Quando até os maiores veículos de comunicação, como o The New Yorker, se aprofundam no caso Kate Middleton, é de se entender não é mais apenas uma fofoca sobre a família real, mas que o que está em jogo é o prestígio e a credibilidade da instituição da monarquia, que, para o bem ou para o mal, provou ser extremamente duradoura desde a antiga Grã-Bretanha. Reforçando isso, a colunista Anna Russell, do jornal supracitado, escreveu um artigo com o título "The Kate Middleton Conspiracy-Theory Swirl", em tradução livre, "O furacão das teorias de conspiração de Kate Middleton", no qual esmiúça as trocas de cenários para a sua - agora com duração de meses - ausência da vida pública e expõe os erros de comunicação da Coroa nesse assunto.
A Princesa de Gales passou por uma cirurgia plástica? Ela está lidando com problemas de saúde mental e não física? Ela está se divorciando do príncipe William? Foi substituída por uma sósia? Abduzida por alienígenas? E o silêncio do Palácio é um prato cheio para quem gosta de criar essas teorias mirabolantes. Após o anúncio oficial, mas inesperado, de que Kate Middleton foi submetida à uma operação abdominal planejada e que voltaria às suas funções após a Páscoa, houve uma nova atualização, e desta vez não de Buckingham, mas do Ministério da Defesa, informando que sua ausência se estenderia até 8 de junho, quando está agendado o desfile Trooping the Colour, antes de seu nome desaparecer misteriosamente desse evento também. De alguma forma, sua primeira aparição pública depois desse longo tempo distante segue sendo remarcada repetidas vezes, como se fosse um date que nós não queremos ir e só adiamos.
"A Princesa de Gales passou por uma cirurgia plástica? Ela está lidando com problemas de saúde mental e não física? Ela está se divorciando do príncipe William? Foi substituída por uma sósia? Abduzida por alienígenas? E o silêncio do Palácio é um prato cheio para quem gosta de criar essas teorias mirabolantes."
As duas fotos dela que foram divulgadas não acabaram com o turbilhão de especulações - bem longe disso, inclusive. Na primeira, em um carro com sua mãe, que teria sido vazada, os comentários foram de que aquela pessoa de franja e usando óculos escuros poderia facilmente ser sua irmã, Pippa Middleton (ou até uma estátua de cera do museu Madame Tussauds). A segunda, que foi uma publicação oficial em comemoração ao Dia das Mães, na qual a princesa posa sorridente com seus três filhos, foi retirada das agências de fotos e notícias quando começaram a ser notadas edições que alteraram a imagem. A própria princesa se desculpou publicamente, mas a semente da dúvida sobre a autenticidade da foto (se ela era, de fato, nova, e não apenas uma antiga com algumas rugas apagadas) já tinha sido plantada e criado raízes.
"A própria princesa se desculpou publicamente, mas a semente da dúvida sobre a autenticidade da foto (se ela era, de fato, nova, e não apenas uma antiga com algumas rugas apagadas) já tinha sido plantada e criado raízes."
![Foto de Kate Middleton com os filhos levantou suspeitas de ter sido alterada, fato confirmado pela própria após o escândalo — Foto: Getty Images](https://cdn.statically.io/img/s2-marieclaire.glbimg.com/RWmV13rpz2DxVYs8VbjOjJXLVCQ=/0x0:2088x1392/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_51f0194726ca4cae994c33379977582d/internal_photos/bs/2024/X/M/9kzxpUSyqJPbVn20Hs0A/gettyimages-2071439776.png)
O senso de ceticismo popular, ávido por histórias de mistério, pode ser resumido no comentário que alguém fez no X (antigo Twitter): "Então você está nos dizendo que Kate Middleton, a mesma mulher que poucas horas depois de dar à luz posou do lado de fora da maternidade para fotos como uma supermodelo, de repente precisa de meses de recuperação antes de mostrar o rosto? E que a imprensa britânica de repente está respeitando sua necessidade de privacidade? Isso parece no mínimo esquisito."
Até o Rei Charles, que foi diagnosticado com câncer — informação médica que o Palácio não hesitou em divulgar — continua a fazer algumas aparições públicas, mesmo que em um ritmo reduzido. É claro que podem argumentar que ele é o rei e não a esposa do príncipe herdeiro, mas é inegável que Kate Middleton é um dos principais rostos da nova geração da monarquia britânica, daquelas pessoas que até agora não perdia um evento, por mais atribulada que fosse sua agenda.
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Hoje, em uma época que a instituição da monarquia não é mais considerada dada por Deus, mas sim mantida principalmente por meio da mídia, sua visibilidade é mais importante do que nunca, como comenta a socióloga Laura Clancy. Para continuar sendo viável sua existência, as aparições públicas de membros da família real – por exemplo, em eventos de caridade, celebrações nacionais e inaugurações — são essenciais e indispensáveis. Portanto, como comenta Clancy no The New Yorker, a estratégia seguida pelo Palácio de não fazer declarações sobre o caso de Middleton "pode ter funcionado há cinquenta anos, mas hoje, quando as notícias se espalham praticamente em tempo real e os desdobramentos são desenvolvidos rapidamente, não acredito que funcione mais". Por outro lado, é claro, ela não vê nada de muito suspeito por trás da falta de posicionamento de Buckingham: "Basicamente, estão fazendo o que sempre fizeram, o mundo agora que reage de forma diferente."
Este texto foi publicado originalmente no site da Marie Claire Grécia.