Saúde
Cresce número de gestantes com sífilis no Brasil; entenda os riscos
A maior preocupação é com o bebê. Caso não seja diagnosticada a tempo, a sífilis pode levar a prematuridade, baixo peso, infecção no sistema nervoso central, alterações ósseas e até aborto
3 min de leitura![Sífilis na gravidez (Foto: Shutterstock) barriga_gravida_gravidez (Foto: Shutterstock)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/ueWv_w5pTLuj9z5b9C3mjpeMLCs=/620x480/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2013/09/23/shutterstock_70529002.jpg)
Sífilis na gravidez (Foto: Shutterstock)
A sífilis é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais comuns no mundo. Causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, é tratada com antibióticos e, quanto mais rápido for diagnosticada, mais fácil é a cura. No entanto, o aumento de quase 30% de casos de 2017 para 2018, tem caracterizado um cenário de epidemia. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018, foram notificados mais de 158 mil casos em que a doença foi transmitida de uma pessoa para a outra durante a relação sexual — um aumento de 28,3% em relação a 2017. Dos novos casos, mais da metade (53,5%) ocorreram na Região Sudeste. A maior taxa foi em Santa Catarina — 164,1 casos por 100 mil habitantes. Outros cinco estados também preocupam por apresentarem uma taxa mais elevada do que a média nacional.
Gestantes e recém-nascidos
Os números mostram ainda que a quantidade de gestantes com a doença também aumentou. Em 2018, foram mais de 62 mil casos — 25,7% a mais que em 2017, quando foram feitos 49 mil registros. Assim, a quantidade de notificações de sífilis congênita — que se manifesta em recém-nascidos — consequentemente (e infelizmente) acompanhou o crescimento.
Ao todo, foram 26 mil casos em 2018, contra 24 mil em 2017 — um aumento de 5,2%. A doença pode ser passada de mãe para filho quando o bebê ainda está no útero ou no momento do parto. "Embora a maioria das crianças nasçam assintomáticas, a sífilis pode levar à prematuridade e ao baixo peso ao nascer em até 25% dos casos, além de infecção no sistema nervoso central, que é a chamada 'neuro sífilis', aumento do fígado, baço, alterações de pele, como descamação na planta dos pés e na palmas das mãos, icterícia, rinite sanguinolenta, alterações no hemograma e alterações ósseas que, se não tratadas, além da dor, podem causar deformidades em longo prazo", explica a pediatra Maria Regina Bentlin, presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade de Pediatra de São Paulo (SP-SP).
Diagnóstico e prevenção
Segundo a pediatra, o diagnóstico no bebê é feito, na maior parte das vezes, a partir do diagnóstico materno. "Toda gestante deve realizar a investigação para sífilis na primeira consulta do pré-natal, no início do terceiro trimestre e no momento da internação para o parto. Deve ser investigado todo recém-nascido cuja mãe apresentou teste positivo durante a gestação, no parto ou na suspeita clinica de sífilis congênita. O exame realizado no recém-nascido, é o VDRL que deve ser comparado com o VDRL da mãe. Ele deve ser coletado do próprio recém-nascido e não do cordão umbilical", diz. Caso a criança seja dianosticada com a doença, após o tratamento, é importante que ela seja acompanhada por um pediatra até os 2 anos de idade. "Deve ser feita a realização do exame sorológico (VDRL) até sua negativação, avaliação neurológica, oftalmológica e auditiva a cada 6 meses. Crianças que tiveram neuro sífilis também precisam repetir o exame do liquor no seguimento, para controle de cura", esclarece.
+ Sífilis na gravidez, um risco silencioso
A boa notícia é que a maior proporção das gestantes com sífils (39%) conseguiu diagnosticar a doença ainda no primeiro trimestre da gestação, diminuindo os riscos de contaminação do bebê. "A sífilis congênita é uma doença 100% prevenível, desde que a gestante seja diagnosticada no início da gestação e tratada adequadamente", afirma a especialista. Ela conta ainda que alguns países americanos e europeus já conseguiram a eliminação da doença com medidas simples como acesso ao pré-natal de qualidade, realização de testes de triagem, tratamento precoce e também tratando o parceiro sexual da gestante.
O estado de São Paulo, segundo a pediatra, vem na contramão dos números nacionais e já conseguiu alguns avanços no sentido de prevenção. "O estado está desenvolvendo várias ações no sentido de garantir o pré-natal de qualidade e o tratamento precoce da gestante. A noticia boa é que em 2017 houve um desaceleração dos números de casos. A Sociedade de Pediatria de São Paulo também conta com um grupo de trabalho sobre prevenção e tratamento da sífilis congênita", finaliza.
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