É inegável que Marina Lima faz toda a diferença na música do nosso país. Desde que lançou o primeiro álbum, Simples como Fogo, em 1979, ela coleciona músicas de sucessos na carreira, como "Fulgás", "Charme do mundo", "Mesmo que Seja Eu", e mais. E, quando o assunto é criação, a compositora brasileira é um dos grandes destaques. Com muita sensibilidade e olhar único, ela expressa as emoções e as lutas das mulheres através de suas letras.
"O principal desafio é acostumar a sociedade e criar leis para termos chances e oportunidades igualitárias. O quanto antes isso for regulamentado, em todos os âmbitos, melhor. Quanto à minha dificuldade: quando comecei, havia uma dúvida no ar sobre a legitimidade de nós mulheres, que éramos, além de cantoras, instrumentistas, compositoras, formadoras de opinião. Como se uma mulher não tivesse a capacidade de atuar em tantas áreas diferentes. Havia um preconceito mesmo, mas isso está sendo quebrado. Liberdades conquistadas não voltam atrás", diz em conversa com Marie Claire.
Com 21 álbuns já lançados, Marina transformou a MPB com influências que passam pelo pop, rock, blues, bossa-nova, pela tropicália, por soul music e música eletrônica. Por isso, o seu processo de criação foi eternizado no documentário "Uma Menina Chamada Marina" (2019), dirigido por Candé Salles. O cineasta foi um dos poucos homens por quem a artista – lésbica assumida desde os 18 anos – se apaixonou e namorou.
"Completo 69 anos em 2024, essa é a data que me interessa. Vai ter um show ano que vem, 'Rota 69', e é nele que vou desembocar. No mais, eu estou a mil. Cheia de ideias, planos e de olho no que acontece ao meu redor", afirma.
No dia 27 de outubro, Marina se apresenta no PRIO Blues & Jazz Festival, às 19h, na Marina da Glória, Rio de Janeiro. Ela comenta também sobre planos futuros: "Primeiro terminar essa grande quantidade de shows que tenho até o final do ano e, em seguida, começar a preparar a turnê e o show 'Rota 69', que é meu destino e conta com direção do Candé Salles."
Querida pelo público, Marina revela como lida com a enorme exposição da fama. "Nunca estamos prontos para tudo o que a vida oferece. A vida é um aprendizado, onde a gente vai meio que estagiando e aprendendo melhor. Aliás, essa é a beleza do envelhecimento", destaca.
Sempre bem resolvida, ela fala abertamente sobre sua sexualidade. Referência na comunidade LGBTQIAPN+ [sigla que marca um posicionamento de luta, resistência e orgulho], a cantora é símbolo de representatividade.
"Eu me vejo como uma cidadã. A minha carreira me deu uma série de responsabilidades e oportunidades, que procuro não me esquivar. Se puder ajudar a esclarecer a vida de outras pessoas através do que sei e penso, farei isso", finaliza.