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Por Leonardo Ávila Teixeira


Encontros sóbrios são opção crescente para público de apps de namoro — Foto: Getty Images
Encontros sóbrios são opção crescente para público de apps de namoro — Foto: Getty Images

Uma cerveja para se soltar ou uma romântica taça de vinho a dois não vem sendo parte das estratégias amorosas de parte da população global, apontam duas das principais plataformas de namoro. 34% dos usuários do aplicativo de relacionamentos Bumble dizem que hoje é mais provável que tenham um encontro sem álcool (aquilo que o serviço apelida de 'dry dating') do que antes da pandemia, segundo levantamento divulgado pela marca em dezembro.

Da mesma forma, um entre cada quatro jovens solteiros (entre 18 a 25 anos) no Tinder diz ter bebido menos em encontros em comparação com o ano passado, e 72% dos membros do app disseram em seus perfis que não bebem ou o fazem apenas ocasionalmente. O uso do emoji de tim-tim dentro do aplicativo chegou a cair 40%, disse a marca em novembro - sinais do que o Tinder chama, por sua vez, de 'sober dating'.

Ambas as plataformas arriscam que esse comportamento começa pelo bolso. "O 'sober dating' vem aumentando ao longo dos últimos anos, mas teve um crescimento muito grande em 2022, quando percebemos também que cresceram as menções a diferentes atividades para primeiro encontro, com foco principalmente nos 'encontros em conta'", diz porta-voz do Tinder em troca de mensagens com a GQ Brasil.

O fator 'pagar a conta' também foi observado pelo Bumble. 64% dos brasileiros, segundo a plataforma, estão mais interessados em encontros informais, com pouco de sofisticação. E pode se enganar aqueles que buscam ostentar (seja pela qualidade do drinque ou pelo preço do rótulo): 1 em cada 3 pessoas ficam menos impressionadas com primeiros encontros exagerados.

"Pós-pandemia, observamos que os solteiros preferem cada vez mais encontros casuais e criativos no lugar dos tradicionais drinques ou jantares", conclui representante do Tinder. No lugar, apaixonados estão priorizando programas como passeios de bicicleta, piqueniques ao ar livre e caminhadas, comenta - mais econômicos e certamente mais sóbrios.

Para Samantha García, diretora do Bumble na América Latina, há também um quê de saúde mental. "A mudança pós-pandêmica [deixou as pessoas] exaustas. Em resposta a isso, vimos que as pessoas no Bumble agora priorizam identificar e definir seus limites de forma mais clara", diz em comunicado para jornalistas.

Para outras pessoas, o 'dry dating' é uma realidade há algum tempo. É o caso da estudante paulistana Giovanna, de 21 anos. "Já faz uns três anos que eu não gosto de álcool. Na verdade desde a primeira vez que eu tomei eu não curti muito. Não é nem por um crença, ou uma questão social, é que eu não gosto do gosto e da sensação de queimação", diz. Giovanna, que tem histórico de insônia, também fala que a bebida tende a piorar o quadro. "Quando eu bebo não consigo dormir direito, fico bem cansada", comenta.

A opção pessoal, segundo ela, nem sempre afeta diretamente a ideia de onde ir para um encontro, mas ainda tem certos contornos de tabu. "Às vezes elas querem ir para um bar e eu vou. Mas fico no refrigerante, e vez ou outra estranham", comenta.

"Geralmente me perguntam: 'Ah, como assim você não bebe?' ou ficam achando que há uma razão por trás disso, além de eu simplesmente não gostar", diz a jovem. Por outro lado, a sobriedade, garante, nunca chegou a ser um impeditivo em um relacionamento. "Nunca sai com alguém que me forçasse, mas elas estranham mesmo", lamenta.

Giovanna é parte de uma população (a Geração Z, nascida entre 1995 e 2000) para quem o álcool parece ter perdido parte de seu status como 'lubrificante social'. Levantamento do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) mostra que o número de jovens brasileiros entre 18 e 24 que apresentam consumo abusivo de bebidas alcóolicas chegou a um pico em 2019 (25,82% dos entrevistados) mas caiu ano a ano até chegar a 19,28% em 2021, o menor patamar dos últimos 7 anos. A queda é mais notável entre homens: 22,14%, a menor taxa da série histórica, que vai até 2006.

Em 2021, pesquisa realizada pelo Google aponta que, para 41% dos jovens da Geração Z, o álcool, é associado à "vulnerabilidade", "ansiedade" ou mesmo "abuso". E quando redes sociais são uma vitrine constante e imediata (para amigos, mas também familiares e colegas de trabalho), quase metade dessa população (49%) se preocupa com sua imagem online quando saem para beber e socializar.

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