Saúde & bem-estar
 

Por Amanda Oliveira


Manter os exames ginecológicos em dia nem sempre é uma tarefa fácil. Afinal, diante da rotina agitada, muitas mulheres têm dificuldades de encontrar um espaço na agenda para uma consulta com o ginecologista, principalmente no caso daquelas que são mães. No entanto, é fundamental realizar o check-up ginecológico anualmente, pois esse é o melhor meio para detectar doenças e iniciar o tratamento o quanto antes — o que aumenta as chances de recuperação caso algum problema de saúde seja identificado.

E por mais que seja algo que deve ser feito periodicamente, a visita ao ginecologista ainda é um tema que envolve alguns tabus e desperta muitas dúvidas entre as mulheres. "Vou sentir dor?”; “Como devo me preparar?”, “Preciso tomar banho? E fazer depilação?" Essas são algumas das perguntas que já devem ter passado pela cabeça de muitas pacientes. Para solucioná-las, conversamos com especialistas, que explicaram quais exames costumam ser solicitados pelos ginecologistas —especialmente durante a gestação — e qual é a importância deles para a saúde feminina. Confira:

Mulher fazendo exame ginecológico  — Foto: Getty Images
Mulher fazendo exame ginecológico — Foto: Getty Images

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Quando deve ser a primeira consulta?

Segundo a ginecologista e obstetra Ana Clara Alves Ferreira, da Clínica Theia (SP), a primeira consulta com o ginecologista deveria acontecer idealmente a partir da primeira menstruação da menina. Entretanto, nem sempre isso acontece. Em geral, as mulheres procuram o ginecologista após iniciar a vida sexual. Independentemente do momento, na primeira visita, o intuito é sempre conhecer a paciente. Portanto, é comum o especialista perguntar à mulher sobre seu ciclo menstrual, uso de anticoncepcional, dores — especialmente durante a relação sexual — e também se a paciente tem o desejo de engravidar. Na sequência, o profissional de saúde inicia o exame ginecológico físico no próprio consultório para avaliar a região da vulva, vagina e colo do útero.

Tipos de exames ginecológicos realizados

Papanicolau: é um exame que tem o intuito de detectar alterações nas células do colo do útero e possíveis lesões que possam levar ao câncer. Com a ajuda do espéculo (material de plástico, conhecido popularmente como “bico de pato”), o ginecologista raspa as células da região e envia o material para ser analisado em laboratório. Também chamado de preventivo, o papanicolau é realizado, em geral, a partir do momento em que a mulher mantém uma vida sexual ativa. Vale lembrar que a mulher não deve estar menstruada para fazer o exame e que ele costuma ser rápido e indolor.

O vírus HPV, sigla em inglês para Papilomavírus Humano, é o responsável pelo câncer de colo de útero. De acordo com a ginecologista Ana Clara, esse agente infeccioso gera alterações nas células e, por isso, dependendo das modificações, é possível sugerir a possibilidade de lesões a partir do papanicolau. O monitoramento por infecções por HPV também pode ser realizado pelo exame laboratorial de genotipagem, que identifica os tipos específicos do vírus em uma amostra.

Colposcopia: caso o papanicolau detecte alguma lesão, a paciente é encaminhada para realizar a colposcopia, um exame utilizado para analisar o colo do útero, vagina e vulva com mais detalhes. Neste caso, o profissional usa uma “espécie de câmera amplificada", conhecida como colposcópio, para identificar onde estaria a lesão sugerida pelo papanicolau. Para tornar as regiões mais visíveis e detectar possíveis anormalidades, são utilizadas substâncias químicas. Por isso, após o exame, a paciente apresenta um conteúdo saindo de sua vagina com uma coloração diferente. Quando necessário, o profissional também pode retirar o tecido para realização de biópsia.

Vulvoscopia: assim como a colposcopia, esse exame utiliza o colposcópio para analisar a vulva com mais detalhes. O objetivo também é avaliar as estruturas da vulva e verificar se há lesões. Caso necessário, pode ser retirado parte do tecido para a biópsia.

