Saúde
 


O pequeno Lucca Ferreira, hoje com quatro meses, de São Paulo, teve um começo de vida difícil. Logo após o nascimento, ele foi diagnosticado com uma cardiopatia congênita grave, chamada Transposição das Grandes Artérias (TGA) e precisou passar por uma cirurgia de correção com apenas nove dias. "Foi um susto muito grande", diz a mãe, Vânia Ferreira, 39, em entrevista exclusiva à CRESCER.

Lucca ficou 36 dias internado — Foto: Arquivo pessoal
Lucca ficou 36 dias internado — Foto: Arquivo pessoal

Ela engravidou em junho de 2023 e, com 26 semanas de gestação, foi diagnosticada com diabetes gestacional e começou a fazer controle da glicemia. A gravidez seguia sem intercorrências até que, em dezembro de 2023, com 31 semanas, Vânia realizou o ecocardiograma fetal pela primeira vez - apesar desse exame normalmente ser feito entre 18 e 24 semanas, o seu obstetra não a orientou a fazer antes. Durante o exame, o médico desconfiou que o bebê tinha alguma alteração nas artérias.

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Mas, como o já bebê estava grande, devido à idade gestacional avançada e à diabetes gestacional, não era possível confirmar a suspeita. O exame foi repetido em janeiro, mas ainda assim não era possível diagnosticar com exatidão. Por isso, ela foi orientada a realizar um novo ecocardiograma quando o bebê nascesse.

Transposição das Grandes Artérias

Em 23 de janeiro de 2024, com 37 semanas e seis dias, nasceu Lucca. No parto, os médicos logo perceberam que tinha algo errado. "Quando cortaram o cordão umbilical e o trouxeram para perto de mim, ele começou a ficar com a cor diferente. A pediatra tinha a hipótese de que ele estava com falta de oxigenação e já chamou um cardiologista para fazer o ecocardiograma", diz Vânia.

Com isso, ela e marido a notícia que o filho tinha Transposição das Grandes Artérias (TGA). "É uma condição cardíaca congênita na qual as duas principais artérias que saem do coração estão trocadas de posição. Normalmente, a artéria pulmonar, que leva sangue desoxigenado do coração aos pulmões, sai do ventrículo direito, e a aorta, que leva sangue oxigenado do coração para o corpo, sai do ventrículo esquerdo. Na TGA, essa conexão é invertida: a aorta sai do ventrículo direito e a artéria pulmonar sai do ventrículo esquerdo", explica Monica Shimoda, cardiologista pediátrica e chefe do serviço de Cardiologia do Hospital e Maternidade Santa Joana.

De acordo com a especialista, essa malformação resulta em duas circulações em paralelo: uma que circula sangue oxigenado apenas pelos pulmões e outra que circula sangue desoxigenado pelo corpo, o que não é compatível com a vida. "Para sobreviver, um bebê com TGA precisa de uma comunicação entre as duas circulações para permitir a mistura de sangue oxigenado e desoxigenado", afirma. Por isso, é preciso corrigir o problema o quanto antes por cirurgia.

'Foi um susto muito grande'

No mesmo dia em que nasceu, devido à gravidade do caso do Lucca, eles precisaram ser transferidos da instituição em que estavam para o Hospital e Maternidade Santa Joana, que é especializado em alta complexidade e poderia realizar o procedimento de correção.

Não foi nada fácil para Vânia ter que lidar com todas essas informações logo após dar à luz, ainda mais porque, sem o diagnóstico precoce, ela foi pega de surpresa. "Foi um susto muito grande. Se eu soubesse antes, eu até poderia estar mais preparada. Eu não tive nenhum repouso pós-parto, foi um estresse para mim e para o meu marido", destaca.

Lucca passou por um cateterismo - procedimento para diagnosticar ou tratar doenças cardíacas, por meio da introdução de um cateter, que é um tubo flexível extremamente fino e longo, na artéria do braço ou da perna, que será conduzido até o coração - com apenas dois dias de vida. Em 1 de fevereiro de 2024, fez a cirurgia de correção da Transposição das Grandes Artérias (TGA), conhecida como Cirurgia de Jatene (Troca Arterial). "O procedimento cirúrgico padrão envolve a inversão das grandes artérias (aorta e artéria pulmonar) para suas posições normais, restabelecendo a circulação normal do sangue", diz Monica Shimoda.

