Ludmilla se pronunciou após ser acusada de ter cometido intolerância religiosa no seu show no Coachella, realizado no último domingo (21). Na ocasião, a cantora exibiu um telão que dizia: "Só Jesus expulsa o tranca rua das pessoas". A mensagem causou polêmica, visto que a expresão em questão supostamente se refere a uma falange ou agrumanto de exus, entidades espirituais das religiões Umbanda e Candomblé.
A artista, então, surgiu nas suas redes sociais, na manhã desta segunda-feira (22), para explicar o ocorrido e rebater as acusações de preconceito. "Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar para falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe", começou em um post feito no seu perfil no X, antigo Twitter.
"Hoje, tiraram do contexto uma das imagens do video do telão do show em 'Rainha da Favela', que traz diversos registros de espaços e realidades nos quais eu cresci e vivi por muitos anos, querendo reescrever o significado deles e me colocando em uma posição que é completamente contrária a minha", acrescentou.
"'Rainha da Favela' apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci mas infelizmente se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos, que vive em adversidades, mas que não desiste. Isso passa por conviver em um ambiente muitas vezes hostil, onde a cada esquina você precisa se deparar com as dificuldades da favela."
Ludmilla rejeita 'gourmetização' da favela
"Meu show começa com uma mensagem muito explícita , que não deixa dúvida sobre nada! Na sequência, eu apresento a realidade sobre a qual esse discurso precisa prevalecer! Sobre uma favela sem filtros, sem gourmetizações, sem representações caricatas, uma denúncia sobre o real. Estou aqui pelo que é real e não essa versão vitrine importada para gringo achar que esse é um espaço que se reduz a funk, bunda e cerveja!", completou.
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"Termino meu show com o céu tomado de pipas douradas, que representam a esperança que eu quero plantar no coração de todos que lidam com essa realidade! Esse vídeo foi feito por uma fotógrafa/videomaker negra e periferica, para que tivesse um olhar de dentro para fora!"
E concluiu: "Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, e independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade de que façam elas únicas".
Ludmilla sobre críticas: 'Difícil ver uma mulher preta fazendo sucesso'
Depois, a caxiense ainda deu às caras nos stories do seu perfil no Instagram para reforçar: "Gente, vamos lá. O que eu faço e falo na minha cabeça é tão óbvio, que eu não preciso explicar, sabe? Porque tem coisas que não precisam ser explicadas. Está ali, gente, para todo mundo ouvir".
"Eu fiz praticamente um clipe de 3 minutos com várias imagens do Rio de Janeiro, com várias imagens da favela, de tudo que acontece na favela. Isso foi uma mulher preta, periférica, que gravou para a gente. Um olhar de dentro para fora da comunidade. E passam diversas imagens muito rápidas, uma atrás da outra, e aí vocês pegaram um print de uma e estão me acusando de intolerância religiosa."
"E o resto das imagens que acontecem lá? O tiroteio, o helicóptero passando em cima das casas, ônibus com fogo... Quer dizer então que eu sou a favor de tudo isso? Vocês pegaram uma imagem e tiraram completamente do contexto. O contexto ali era de denúncia, era de reclamação. E vocês viraram para mim. Vocês acham mesmo que eu seria maldosa nesse nível?", justificou.
"Tipo, c*ralho, gente do céu. Que coisa mais horrível! Vocês estão tão engajados em 'botar hate' em mim, em tentar apagar tudo que eu fiz no final de semana passado e nesse também, na história sendo construída... Vocês estão tão empolgados para acabar com isso que vocês nem prestaram atenção no que realmente é a mensagem do show. No início do show, tem um discurso super poderoso da Erika [Hilton] que fala exatamente isso: que nós não toleraremos nenhum tipo de preconceito", dispara na sequência.
E conclui: "Aí tem retrato de bala perdida. Pô, eu sou a favor do tiroteio na comunidade então, gente? Meu Deus do céu... Aí tem ônibus pegando fogo, eu sou a favor de colocar fogo no ônibus? Caramba, é difícil ver uma mulher preta fazendo sucesso, brilhando. Tem que arrumar alguma coisa para falar mal. Tem que arrumar. É triste, mas fazer o que? É isso, gente. Espero que eu tenha explicado para vocês, para quem quer entender, porque tem gente que não vai querer entender".
Veja:
Entenda polêmica
Ludmilla deixou muitos fãs decepcionados com a mensagem exibida no seu telão no show que realizou no segundo final de semana do Coachella. A tag "intolerância religiosa é crime" chegou a entrar nos Trending Topics do X, mostrando a revolta dos internautas com o caso.
"Eu não estou acreditando que a Ludmilla passou aquela mensagem no palco do Coachella Intolerância religiosa é crime. Lamentável essa postura", disparou um usuário da plataforma.
"Vocês não imaginam a repulsa que eu senti ao ver uma imagem como essa. Perdi todo o carinho e respeito que tinha pela Ludmilla. Intolerância religiosa é crime! Como umbandista eu sinto nojo e vergonha disso", criticou mais um internauta.
"Ludmilla eu sou muito sua fã, mas também sou uma mulher de asé, que acompanha os casos de racismo religioso que, no Brasil, matam desde crianças a idosos só por crerem em uma ancestralidade negra e entidades negras. Entendo a mensagem que você tentou passar, mas precisa fazer mais", opinou mais uma.