Ultrassom pélvico transvaginal e pélvico via abdominal: tem o objetivo de examinar a região da pelve, que inclui útero, trompas e ovários. Esse tipo de exame é indicado principalmente para pacientes que apresentam dores pélvicas ou sangramento anormal. “Para fazer o ultrassom da pelve, utilizamos a via transvaginal, em que um transdutor é inserido na vagina. Em alguns casos, como o de pacientes virgens, pode ser realizado via abdominal”, explica a médica.

O ultrassom pélvico transvaginal é um dos exames utilizados para fazer o diagnóstico de quadros de endometriose. A doença acontece quando um tecido de glândulas que reveste a cavidade uterina — chamado endométrio — começa a crescer fora do útero, em órgãos como ovários, trompas, ligamentos uterinos e até intestino e bexiga. Entre os sintomas estão fortes cólicas durante o período menstrual; dores na relação sexual; dor durante a evacuação, que se acentua principalmente no período menstrual; dor na hora de urinar; dor pélvica crônica (independentemente da época da menstruação); e infertilidade. Segundo a ginecologista Ana Clara, o ultrassom deve ser realizado por um profissional especializado que saiba procurar focos de endométrio fora do útero — inclusive, nestes casos, é preciso sinalizar que o exame está sendo realizado para uma pesquisa de endometriose e realizar o preparo intestinal.

Mamografia: com o intuito de fazer o rastreamento do câncer de mama, esse exame de radiografia é indicado para mulheres acima de 40 anos. “Usamos uma máquina voltada apenas para o estudo da mama, então a colocamos em foco e realizamos algumas compressões, que é a parte mais dolorosa, para realizar as imagens”, aponta a médica. A partir das imagens, é possível examinar o tecido mamário e rastrear lesões sugestivas de câncer de mama, antes que elas se tornem palpáveis e de difícil tratamento.

Ultrassom da mama: é feito a fim de se obter imagens detalhadas da mama. A médica ressalta que esse tipo de exame é realizado em mulheres antes dos 40 anos que apresentem queixas de dor na mama, secreção ou alterações no mamilo. No entanto, é importante destacar que o ultrassom complementa a mamografia e não a substitui.

Exames de sangue: o ginecologista também pode solicitar exames de sangue para rastrear infecções sexualmente transmissíveis (IST), como as hepatites, sífilis e HIV.

Como se preparar para um exame ginecológico

Antes de fazer um exame ginecológico, algumas mulheres ficam apreensivas quanto ao preparo. Precisa estar depilada? Tem que tomar banho? Perguntas como essas são comuns entre as pacientes. Mas, pode ficar tranquila! Para o exame no próprio consultório, não é necessário se preocupar com depilação ou banho — a mulher pode ir como se sentir mais confortável. Afinal, isso é o mais importante! A ginecologista Ana Clara destaca que é fundamental que a paciente tenha uma relação de confiança com o seu médico.

Quanto aos outros exames, cada um tem a sua especificidade, então, fique atenta às instruções dos laboratórios. Uma das recomendações frequentes é evitar ter relações sexuais pelo menos nas 72 horas que antecedem os exames.

É normal sentir dor durante um exame ginecológico?

Quando se pensa em exame ginecológico, a primeira ideia que vem à mente é uma associação com dor e desconforto. Entretanto, segundo a especialista, não é normal sentir dor durante os exames, exceto no caso da mamografia. “Se está doendo, algo de errado está acontecendo ou a pessoa não está pronta ou tem uma estrutura ali que está gerando essa dor”, ressalta.

O quadro de vaginismo, caracterizado pela dificuldade em realizar a penetração vaginal, pode dificultar a realização de exames — não é impossível, mas a mulher sentirá mais desconforto. Por isso, a ginecologista recomenda que se avalie o melhor momento para realizar os exames. Nesse caso, o melhor caminho seria tratar o vaginismo da paciente antes de fazer os testes ginecológicos, caso a mulher não tenha queixas.

Exame ginecológico em mulheres grávidas: o que muda?

