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Uma gestação provoca inúmeras transformações na mulher. Algumas delas são uma delícia, como saber que, à medida que a barriga cresce, aquele pequeno está se preparando para chegar ao mundo. No entanto, há sintomas nada agradáveis, dos mais clássicos, como os enjoos e inchaços, a alguns pouco falados, caso da enxaqueca.

Segundo pesquisa, a prevalência de enxaqueca na mulher em período reprodutivo varia entre 21% e 28%, por questões hormonais — Foto: Getty Images
Segundo pesquisa, a prevalência de enxaqueca na mulher em período reprodutivo varia entre 21% e 28%, por questões hormonais — Foto: Getty Images

De acordo com o neurologista Caio Grava Simioni, do Grupo de Cefaleias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e vice-coordenador do Departamento Científico de Cefaleias da Academia Brasileira de Neurologia, a prevalência de enxaqueca na mulher em período reprodutivo varia entre 21% e 28%, por questões hormonais. “Estudos que avaliam a evolução natural da enxaqueca durante a gestação estimam que até 80% dessas mulheres continuarão a manifestar crises em algum período da gravidez”, diz o especialista.

Antes de mais nada, é importante entender a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca. A dor de cabeça não é uma doença, e sim um sintoma. “Dor de cabeça, ou cefaleia, é qualquer dor que ocorre acima de uma linha imaginária entre os olhos e os ouvidos, devido a sinais que saem de estruturas como vasos, meninges (membranas que revestem o sistema nervoso e a medula) e músculos, entre outros, que atingem locais de processamento no sistema nervoso”, define Simioni.

A cefaleia se manifesta por diversas condições já bem determinadas, que podem ser simples ou graves, como gripe ou meningite, por exemplo. Há mais de 200 tipos de dor de cabeça na Classificação Internacional de Cefaleias (ICHD-3), sendo que elas podem ser primárias (sem causa específica) ou secundárias (quando possui um fator desencadeador). A maioria delas faz parte do segundo grupo.

Isso significa que o tratamento da cefaleia deve ser direcionado para a doença em si, que está se manifestando com este sintoma. Mesmo assim, há medicamentos próprios para combatê-la, como os analgésicos. Mas aqui um alerta: exceto o paracetamol e a dipirona, a maioria desses remédios não são liberados para grávidas. Até os medicamentos considerados seguros, como os citados acima, devem ser administrados de acordo com a dosagem e o tempo prescritos pelo obstetra, para evitar a superdosagem.

“Já a enxaqueca é um dos diversos tipos de condições que se manifestam com dor de cabeça. É o sintoma mais comum, mas não o único”, descreve Fabíola Dach, professora de neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), responsável pelos ambulatórios de Cefaleia (adulto e infância) do Hospital das Clínicas da FMRP-USP e membro da International Headache Society. A doença é uma condição genética e hereditária, cuja manifestação sofre influência de fatores internos, como os já ditos aspectos hormonais, e externos, como a alimentação.

E quais seriam os demais sintomas? Como saber se é dor de cabeça ou enxaqueca? O que fazer para aliviar as crises na gestação e o que não é recomendado de jeito nenhum? Os neurologistas Caio Grava Simioni, Fabíola Dach e Marcelo Marinho, do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), respondem a essas e outras questões sobre o assunto.

Quais os principais sintomas de enxaqueca?

Ela é uma cefaleia que ocorre ao longo da vida, em crises, com duração de 4 a 72 horas, quando não tratada adequadamente. Ocorre em uma metade da cabeça, é pulsátil ou latejante, de intensidade moderada a forte – e piora com atividade físicas rotineiras como, por exemplo, subir escadas.

E não para por aí: a cefaleia da enxaqueca pode vir acompanhada de intolerância à luz (fotofobia) e ao ruído (fonofobia), náuseas ou vômitos. Estes sintomas são os mesmos que ocorrem para gestantes, com algumas peculiaridades em relação à frequência: as pacientes grávidas observam melhora da frequência e intensidade das crises, devido, principalmente, à redução da variação hormonal deste período.

Como é feito o diagnóstico?

Ele é realizado por um médico neurologista, que identifica a doença através do histórico familiar e exame clínico. Não são necessários exames complementares, como tomografia de crânio ou ressonância magnética.

Existem “gatilhos” que podem desencadear a doença?

Depende. Para algumas pessoas, sim, enquanto para outras, não. A lista de gatilhos clássicos inclui chocolate; bebidas alcoólicas, como vinho tinto e cerveja; alimentos embutidos, gordurosos e condimentados; queijos amarelos; jejum prolongado; privação ou excesso de sono; estresse; menstruação; exposição a odores, como perfumes ou solventes; exposição prolongada à luz solar e a luzes cintilantes e mudança brusca de temperatura.

“A verdade é que é algo muito individual”, diz o neurologista Marcelo Marinho, da UFRN. A orientação do especialista é aprender a identificar os gatilhos para reduzir a exposição ou até excluí-los do dia a dia.

50% é quanto aumenta o risco de parto prematuro e natimortos entre gestantes que usaram analgésicos e anti-inflamatórios sem prescrição médica
— Fonte: Universidade de Aberdeen (Escócia)

Enxaqueca tem cura?

