Gen�tica � s� uma das armadilhas no caminho do emagrecimento
Ilustra��es Mario Kanno | ||
Cerveja, chocolate, sedentarismo e gen�tica podem aparecer como os culpados dos quilos a mais, mas, para a �ltima, o consenso cient�fico n�o d� tanto respaldo.
Por mais que os genes tenham papel importante, n�o d� para desconsiderar o peso do estilo de vida moderno na jornada rumo ao peso ideal.
Ao se olhar a quest�o com os �culos da evolu��o, � poss�vel encontrar uma explica��o: no passado, nossos ancestrais sofreram press�o para que seus organismos se tornassem verdadeiras m�quinas de acumular energia, ou seja, gordura. N�o havia certeza de quando seria a pr�xima refei��o, afinal.
"� como se o corpo fosse um Audi 2.0 que faz 15 km por litro", compara Bruno Geloneze, endocrinologista e professor da Unicamp.
Uma caracter�stica que � bastante condizente com o DNA herdado de pai e m�e, lembra Geloneze, � o padr�o de distribui��o da gordura corporal –seja a pessoa gorda ou magra. Dependendo de como o tecido adiposo se acumula no organismo, a gravidade das consequ�ncias metab�lica pode ser maior ou menor, respectivamente.
At� existem doen�as causadas por um �nico gene e que provocam obesidade, como a s�ndrome de Prader-Willi, que afeta 1 em cada 25 mil beb�s. Mas s�o casos bastante raros -menos de 1% do total.
Quase sempre a obesidade pode ser considerada uma doen�a dependente de v�rios genes do organismo –ou seja, � uma doen�a polig�nica– e multifatorial, dependendo tamb�m do estilo de vida. Desse modo, naturalmente algumas pessoas s�o mais propensas a serem mais obesas do que outras.
De acordo com estudos feitos com g�meos, se nenhum dos pais � obeso, a chance de uma pessoa ser obesa � de 9%. Se s� um �, dispara para 50%. Com os dois obesos, a chance vai para 80%.
O mais prov�vel � que o estilo de vida leve o restante da culpa. "A pessoa j� n�o anda, a� no carro tem vidro el�trico, c�mbio autom�tico e dire��o hidr�ulica", diz Geloneze.
"� importante saber identificar a origem e os fatores que desencadearam a obesidade. � raro ter uma pessoa que s� engorda porque come demais. Ela pode comer demais e ter fatores como ansiedade, depress�o e diabetes", diz a educadora f�sica e professora da Unifesp Ana D�maso. "E n�o adianta tentar perder 20 kg usando o card�pio que a nutricionista fez para o vizinho"
Segundo ela, uma das armadilhas mais comuns na briga contra a obesidade � a mastiga��o r�pida demais –que seria um sintoma da compuls�o e impede a saciedade de surgir naturalmente. Outras s�o dormir pouco, trocar o dia pela noite e desconsiderar o papel da alimenta��o.
"As pessoas leem e acreditam em informa��es erradas, elegem alimento como her�is ou vil�es, como aconteceu com o gl�ten. Elas o excluem da dieta e n�o compreendem que o que interessa � ter um estilo de vida permanente. N�o adianta seguir uma vertente de dieta muito severa se aquilo n�o tem nada a ver com seus h�bitos alimentares".
Uma recomenda��o, diz a nutricionista esportiva e funcional Shila Minari, � se ater � culin�ria regional, � comida caseira e evitar alimentos ultraprocessados.
Para piorar o quadro, n�o existe um "padr�o ouro" no tratamento da obesidade, segundo a nutricionista Sophie Deram. Tanto que nenhum pa�s do mundo teve grande sucesso na redu��o ap�s o problema j� ter se instalado.
"A pr�pria Organiza��o Mundial da Sa�de diz que a obesidade � uma doen�a evit�vel, mas, quando ela chega, � muito dif�cil de tratar. Nada garante que fazer cirurgia, tomar suplemento ou cortar grupos de alimentos v� funcionar no fim das contas. O que interessa � mudar o estilo de vida, n�o fazer dietas malucas ", afirma Deram.
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