A descoberta de uma gravidez torna as visitas das mulheres aos ginecologistas mais frequentes, uma vez que um pré-natal adequado é uma forma de evitar complicações de saúde para a gestante e para o bebê. O papanicolau é um dos exames indicados nessa fase. No entanto, Ana Clara ressalta que é preciso ter cuidados ao pedir outros exames, pois as mudanças do corpo da mulher durante a gestação podem influenciar nos resultados.

Por isso, exames como a colposcopia ou a mamografia não são indicados nesse período, exceto em casos em que há suspeita de lesões malignas. As biópsias também não são recomendadas, a não ser em casos específicos. “Não faz sentido tirar um pedaço do colo [do útero] se a mulher precisa desse pedaço do colo e também pode-se induzir ao diagnóstico e tratamento equivocados”, alerta.

Quais exames são feitos ao longo da gravidez?

Na primeira consulta, os médicos podem já realizar o primeiro ultrassom, feito via transvaginal. “Já dá para ver o embrião, batimento cardíaco, se o bebê está dentro do útero e se está tudo bem, a princípio, com a gestação”, descreve o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP).

Na sequência, o especialista pede outras avaliações para o primeiro trimestre. “É importante fazer um painel de sorologias para identificar a possibilidade de alguma doença infecto-contagiosa, que possa comprometer a gestação ou para ajudar na orientação para evitar, caso não haja exposição a essas doenças”, explica o obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio Libanês e Albert Einstein (SP).

O obstetra ainda solicita a sorologia para HIV, sífilis, rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose e hepatites B e C. Além disso, é importante fazer um exame de sangue completo, verificar a hemoglobina, se possível, acompanhada da análise de ferro, ferritina e saturação de transferrina, para entender se os níveis de ferro estão adequados. Também é essencial confirmar os níveis de vitamina D, para entender se é necessário suplementar.

Durante o pré-natal, também é realizada uma análise da dosagem dos hormônios tireoidianos, para verificar se há hipo ou hipertireoidismo, e de glicose e glicemia, para avaliar o potencial de diabetes. “Podem ser associados alguns outros exames para avaliação de fígado e rins, para entender se todos os órgãos estão saudáveis”, acrescenta o médico.

No final do primeiro trimestre, entre a 11ª e a 14ª semana de gravidez, é feito o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, com translucência nucal. Além de ver como está a formação do bebê, o exame avalia a quantidade de líquido na nuca do bebê. O resultado pode ajudar a analisar o risco de malformações ou alterações genéticas do bebê, como síndrome de Down. Caso haja uma suspeita, podem ser solicitados outros exames para confirmar ou não o diagnóstico e seguir com as orientações para os pais, dependendo dos resultados

No segundo trimestre, os exames de sangue e sorologia são refeitos, para verificar se houve alguma alteração e é realizado o ultrassom morfológico do segundo trimestre, entre 20 e 24 semanas de gravidez. “Por meio desse exame, é possível avaliar o desenvolvimento dos órgãos e das estruturas fetais”, explica Pupo. É possível que, nesse exame, o médico consiga identificar o sexo do bebê pela imagem.

Ao chegar ao terceiro trimestre, os exames de sangue são repetidos e um novo ultrassom é realizado, entre 28 e 32 semanas, para acompanhar, não apenas o desenvolvimento e o ganho de peso do bebê, mas também as condições da placenta e a quantidade de líquido amniótico. “O obstetra pode pedir um ultrassom com doppler, que é capaz de verificar a circulação sanguínea entre o bebê e a placenta”, aponta o obstetra Geraldo Caldeira.

Entre a 35ª e a 37ª semana, quando a mulher está na reta final da gestação, é feita uma pesquisa da bactéria streptococcus do grupo B, para verificar se ela está presente no períneo ou na vagina da mulher. Se der positivo e a gestante entrar em trabalho de parto ou se a bolsa romper, ela recebe um tratamento antibiótico profilático para proteger o bebê. A medicação passa para o feto pela placenta e o protege, em caso de contato com o patógeno.

Por volta da 38ª semana, é possível que o obstetra indique um novo ultrassom para confirmar o peso e a posição do bebê. Se ele estiver cefálico, ou seja, com a cabeça virada para baixo, o parto normal fica mais fácil.

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