Infelizmente, não. Como você viu no início da reportagem, existem dores de cabeça primárias e secundárias. As enxaquecas se enquadram na primeira categoria. Nesse caso, em vez de cura, os especialistas preferem o termo controle, uma vez que elas estão associadas a outros sintomas que têm origem genética.

Já as dores de cabeça secundárias, ou seja, aquelas com uma causa determinada, podem ser extintas quando o problema de origem for resolvido. Um exemplo: se alguém tem dor de cabeça relacionada a uma meningite e a tratou corretamente, o esperado é que a dor desapareça depois.

A doença pode surgir na gestação?

Sim, ela pode se manifestar em diversas fases da vida, inclusive, durante o período gestacional. A maior incidência (número de casos novos), todavia, ocorre em pessoas entre 20 e 30 anos. Tanto que normalmente desaparecem após a menopausa. Mas, caso você já sofra de enxaqueca, saiba que elas tendem a aparecer com a mesma frequência no primeiro trimestre da gestação. Porém, eis aqui uma boa notícia: grande parte das mulheres apresenta melhora a partir do segundo trimestre, segundo os especialistas ouvidos pela CRESCER.

Quando a gestante deve procurar um médico?

É importante comunicar ao obstetra que faz o acompanhamento do pré-natal qualquer sintoma, incluindo as dores de cabeça. Se necessário, ele irá encaminhar a grávida a um neurologista.

O que pode ser necessário quando:

  • Surgir uma nova dor de cabeça, sem motivo aparente;
  • A mulher já tem um diagnóstico prévio, mas teve uma mudança no padrão, como quando a dor passa a despertá-la do sono;
  • Há piora do quadro clínico;
  • Surgem novos sinais e sintomas, como fraqueza, sensibilidade para andar etc.

Quais as formas de prevenir as crises durante os nove meses?

A principal recomendação para as futuras mães é manter hábitos de vida saudáveis. Portanto, a dica é investir em uma alimentação equilibrada, com intervalos regulares, manter-se sempre bem hidratada, dormir bem, fazer atividade física regularmente (desde que não seja contraindicada pelo obstetra) e, se possível, evitar situações de estresse. Nesse último caso, meditação e técnicas de relaxamento também ajudam.

Como é feito o tratamento de enxaqueca na gravidez?

O tratamento pode ser comportamental ou farmacológico durante o período da dor, incluindo algum analgésico, compressas geladas sobre a cabeça e até mesmo dormir. Mas também vale investir em um método preventivo, a fim de diminuir a frequência e a intensidade das crises – como exercícios físicos, hidroterapia e acupuntura.

Essa escolha depende das características da própria doença, principalmente, em relação à sua durabilidade. Nos casos mais graves, o tratamento inclui ainda procedimentos anestésicos para aliviar a dor e eletroestimulação para prevenir as crises. Tudo isso, claro, só deve ser feito com orientação do obstetra e do neurologista. “É válido informar que, mesmo os analgésicos simples, vendidos sem prescrição médica, trazem potencial risco à gestante, se utilizados em demasia”, alerta Simioni, do HCFMUSP.

Uma pesquisa feita pela Universidade de Aberdeen (Escócia), em 2022, com base em 150 mil gestações, concluiu que grávidas que tomam analgésicos e anti-inflamatórios são mais propensas a ter partos prematuros e natimortos – entre aquelas que usaram medicações como paracetamol e ibuprofeno sem receita médica as taxas são até 50% mais altas.

E os remédios naturais, funcionam?

Existem tratamentos indicados para gestantes chamados de nutracêuticos, que atuam na prevenção de crises. São vitaminas e minerais que podem auxiliar nesta fase, sempre prescritos por médicos ou nutricionistas. Além disso, há evidências de que alimentos ricos em magnésio, como certas verduras (como acelga e espinafre), castanhas, sementes de abóbora e legumes, são aliados na redução dos episódios de dor. Assim como o chá de gengibre. Mas o assunto divide opiniões entre a comunidade médica.

“Apesar de haver alguns estudos a respeito, não existe nenhuma dieta comprovadamente eficaz para o controle das crises de enxaqueca até o momento”, afirma a neurologista Fabíola Dach, da FMRP-USP. Na dúvida, desde que esses alimentos façam parte de sua alimentação e não sejam contraindicados por algum motivo durante a sua gestação, não custa experimentar.

O que é enxaqueca com aura?

A aura é definida como um fenômeno neurológico reversível, que dura de 5 a 60 minutos. Ela pode aparecer até uma hora antes da dor de cabeça. A mais comum é a visual, em que o paciente pode enxergar “campos brilhantes”, “estrelinhas”, “buracos” e até mesmo experimentar uma perda da visão em uma metade do campo visual (o que é conhecido por hemianopsia), entre outros sintomas.

Depois do nascimento do bebê, a doença tende a desaparecer?

Em geral, as gestantes que apresentam melhora das crises de enxaqueca nos dois últimos trimestres de gestação têm grande chance de que ela se mantenha durante, pelo menos, os primeiros meses de amamentação. No entanto, os quadros são bastante variáveis, ou seja, as pacientes podem ficar bem durante todo o período de aleitamento ou, então, apresentar piora desde o início. Mais uma vez, vai depender de cada mulher. Por isso, saber de todas essas particularidades da doença é tão importante. Especialmente na gravidez, não é mesmo?

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