Cresce press�o por advert�ncias em alimentos como ocorreu com cigarro
Mario Kanno | ||
Contra o avan�o da obesidade no pa�s, cresce a mobiliza��o de entidades e do governo para que sejam aplicadas em alimentos industrializados medidas semelhantes �s que hoje valem para o cigarro.
A ideia, assim, � criar advert�ncias mais vis�veis na embalagem sobre o alto teor de ingredientes "nocivos", aumentar a tributa��o e restringir a oferta e publicidade –sobretudo para crian�as.
Uma das propostas mais avan�adas � a que prev� mudan�as nos r�tulos dos alimentos, com inclus�o de alertas sobre o alto teor de a��car, s�dio e gorduras.
A medida est� em estudo pela Anvisa (Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria).
"Isso vai tirar um pouco do charme que o marketing tenta atribuir a esses produtos", avalia Carlos Monteiro, do departamento de nutri��o da Faculdade de Sa�de P�blica da USP.
A ind�stria diz apoiar o processo, mas a quest�o � alvo de debate. Proposta da Abia (Associa��o Brasileira das Ind�strias de Alimenta��o) enviada ao governo prev� que esse alerta ocorra por meio de um "sem�foro nutricional", em que os itens seriam classificados nas cores vermelho, amarelo e verde.
J� para a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em alguns produtos, como os que t�m menos s�dio, mas alta quantidade de gordura, a��car e aditivos, o "sem�foro" pode vir a confundir o consumidor sobre o que � de fato saud�vel.
Em meio � discuss�o, cresce o apoio a modelos como o do Chile, em que os alertas aparecem por meio de oct�gonos pretos, separados para a��car, s�dio e gorduras.
"Entendemos que o modelo possui pontos positivos, pois foca-se no risco nutricional do alimento ao enfatizar o elevado conte�do de nutrientes negativos associados ao desenvolvimento de doen�as cr�nicas", informa a Anvisa, que ainda estuda modelos de diferentes pa�ses antes de elaborar uma proposta.
"Por outro lado, h� muitas cr�ticas do setor produtivo, alegando que os crit�rios nutricionais aplicados s�o muito r�gidos", afirma a ag�ncia.
O alto teor de a��car, ali�s, � o eixo de outra proposta cuja discuss�o avan�a no pa�s.
� a taxa��o de bebidas a�ucaradas, como refrigerantes e sucos de caixinha, medida recomendada aos pa�ses pela OMS (Organiza��o Mundial de Sa�de) para reduzir a epidemia de obesidade.
Para a organiza��o, um imposto que aumente o pre�o em 20% deve reduzir proporcionalmente o consumo.
"Temos esse resultado muito bem documentado na �rea de tabaco", diz Paula Johns, diretora-executiva da ACT Promo��o da Sa�de, uma das entidades que buscam a aprova��o da medida, que tamb�m tem apoio do Inca (Instituto Nacional de C�ncer).
Os minist�rios da Sa�de, Fazenda e Desenvolvimento Social estudam o tema.
A ind�stria � contra. "Est�o querendo sobretaxar o a��car como se fizesse mal. Nem ele nem o refrigerante fazem mal, o que faz mal � o excesso", diz Alexandre Jobim, presidente da Abir (Associa��o Brasileira da Ind�stria de Refrigerantes).
Para ele, a proposta � inconstitucional. "Uma coisa � um produto nocivo, como o cigarro, embora l�cito. Outra � um produto sup�rfluo, o que tamb�m n�o � o caso."
Em meio � press�o, fabricantes costuram um acordo com o Minist�rio da Sa�de para anunciar, em breve, uma redu��o volunt�ria da quantidade de a��car em algumas categorias de alimentos.
Segundo Edmundo Klotz, presidente da Abia, devem fazer parte da lista biscoitos, bolos, l�cteos e refrigerantes.
"� um trabalho complexo, pois sabemos que o papel do a��car vai al�m de dar sabor doce, e contribui para textura, volume, cor e preserva��o dos alimentos", afirma.
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Tamb�m na mesa, mas agora na do Congresso, est�o propostas que visam proibir a venda de refrigerantes nas escolas da educa��o b�sica ou que visam regular a publicidade nesses locais.
A primeira foi aprovada nesta semana na CCJ (Comiss�o de Constitui��o e Justi�a) da C�mara. J� a segunda segue para vota��o no Senado.
Para Michele Lessa, coordenadora de alimenta��o e nutri��o do Minist�rio da Sa�de, � preciso criar "ambientes" que facilitem escolhas saud�veis, restringindo a oferta de alimentos ultraprocessados –assim como ocorreu com o cigarro na lei antifumo, diz.
"Come�ando pelas escolas. � fundamental melhorar a oferta de frutas e hortali�as e restringir a venda de refrigerantes e salgadinhos de pacote", diz ela, para quem as medidas tamb�m podem ser aplicadas por empresas e institui��es –o pr�prio Minist�rio da Sa�de adotou a iniciativa em seus refeit�rios.
Para Paula Johns, da ACT, outras medidas como incentivo a educa��o alimentar e atividades f�sicas tamb�m s�o importantes, mas n�o suficientes. "N�o basta a educa��o. Se bastasse, n�o estar�amos vivendo a epidemia que estamos vivendo. Se s� us�ssemos a educa��o contra o tabaco, n�o ter�amos reduzido o n�mero de fumantes como reduzimos."
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