CFM amplia indica��o de bari�trica para pacientes com diabetes
Lucas Jackson/Reuters | ||
Cirurgia passa tamb�m a ser indicada para pacientes com diabetes tipo 2 n�o controlado |
O CFM (Conselho Federal de Medicina) anunciou nesta quinta-feira (7) novas regras que ampliam a indica��o da cirurgia bari�trica para o tratamento de pacientes com diabetes, incluindo aqueles com obesidade leve.
As informa��es foram antecipadas pela Folha no in�cio do m�s de novembro.
Com a mudan�a, a cirurgia passa a ser indicada tamb�m para pacientes com diabetes tipo 2 n�o controlado e IMC (�ndice de massa corporal, que � o peso dividido pela altura ao quadrado) entre 30 kg/m� e 34,9 kg/m�.
At� ent�o, eram candidatos � cirurgia apenas pacientes com obesidade grave ou moderada, ou seja, com IMC maior que 40 kg/m� ou maior que 35 kg/m� em caso de doen�as associadas, caso de diabetes e hipertens�o, por exemplo.
A mudan�a consta de nova resolu��o aprovada pelo conselho. A previs�o � que as novas regras passem a valer j� na pr�xima semana, ap�s publica��o no "Di�rio Oficial da Uni�o".
Al�m do IMC e da aus�ncia de resposta ao tratamento cl�nico, outros crit�rios para a indica��o da bari�trica nestes casos s�o a idade m�nima de 30 anos e m�xima de 70 e ter menos de dez anos de diagn�stico de diabetes.
J� a indica��o cir�rgica deve ser feita obrigatoriamente por dois m�dicos endocrinologistas. A resolu��o tamb�m exige parecer que comprove ao menos dois anos de tratamento cl�nico do paciente, sem sucesso no controle glic�mico.
"O que o conselho faz � abrir mais uma possibilidade de controle da doen�a", diz Mauro Luiz de Brito Ribeiro, presidente do CFM em exerc�cio.
'CIRURGIA METAB�LICA'
A medida consolida o aval do conselho � chamada "cirurgia metab�lica", nome dado ao procedimento nos casos em que o objetivo principal vai al�m da perda de peso.
"S�o opera��es iguais � bari�trica, mas com indica��es diferentes", explica Ricardo Cohen, diretor do centro de obesidade de diabetes do Hospital Oswaldo Cruz e um dos respons�veis pelo pedido para alterar a indica��o da bari�trica.
Em novembro, o CFM j� havia divulgado um parecer favor�vel � mudan�a nas regras. Faltava, no entanto, consolidar a resolu��o para que a nova indica��o pudesse entrar em vigor.
Para o conselho, a mudan�a tem o objetivo de reduzir as taxas de complica��es e mortes associadas a diabetes no pa�s. Hoje, a incid�ncia de diabetes tipo 2 � uma das principais causas de AVC, s�ndrome coronariana, insufici�ncia renal e cegueira.
O n�mero de pacientes que relatam ter diagn�stico de diabetes tamb�m vem crescendo no pa�s. Dados do Vigitel, pesquisa do Minist�rio da Sa�de, apontam que o quadro j� atinge 8,9% da popula��o adulta –um aumento de 62% em dez anos.
Para justificar a mudan�a, o conselho apresentou dados de estudos que mostram efeitos "antidiab�ticos" a partir desse tipo de cirurgia.
Segundo Cohen, a estimativa � que 10% a 15% dos pacientes com diabetes tipo 2 n�o respondam ao tratamento cl�nico e, assim, possam recorrer ao procedimento. "� uma op��o quando os medicamentos, que est�o cada vez mais modernos, falham", explica.
"O tratamento cir�rgico do diabetes � a �ltima indica��o de tratamento", completa Mauro Ribeiro.
Para estes pacientes, o modelo indicado deve ser o de deriva��o gastrojejunal em Y-de-Roux (tamb�m chamado de bypass g�strico), t�cnica que consiste na redu��o do est�mago e desvio de parte do intestino.
Nos casos de contraindica��o desse modelo, ser� permitida a gastrectomia vertical, tipo de cirurgia que transforma o est�mago em tubo, diminuindo seu tamanho.
"S�o cirurgias que tem o objetivo de diminuir a resist�ncia dos tecidos � a��o da insulina e promover aumento da secre��o da insulina pelo p�ncreas, al�m de promover perda de peso a longo prazo para manter esse efeito", explica Cohen.
Ainda de acordo com Cohen, a cirurgia n�o exclui a possibilidade de uso dos medicamentos.
"Se fizer analogia com o c�ncer, o paciente ainda vai precisar de quimioterapia. O que a cirurgia faz � fazer os rem�dios funcionarem melhor. N�o � sumir com o rem�dio, mas trazer o controle [do �ndice glic�mico]", afirma.
A amplia��o da indica��o da cirurgia bari�trica, por�m, tamb�m tem sido alvo de debates entre especialistas, que temem que o procedimento passe a ser recomendado em casos em que n�o h� necessidade.
Para Ribeiro, do CFM, a exig�ncia de avalia��o por dois endocrinologistas e comprova��o de tratamento cl�nico por ao menos dois anos antes da cirurgia ajudar� a evitar o problema.
OUTROS REQUISITOS
A resolu��o traz ainda outros requisitos, como os profissionais que devem fazer parte da equipe para atendimento e os locais onde pode ser realizada.
De acordo com a resolu��o, apenas hospitais de grande porte que fa�am cirurgias de alta complexidade e que tenham plantonistas 24h e UTI poder�o realizar esse tipo procedimento.
O texto tamb�m diz que a cirurgia metab�lica � contraindicada para dependentes qu�micos, pacientes que fa�am abuso de �lcool ou aqueles com quadro depressivo grave, entre outros.
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