Gastronomia
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A festa do Guia Michelin foi carioca: teve Guilhermina Guinle como mestre de cerimônia da premiação, que aconteceu no salão do Copacabana Palace — icônico hotel que remete à família da atriz —, e show da Maria Luiza Jobim, filha de Tom Jobim, que cantou vários hits do pai e depois foi conhecer o Hall da Fama do Copa, que tem foto do maestro entre as de outras celebridades expostas na parede. "Essa foto quem fez foi a minha mãe", apontou Luiza.

No palco e no telão, houve mais restaurantes paulistanos mencionados/premiados do que do Rio. Mas isso é um quadro recorrente, que não chega a tirar o brilho da festa, nem desbotar os sorrisos dos chefs presentes. Afinal, a publicação traz algumas conquistas de peso para a gastronomia carioca.

Maíra Freire, do Lasai, subiu ao palco para receber um prêmio importantíssimo: de melhor serviço de vinho. Uma mulher e de uma casa do Rio.

— Nem sabia que haveria essa categoria na premiação — me disse Maíra. Não demorou muito, ela comemorou outro feito e tanto: a subida do Lasai para o time dos restaurantes 2 estrelas Michelin. Foi uma comoção ver Rafa Costa e Silva ao lado de Felipe Bronze, do Oro, o primeiro restaurante a ganhar 2 estrelas no Rio. Segue com elas, assim como Alberto Landgraf, do Oteque, e Alex Atala, do D.O.M., em São Paulo. Outras duas casas paulistanas passaram a ostentar duas estrelas: Tuju e Evvai.

— É inacreditável eu estar ao lado do Atala, meu ídolo — disse Rafa, comovido.

Bom ver casas novas serem reconhecidas e entrarem na seleção de restaurantes indicados. É o caso do Toto, de Thomas Troigros, com poucos meses de funcionamento e uma das melhores novidades do momento. E do Tiara (de Rafa Gomes), do Nosso (de Bruno Katz), do Ocyà (de Jeronimo Athuel) e do Nôa (de Gonzalo Vidal), que engrossam o caldo dos 29 estabelecimentos cariocas recomendados no guia. Merecido ainda ver os dois restaurantes de Claude Troisgros indicados (a filial paulista também).

O Sult, italiano descolado de Nelson Soares, e o Brota, de Roberta Ciasca, aparecem na leva dos Bib Gourmand, de casas com bom custo-benefício. São 37 Bibs ao todo — com 12 estreantes entre Rio e São Paulo.

Foram 15 restaurantes agraciados com uma estrela Michelin, 8 de edições anteriores e 7 novos. No Rio, entrou o carioca San Omakasê, espaço com menos de um ano. É uma joia mesmo.

— Somos o único japonês do Rio com estrela. O Mee é asiatico — festejava Martin Vidal, um dos sócios.

Mas há escorregadas.

O Cipriani, de Nello Cassese, merecia a sua segunda estrela, por tudo e por todos. Luigi Moressi, do Gero Rio, é outro desdenhado na edição, faz uma cozinha irretocável. Nido, do Rudy Bovo, é outro esquecido. E faltou Elia Schramm com seus restaurantes corretíssimos, e talvez um olhar mais atento ao Haru, que desponta entre os grandes japas da cidade. Faltou muita coisa boa e nova do Rio.

O grande frisson mundo afora, ao contrário do merecimento de uma estrela, é a retirada dela. Já teve chef que se matou só na hipótese de perder uma. Não tem sido bem assim por aqui. As casas que entraram na última edição, em 2020, foram mantidas integralmente. A impressão é que checaram quem havia fechado nos últimos quatro anos. Então, lá estão espaços que perderam o viço e a importância. No telão, lá estavam nomes como Mr. Lam e L' Etoile, casas sem maiores expressões no cenário gastronômico carioca. Havia outras também.

Talvez tenha faltado tempo aos inspetores. Ano que vem deve melhorar. Em 2026, então, a turma vai estar tinindo. Vamos aguardar.

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