O Brasil já teve diversas moedas até chegar na que utilizamos hoje. Algumas, seja pelo tempo ou por fazerem parte de edições comemorativas, se tornaram itens de coleção. A relevância não é apenas pela simbologia, mas também seu valor. Recentemente, foi a moeda de 1 cruzeiro (Cr$), de 1983, que trazia a ilustração da cana-de-açúcar, que voltou a ter destaque na internet
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Criada durante o governo de João Figueiredo, o último presidente militar do Brasil, apenas 100 mil unidades foram produzidas na época. O objeto de metal, com borda lisa e 3.230 gramas, homenageia a cana no centro.
A escolha do cana-de-açúcar para marcar a moeda diz respeito à importância que o produto tinha — e ainda tem — para a economia brasileira, seguindo em alta mesmo 41 anos depois. Além dela, outros alimentos relacionados à agricultura já foram estampados no dinheiro brasileiro: café e soja.
Para a safra 2023/24, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou uma série de recordes no setor de cana, com a maior produção de cana, de açúcar e de etanol anidro, além da alta nas exportações de adoçante.
Segundo a entidade, o clima favoreceu a colheita de 713,2 milhões de toneladas, números 16,8% maior ao ano anterior. Entre os Estados, São Paulo se destaca com 50 milhões de toneladas colhidas, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Goiás aparece na sequência, seguido por Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Quanto vale a moeda cana-de-açúcar?
Quanto mais rara é a moeda, maior será o preço no mercado numismático, setor de compra, venda e avaliação do dinheiro. No caso do cruzeiro, vigente entre maio de 1970 e 1986, nem todos os valores costumam integrar as coleções.
Recentemente, um vídeo que circulou nas redes sociais dizia que a moeda cana-de-açúcar poderia valer até R$ 100 mil, mas a informação não é verdadeira. Ainda que os colecionadores possam colocar seus itens à venda pelo preço que desejarem, há um certo padrão de mercado.
Segundo o numismata Gustavo Olivera, a moeda cana-de-açúcar é realmente raro, mas não é tão valioso quanto sugere a publicação viral.
“Devo ter umas doze moedas de 1983, elas costumam valer R$ 80. Como as pessoas ganham por visualizações, muitos querem viralizar. O YouTube está lotado de desinformação sendo monetizada. Certa vez, vi uma imagem da moeda das Olimpíadas. Foram feitas 20 milhões de cada e estavam sendo vendid as a R$ 7 mil, mesmo sem valor para coleção. Tem muitos que acreditam”, explica.
Ainda segundo o especialista, há outras mais valiosas que possuem até lista de espera para a compra, como as cédulas de 500 réis, de 1932, que podem chegar a R$ 1,3 mil ou a moeda de cinco centavos, de 1990, que pode valer R$ 580.
Olivera conta que quem tem notas de Cr$ 1 e Cr$ 2 cruzeiros de 1965 pode desembolar entre R$ 450 e R$ 350, respectivamente, ao vendê-las.