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O mercado que envolve equinos é lucrativo e apresenta preços altos e variados em todo mundo. Além da beleza, de excelente acuidade visual e da velocidade, são animais muito valiosos. O cavalo mais caro do mundo é o Fusaichi Pegasus, da raça puro-sangue inglês, comprado por US$ 70 milhões.
Na cotação atual, o valor seria algo em torno de US$ 126 milhões, mais de R$ 600 milhões. Passados 24 anos, nenhum outro superou o valor da negociação. Saiba mais sobre ele e outros destaques e entenda o que está por trás do alto preço destes animais.
Fusaichi Pegasus, o cavalo mais caro do mundo
O cavalo foi adquirido pela Coolmore Stud, empresa da Irlanda que trabalha com a criação de cavalos de corrida após o título de Fusaichi no Kentucky Derby, nos Estados Unidos. Na cotação atual, valeria R$ 375 milhões. Ele morreu em maio de 2023, aos 26 anos.
Shareef Dancer
O cavalo americano puro-sangue inglês viveu 19 anos, entre 1980 e 1999, e rendeu US$ 40 milhões (R$ 214 milhões) aos donos quando foi vendido com apenas 1 ano de idade. Shareef foi criado no Reino Unido e venceu as principais corridas do país, como a Irish Derby e a King Edward VII Stakes.
Annihilator
O cavalo era filho de Niatross, campeão de três competições de destaque na década de 80 – Little Brown Jug, Meadowlands Pace e Wish Me Wings. Os prêmios valorizaram ainda mais o preço de Annihilator, vendido a US$ 19 milhões (R$ 102 milhões).
The Green Monkey
Mais um da raça puro-sangue inglês na lista, o cavalo foi comprado em um leilão por US$ 16 milhões em 2006, quando tinha dois anos, mas não obteve resultados positivos. Foram apenas três corridas e o terceiro lugar como a melhor colocação antes de sair das pistas, em 2008.
Por que alguns cavalos valem tanto?
O Brasil tem tradição equina e também cavalos caros, mas os valores não ultrapassam os internacionais. Dos cinco animais considerados os mais valiosos, você sabia que dois pertencem a Wesley Safadão? O cantor cearense é dono de Streak Of Fling, avaliado em R$ 5 milhões, e Don Príncipe, de R$ 2,2 milhões.
O alto valor, seja no Brasil ou pelo mundo afora, é determinado por vários fatores. E um deles é a genética.
Dra. Laura Patterson, médica veterinária e Associate Professor na Long Island University — College of Veterinary Medicine, nos Estados Unidos, explica que é a ciência que dita como as características transmissíveis se apresentarão no cavalo que vai nascer.
“Qualquer particularidade que seja essencial para uma competição vai ter mais ou menos fatores genéticos influenciando. Se pensarmos que também queremos que essas características ou fenótipos passem para o produto desses animais de qualidade maior, então estamos focando a seleção na genética e não nos fatores ambientais, como alimentação, treinamento, etc”.
Ela completa que a genética exerce influência sobre o potencial, mas só vai ser demonstrada com um ambiente adequado.
“Muitas vezes, ouvimos falar que indivíduos fenotipicamente ruins produzem filhos excepcionais, ou o contrário. Saber qual a variação genética específica daquela característica de interesse é essencial, para não perder os indivíduos que não apresentam, mas carregam o potencial. E, também, obviamente, para saber a composição genética ideal para competições”, finaliza ela.
No caso da raça puro-sangue inglês, o amor pelos cavalos e o objetivo de lucrar se sobressaem, afirma Emílio Borba, médico veterinário e administrador do Haras Old Friends, em Bagé (RS).
“Todas as corridas que envolvem a raça e acontecem em hipódromos oficiais têm uma premiação em dinheiro. Além da paixão em comprar um cavalo, é um negócio. A paixão quando é sustentável é muito mais bonita do que quando não é, mas para ser sustentável, precisa do investimento em genética para os animais ganharem e alcancem prêmios maiores”, afirma.
Com esse objetivo, uma das medidas da empresa gaúcha foi importar animais do Japão, país que fez investimentos nos últimos anos e já tem resultados positivos, diz o especialista ouvido pela Globo Rural.
No Haras Old Friends, 70% dos animais criados correm no Brasil, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul. Os outros 30% são exportados para o Uruguai, Estados Unidos ou África do Sul.
Uma curiosidade da raça é a proibição de biotécnicas de reprodução, como inseminação artificial ou transferência de embriões. A cobertura deve ser realizada com os animais e apresentando provas em vídeos ou fotos.
Interessado nos resultados da genética japonesa, o haras teve que comprar um cavalo ao invés do material genético, diferente do que acontece com outras raças, como crioulo ou quarto de milha.