Comportamento
 


A gravidez é uma fase de muitas mudanças. A preparação para a chegada do bebê mexe não só com o corpo da mulher, mas também com o seu emocional. É natural que a gestante se sinta mais melancólica, ansiosa, estressada... E, querendo ou não, essa montanha-russa de emoções também pode acabar afetando o bebê.

Grávida com a mão na barriga — Foto: Freepik
Grávida com a mão na barriga — Foto: Freepik

"Na gestação, a mulher está em íntima conexão com o bebê. Não só por causa da troca de nutrientes e de oxigênio, mas também por causa da troca das emoções e dos hormônios", explica a ginecologista e obstetra Camille Rocha Risegato, da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).

Em outras palavras, é como se o feto, ainda em formação, funcionasse como uma "esponja" que absorve as emoções da mãe. Quando ela está feliz, calma e relaxada, o bebê também pode sentir esses sentimentos positivos. Por outro lado, emoções negativas, como o estresse constante, podem afetar o bebê de formas mais sérias e duradouras.

O estresse pré-natal e a epigenética

O nosso corpo libera hormônios diferentes, dependendo do que estamos sentindo. No caso das grávidas, esses hormônios atravessam a placenta, chegam até o bebê e acabam influenciando o ambiente uterino. "Quando a gente se estressa, por exemplo, libera uma série de substâncias, como o cortisol. E isso é mandado diretamente para o bebê. Então, ele vai compartilhar desses sentimentos também", diz Camille.

Já existem alguns estudos científicos, inclusive, que comprovam tudo isso. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Cincinnati (EUA) tentaram justamente entender como o estresse durante a gravidez afeta o bebê. Depois de acompanhar 5.500 pessoas, eles observaram que ele pode, por exemplo, entre outras coisas, impactar o desenvolvimento neurológico do feto.

“Descobrimos que quando a mãe experimentava uma quantidade cumulativa de estresse durante a gravidez, havia, de fato, uma associação com a metilação do DNA no sangue do cordão umbilical, que é uma espécie de modificação epigenética no bebê que está se desenvolvendo no útero”, diz a pesquisadora Anna Ruehlmann, uma das autoras do estudo.

Grávida sonolenta — Foto: Freepik
Grávida sonolenta — Foto: Freepik

Resumindo, os autores do estudo descobriram que o estresse materno pode afetar os genes do bebê, fazendo com que eles se expressem de forma diferente. Isso, é claro, pode trazer consequências para o seu desenvolvimento no futuro. É o que chamamos de epigenética.

Para ficar mais fácil de entender, imagine o DNA como uma receita de bolo. Os genes são os ingredientes e a epigenética são as instruções de preparo. Quando seguimos as instruções exatamente como deveriam ser, tudo corre dentro do esperado. Agora, quando mudamos algum detalhezinho, assumimos o risco de o resultado não ser exatamente o que imaginamos. O estresse materno durante a gravidez pode ser comparado a levar o bolo ao forno em uma temperatura maior do que deveria, por exemplo. Essa decisão pode alterar o sabor do bolo ou até mesmo fazer com que ele não cresça direito. Assumimos um risco, mas não dá para saber de antemão quais exatamente serão as consequências.

As consequências do estresse na gravidez

Segundo um outro estudo, publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, mais de 75% das gestantes acabam apresentando sinais de estresse durante a gravidez. Isso não quer dizer, porém, que todas elas terão suas gestações impactadas por causa disso.

"No mundo que vivemos hoje, basta estar vivo para estar estressado. Uma única situação pontual e rotineira de estresse dificilmente vai impactar de maneira negativa a gravidez. Essas consequências normalmente aparecem quando o estresse se manifesta de forma crônica ou de forma aguda", afirma Camille Rocha, obstetra da AMCR.

Além de alterar o desenvolvimento cerebral do bebê, como já citamos, o estresse na gravidez também pode levar a outros tipos de consequências. Pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) observaram em um estudo, publicado em 2020, que o estresse pré-natal pode estar relacionado a gestações mais curtas e a partos prematuros, por exemplo.

A pesquisa mostrou que o tipo de consequência também pode variar, dependendo do tipo de estresse ao qual a gestante foi submetida. "Durante a gravidez, exposições agudas ou episódicas ao estresse, como eventos negativos da vida ou grandes catástrofes, têm sido mais consistentemente associadas ao risco de parto prematuro, enquanto que estressores crônicos e sofrimento emocional têm sido mais frequentemente encontrados para aumentar o risco de baixo peso ao nascer", dizem os pesquisadores.

A obstetra Camille Rocha, da AMCR, concorda. "A liberação de cortisol provocada por uma situação pontual estresse pode deixar o bebê mais agitado, aumentar a frequência cardíaca, levar a um sangramento... Já o estresse contínuo pode levar a uma redução significativo de peso, com crianças nascendo menores, e favorecer o aparecimento de pressão alta na mãe, por exemplo."

E ainda tem mais. Já há estudos que mostram que o estresse durante a gravidez pode fazer com que as crianças tenham problemas de comportamento lá na frente, apresentem dificuldades para dormir... Quando o emocional e o físico da mãe estão desajustados, a gravidez pode se desajustar também. Justamente por isso, é tão importante tentar manter uma rotina saudável, as emoções controladas, dentro do possível, e, claro, fazer um acompanhamento pré-natal. "Principalmente com mulheres que já têm esse perfil mais ansioso, precisamos sempre observar o desenvolvimento do bebê. E, se houver algo de errado, entender o que podemos mudar dentro da rotina da mãe para minimizar as consequências", explica Camille.

O que fazer para controlar o estresse na gravidez

Algumas mudanças simples na rotina podem ajudar a tornar o ambiente menos estressante e mais leve. Olha só:

1. Mantenha uma rotina de autocuidado: isso significa tentar achar pequenas brechas durante o dia para tirar um tempinho para si. Pode ser um banho mais demorado, um intervalo para ler um livro, uma bebida gostosa antes de dormir...

2. Aposte em técnicas de relaxamento: a meditação, o yoga, o mindfullness... Tudo isso pode ajudar a acalmar os ânimos quando as coisas parecem ficar mais difíceis. Cinco minutinhos por dia já podem ser suficientes para que você se reconecte com o que importa

3. Tenha "amigas de barriga": é muito reconfortante quando nos conectamos com pessoas que estão enfrentando as mesmas dificuldades e inseguranças que as nossas. Busque conversar com amigas que também são mães ou busque grupos de apoio (físicos e virtuais) para gestantes

4. Acione sua rede de apoio: não tenha medo de pedir ajuda e nem se sinta inibida de compartilhar suas angústias. Quando sentir que está sobrecarregada, pare e pense: como as pessoas que estão perto de mim poderiam me ajudar a me sentir melhor?

5. Faça o pré-natal psicológico: se tiver condições para isso, o acompanhamento de um psicólogo pode ajudar (e muito). Nada como um atendimento especializado para nos guiar num momento com tantas novas descobertas e transformações

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