Cana

Por Izabel Gimenez — São Paulo

É difícil cruzar com um brasileiro que não tenha ao menos uma história com cachaça. Seja na tradicional caipirinha de limão, no shot do bar ou no preparo de receitas, a bebida é um verdadeiro sucesso, dentro e fora das fronteiras do Brasil. Sua relevância para a cultura e economia do país é tanta que todos os anos, em 13 de setembro, comemora-se o Dia Nacional da Cachaça.

Para honrar seu legado, que tal conhecer 10 curiosidades sobre a cachaça?

1 — O destilado mais antigo da América Latina

Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), não há um consenso entre os estudiosos quanto ao local exato onde surgiu o primeiro exemplar da bebida. Porém, registros históricos sugerem que sua origem seja brasileira, entre os anos de 1516 e 1532, datas que antecedem outras bebidas típicas de culturas latinas, como a tequila e o rum.

2 — Feita por acidente?

Especialistas também não conseguiram chegar em um acordo sobre a descoberta da cachaça. A primeira entre as teorias mais famosas diz que a bebida foi descoberta acidentalmente por escravos de engenhos. A segunda, a mais aceita, responsabiliza os portugueses que, acostumados com destilados feitos a partir da uva, decidiram improvisar uma versão “abrasileirada” com a cana.

3 — Nem sempre é aguardente

A cana-de-açúcar é a matéria-prima da cachaça — Foto: Marcelo Min
A cana-de-açúcar é a matéria-prima da cachaça — Foto: Marcelo Min

Apesar de muitos confundirem e usarem “cachaça” e “aguardante” como sinônimo, elas não são, necessariamente, a mesma coisa. Isso porque a primeira é uma bebida produzida exclusivamente com cana-de-açúcar, enquanto o segundo termo é usado para caracterizar qualquer destilado feito a partir de vegetais ou cereais, como o whisky, a tequila e o rum.

Ou seja, toda cachaça é uma aguardente, mas nem toda aguardente é cachaça.

4 - Sucesso internacional

Apesar da origem latina, a cachaça é o terceiro destilado mais consumido no mundo. Sua produção movimenta mais de R$ 15 bilhões anualmente para a economia brasileira, segundo o Ibrac, com cerca de 800 milhões de litros produzidos. Os principais destinos são Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Itália, França e Paraguai.

5 — Já foi um remédio

E a história não para por aí. A cachaça, misturada com ervas e outras plantas, também foi usada como remédio na medicina popular e ancestral brasileira. Acreditava-se que a bebida poderia proteger contra o frio e a umidade. Inclusive, segundo o Ibrac, a caipirinha que conhecemos hoje chegou ao mundo, inicialmente, como um fármaco contra a Gripe Espanhola, em 1918.

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o álcool como uma substância potencialmente nociva, ainda que possa oferecer alguns benefícios. Isso porque existem mais de 200 doenças e lesões relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas.

6 — Tem até capital própria

Salinas (MG) é conhecida como Capital da Cachaça — Foto: Wikipedia/Creative Commoms
Salinas (MG) é conhecida como Capital da Cachaça — Foto: Wikipedia/Creative Commoms

A demanda é tão alta que existem mais de 5 mil marcas de cachaça registradas no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). E um dos polos nacionais mais relevantes para a produção é a cidade de Salinas, no Norte de Minas Gerais, que ficou conhecida como a Capital da Cachaça.

7 — Consumo proibido

Quem não perde a oportunidade de pedir caipirinha no bar nem imagina que o ato poderia ser considerado crime há quatro séculos. Em 1635, a produção da cachaça foi proibida no Brasil. Inicialmente, a falta de fiscalização não afetou o mercado, no entanto, 24 anos depois, a decisão do rei de Portugal foi reafirmada em decreto.

A liberação para o comércio e o consumo só acontecem em 1661, graças à movimentação popular conhecida como Revolta da Cachaça.

8 — Mais forte que vodca?

A concentração de álcool presente em cada bebida pode variar bastante. O teor alcoólico de um vinho, por exemplo, gira entre 8,6% e 14%. Essa porcentagem é definida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a partir de testes que medem a densidade da bebida.

No caso da cachaça, seu teor alcoólico pode variar entre 38% e 48%, a depender da sua produção. O da vodca encontrada no mercado, por outro lado, gira em torno de 40%. Ou seja, algumas cachaças podem, sim, ser mais fortes do que a bebida russa, mas nem todas.

9 — Cerimoniais religiosos

A cachaça não é exclusividade de festas e da vida boêmia, ela também cumpre função em cerimônias e tradições ligadas às religiões de matrizes africanas, como a umbanda e o candomblé. A bebida é oferecida como oferenda às divindades, chamadas de orixás, como pedido de proteção.

10 — Exemplar mais caro do mundo

A cachaça foi armazenada em tonéis de amburana — Foto: Divulgação/Velho Barreiro
A cachaça foi armazenada em tonéis de amburana — Foto: Divulgação/Velho Barreiro

Um dos rótulos mais conhecidos do setor é o Velho Barreiro, sendo responsável por 52% do mercado de cachaça do Brasil. E acredite: esse não é o seu único título. A marca é dona da cachaça mais cara do mundo, que custa cerca de US$ 180 mil, o equivalente a R$ 891 mil na cotação atual.

Batizada de Velho Barreiro Platinum, a garrafa da linha premium, produzida por um joalheiro de Minas Gerais, possui nada mais nada menos do que 550 gramas de ouro rosê, 209 pedras brilhantes e um diamante de 0,6 quilates. A versão tem 40% de teor alcoólico, é menos ácida e mais perfumada do que os outros produtos da marca.

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