Como qualquer criança, Maya Mroczkowska, de Snodland, Kent, na Inglaterra, estava radiante em seu primeiro aniversário. Ela abriu presentes, foi ao parque e ficou com a família. Porém, completar um ano de vida, no caso dela, significava muito mais, porque parecia impossível. Isso porque, desde que nasceu, ela luta contra o câncer, saindo e entrando de hospitais, passando por exames invasivos e recebendo tratamentos pesados como quimioterapia.
![Maya nasceu com leucemia e foi diagnosticada com seis semanas de vida — Foto: Reprodução/ The Mirror](https://cdn.statically.io/img/s2-crescer.glbimg.com/YkFj2a4lcOqWhQkL-20Rt3F3brI=/0x0:1200x583/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2024/F/N/sVUaZvTQ2zAwFRBCdhDg/leucemia-maya.jpg)
“Tivemos um dia muito relaxante, porque Maya tem que ter cuidado com o risco de infecções após o tratamento”, disse Daisy, a mãe dela, ao The Mirror. “Abrimos os presentes pela manhã, almoçamos e fomos a um pequeno parque, que não estava cheio, e higienizamos um balanço para Maya brincar. Então, depois que chegamos em casa, sua avó, prima, tia e tio vieram comer um bolo. Foi lindo e Maya ficou muito feliz”, relata.
Apesar de ter nascido com leucemia, a pequena foi diagnosticada seis semanas depois. Durante esse período, o câncer progrediu, o que tornou o tratamento mais desafiador. Depois de um curto período de internação em uma unidade de terapia intensiva, Maya foi transferida para o Hospital Great Ormond Street (GOSH). Lá, iniciou um tratamento intensivo de quimioterapia, além de precisar repetir várias vezes os exames de punção lombar, em que uma agulha é inserida no canal espinhal para coletar fluido e ajudar a diagnosticar doenças. O tratamento de quimioterapia foi difícil para Maya e causou úlceras na boca e outras lesões, porque seu sistema imunológico estava muito baixo.
Assim que a condição da bebê se estabilizou, ela começou outra rodada de quimioterapia e depois imunoterapia. Aos 5 meses de idade ela foi submetida a um transplante de medula óssea e teve uma recuperação complicada. Finalmente, em dezembro do ano passado, ela tocou a campainha do hospital, o que significava que ela tinha chegado ao fim do tratamento. Mas, infelizmente, em janeiro deste ano, ela teve uma recaída e precisou começar o tratamento de novo.
Ela segue fazendo terapia com células T-CAR, uma forma de imunoterapia, com taxa de sucesso de 30 a 40% para remissão do tumor a longo prazo. A esperança é acabar com o câncer de uma vez por todas. "A equipe me fez sentir muito acolhida”, diz Daisy. “Eles estavam tratando Maya como parte da família. As enfermeiras eram muito, muito atenciosas. Mesmo que eu estivesse tendo um dia ruim, elas simplesmente vinham para conversar. Elas eram tudo tão reconfortante”, elogiou a mãe. “Cada dia é um novo desafio”, conclui.
"Mas Maya é muito forte. Todos os dias ela me deixa muito orgulhosa dela. Ela está sempre tão feliz. Quero que ela cresça com sua irmã Bonnie, que tenha os melhores relacionamentos e que seja capaz de fazer tudo”, espera a mãe. “Maya me dá essa força que eu nem sabia que tinha. Quando ela está perto de mim, ela simplesmente me dá esse sentimento”, completa.
O que é leucemia?
De todos os tipos de câncer que surgem na infância, a leucemia é o mais comum. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ela representa 28% dos casos entre os pacientes oncológicos. Na prática, isso significa que, de cada três crianças com câncer, pelo menos uma delas vai receber o diagnóstico de leucemia.
Os cânceres surgem quando as nossas células começam a se multiplicar de forma diferente do que deveriam, muito rápido e de forma desordenada. Isso pode acontecer com células de qualquer parte do nosso corpo. Quando ocorre com as células do nosso sangue, o câncer é chamado de leucemia.
A leucemia não é uma doença que se manifesta sempre da mesma forma. A maneira como ela vai aparecer depende de alguns fatores, como o tipo de célula do sangue afetada. No caso das crianças, existem três tipos de leucemias que são mais comuns. De forma geral, elas podem ser classificadas em:
- Aguda ou crônica: essa classificação diz respeito ao estágio de desenvolvimento das células afetadas. As células sanguíneas se formam a partir de células-tronco, encontradas dentro da medula óssea. As células-tronco têm a capacidade de dar origem a muitos tipos de células diferentes. Aos poucos, elas vão se subdividindo e amadurecendo até, por fim, ganharem funções específicas e se tornarem glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas...
- Linfoide ou mieloide: essa classificação diz respeito ao tipo de célula do sangue afetada. Normalmente, a doença afeta as células de defesa do sangue, os chamados glóbulos brancos. "As leucemias podem ser classificadas em linfoides (ou linfoblásticas) e mieloides (ou mieloblásticas), de acordo com os tipos de glóbulos brancos que comprometem", diz a SBP.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, os diagnósticos mais comuns na infância costumam ser:
- Leucemia linfoide aguda (LLA): 75% a 80% dos casos de leucemia em crianças
- Leucemia mieloide aguda (LMA): 15% a 20% dos casos de leucemia em crianças
- Leucemia mieloide crônica (LMC): 2% a 5% dos casos de leucemia em crianças