'Senti uma falta terrível do bebê'

Após o procedimento, Lucca precisou ficar internado na UTI Neonatal. "Eu cheguei em casa três dias depois do parto, quando tive alta da maternidade, e senti uma falta terrível do bebê, foi muito difícil mesmo", lembra. Vânia visitou o filho todos os dias. "A vida de UTI é bem cansativa, ainda mais porque era um momento em que eu deveria estar fazendo repouso. Mas, se eu ficava em casa eu ficava muito mal. Por mais que ele estivesse intubado, eu queria ficar perto dele, dando força. O hospital virou a nossa segunda casa", diz.

Felizmente, o menino respondeu bem à cirurgia e foi evoluindo cada vez mais. Depois de 36 dias de internação, Lucca recebeu alta e pôde ir para casa! "Foi uma benção! Eu achava que estava sonhando, nem podia acreditar! Para quem está passando por isso, 36 dias parecem meses, parece que o tempo não passa", afirma. "O primeiro dia que ele veio para casa também foi muito novo para a gente, tivemos que nos acostumar com a nova rotina", acrescenta.

Agora, o pequeno está se desenvolvendo bem. "Ele continua fazendo acompanhamentos com a cardiologista, que sempre pede ecocardiograma e raio-x do tórax, além de acompanhamentos com pediatra. Ele também toma vitaminas e um remédio para pressão", explica Vânia. "Eu acho que tudo deu certo por linhas tortas. Se tivesse um diagnóstico precoce eu teria conseguido me preparar para tudo isso. Eu acho que tem que ter muita atenção com o profissional para fazer o acompanhamento da gravidez e fazer um bom pré-natal, porque conseguiria evitar muita coisa", finaliza.

Lucca com Vânia e Lincoln (pai) — Foto: Arquivo pessoal
Lucca com Vânia e Lincoln (pai) — Foto: Arquivo pessoal

Mais sobre a TGA

A Transposição das Grandes Artérias (TGA) é uma condição cardíaca congênita e, segundo a cardiologista pediátrica do Hospital e Maternidade Santa Joana, suas causas específicas ainda não são completamente compreendidas. "No entanto, existem vários fatores de risco e condições que podem aumentar a probabilidade de um bebê nascer com TGA. Entre eles estão: antecedente familiar de cardiopatia congênita, doenças maternas mal controladas (Diabetes Melitus, Hipertensão Arterial), infecções maternas durante a gravidez (rubéola, por exemplo), uso de certas medicações, drogas, álcool e idade materna avançada", afirma.

"Apesar desses fatores de risco, é importante notar que a maioria dos casos de TGA ocorre ao acaso, sem uma causa identificável. A genética e o ambiente desempenham papéis complexos e interligados no desenvolvimento desta condição", acrescenta.

Como é feito o diagnóstico?

"O diagnóstico da Transposição das Grandes Artérias (TGA) geralmente é feito por meio de uma combinação de métodos clínicos e exames de imagem para possibilitar a definição do tratamento adequado", diz Mônica Shimoda. Os principais métodos de diagnóstico incluem:

  • Ecocardiograma fetal: ultrassom especial do coração do feto realizado durante a gravidez, geralmente entre 18 e 24 semanas de gestação, que pode detectar anomalias na estrutura do coração, incluindo TGA.
  • Exame físico pós-natal: após o nascimento, um bebê com TGA pode apresentar sinais como cianose (coloração azulada da pele e das mucosas), dificuldade respiratória e baixo nível de oxigênio no sangue. Esses sinais podem levar o médico a suspeitar de um defeito cardíaco congênito.
  • Ecocardiograma pós-natal: principal exame diagnóstico para TGA. O ecocardiograma é usado para visualizar as estruturas cardíacas e a circulação sanguínea, confirmando a posição das artérias e a existência de TGA.
  • Oximetria de pulso: mede o nível de oxigênio no sangue do bebê. Níveis baixos de oxigênio podem indicar problemas cardíacos congênitos, incluindo TGA.
  • Radiografia de tórax: pode ser realizada para avaliar a forma e o tamanho do coração e dos pulmões, ajudando a identificar anomalias estruturais.

'Com o tratamento adequado, as crianças com TGA podem ter uma vida saudável'

"O tratamento da TGA envolve intervenções médicas e cirúrgicas para corrigir a circulação sanguínea e garantir que o sangue oxigenado possa ser distribuído adequadamente pelo corpo", diz Shimoda. Como já mencionado, o tratamento é cirúrgico para fazer a inversão das grandes artérias para suas posições normais. É urgente e deve ser feito nas primeiras semanas de vida. "Se houver defeitos adicionais, como um defeito do septo ventricular (DSV) ou persistência do canal arterial (PCA), eles são corrigidos durante a mesma cirurgia", diz a cardiologista pediátrica. "Com o tratamento adequado e um acompanhamento contínuo, muitas crianças com TGA podem ter uma vida relativamente normal e saudável", destaca.

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