qualquer outra fase da vida.
JW Anderson
Já a JW Anderson, fundada em 2008 por Jonathan Anderson, apresentou um envelhecimento mais “plástico”. O diretor criativo, ao invés de chamar modelos maduras, preferiu “envelhecer” modelos jovens, que não atingiam nem os trinta anos, com perucas grisalhas. O recurso estético pode ser entendido como um efeito artístico ou como um olhar viciado da marca, que entende a moda como um território majoritariamente jovem. Seja qual for a análise, o fato é que a apresentação gerou reflexões, como sempre - e ainda bem!