Considerada a maior feira de arte moderna e contemporânea da América Latina, SP-Arte promove o mercado artístico nacional. Nesta edição, que acontece até 7 de abril no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, são celebrados os 20 anos de realização do evento criado em 2004 pela gestora cultural Fernanda Feitosa.
Ao longo desses anos, além de serem apresentados ao público grandes nomes da arte brasileira, as peças e obras do SP-Arte corroboraram na formação de acervos de instituições e museus de arte do país — a exemplo, Masp e Pinacoteca de São Paulo — , bem como de colecionadores como Karen e Christian Boros e Carolyn Christov-Bakargiev.
São peças de arte e design que retratam as principais apostas de artistas brasileiros e internacionais. Na 20ª edição, será possível prestigiar mais de 180 expositores, que abarcam tanto nomes já consolidados na cena artística quanto novos artistas. As mulheres artistas presentes trazem em seus conjuntos temas relacionados a sustentabilidade, percepções sobre o erótico, sensualidade e levantam questionamentos sobre o corpo feminino.
Nesta lista, Marie Claire te apresenta 6 artistas mulheres que estarão na programação do SP-Arte para conhecer.
Laís Amaral
Laís Amaral é natural de São Gonçalo e traz como tema latente em suas produções como o colapso ambiental se apresenta na sociedade contemporânea. Artista e artesã, seu trabalho com artesanato também é incorporado em suas obras. Materiais como miçangas são usados para trazer textura e personalidade para suas telas.
A atuação de Amaral na arte também abrange pautas raciais. Parte de suas produções trazem o que a artista descreve como “branqueamento”. Ela discute como o distanciamento de parte da população da natureza está relacionado a um projeto de branqueamento imbricado com as estruturas econômicas e políticas do país.
Ela também é co-fundadora do coletivo independente Trovoa. A principal missão do grupo é impulsionar o trabalho de artistas e curadoras não-brancas e proporcionar um espaço de troca e questionamento sobre o mercado de arte tradicional.
Luísa Matsushita
A partir de um uso de cores muito característico, Luísa Matsushita — mais conhecida por LoveFoxxx, seu nome artístico — faz das transições entre tonalidades uma das marcas de seu estilo. Estando entre as fundadoras da banda Cansei de Ser Sexy, dona do hit Alala, ela lidera o grupo que se tornou uma febre do eletro-rock e teve grande influência nos anos 2000 no indie pop nacional.
Com foco nas artes plásticas, especialmente com pinturas em paredes, portões e móveis, Luísa combina temas mais íntimos e minimalistas com toques de humor e ironia. “Se não for pra chorar, eu nem saio de casa” (2023) é um de seus trabalhos individuais recentes e retrata um novo olhar sobre elementos tidos como corriqueiros no cotidiano, ao explorar o abstrato e as formas.
Chris Tigra
Nascida em São Paulo, Chris Tigra é uma artista visual que atua em Minas Gerais. Cenários marginalizados e resgate de memórias são alguns dos pontos de partida para suas obras que usam de forma marcante tons vermelhos e amarelados em bordados feitos em fotografias ou inseridos em intervenções têxtil.
Em um tom provocativo, Chris usa registros importantes da história brasileira para representar sensações e indagar estruturas sociais ao empregar na arte um discurso político. Entre seus trabalhos estão a exposição “Recostura”, as instalações “Lar doce Lar”, “Falsa Escuta”, “Não nos cabe” e a série documental “Beauvoir”.
Ana Prata
Ana Prata atua em São Paulo e explora em suas obras um repertório moderno além de brincar com escalas de forma pictórica. Em seus desenhos, a artista utiliza cartelas de cores vivas em um estilo que remonta ao pop. A artista esteve na 33ª Bienal de São Paulo e conta também com trabalhos expostos em feiras e eventos internacionais, como na Galeria Isla Flotante, em Buenos Aires.
Seu olhar recorre frequentemente à história da arte. Ao inspirar-se em estilos de pintores como Picasso, Ana Prata reinventa a linguagem do desenho. No Brasil, suas obras são encontradas em importantes centros de cultura como a Casa das Rosas, Instituto itaú Cultural e a Pinacoteca de São Paulo.
Vivian Caccuri
As possibilidades no som são um dos principais pontos de partida para as composições de Vivian Caccuri. Ela, que estabeleceu sua carreira no Rio de Janeiro, usa aparelhagens de som, microfones, auto-falantes e cabos como alguns dos materiais para elaborar suas instalações.
Ao envolver o público nas diferentes percepções do som, a artista passa por temas históricos e busca promover uma nova experiência para as situações diárias. Nas narrativas construídas por ela, temas urgentes como a relação humana com os mosquitos colocam esses insetos enquanto peças-chave em algumas de suas produções ao colocar em questão a percepção sobre temas ambientais e o desenvolvimento de doenças como a dengue e a febre amarela.
Escritora do livro “O que faço”, Vivian já realizou instalações em cidades internacionais como Detroit, Helsinki, Novo México e Viena.
Jess Vieira
As representações do corpo feminino marcam o tom das pinturas de Jess. Um de seus cenários mais explorados está ligado à retratação da mulher negra brasileira. Com uma pegada erótica em conjunto com elementos da natureza, a artista expõe corpos em estado de liberdade.
As aquarelas com cores vivas e suaves equilibram temas como prazer e intimidade tanto em formas mais objetivas do corpo feminino quanto em expressões mais abstratas. Jess atua na Bahia e seu trabalho “No meu sonho eu posso ser o que eu quiser”, com representações sensíveis e intimistas, foi exposto na Galeria Periscópio, em Minas Gerais.