Negócios

Por Liliane Rocha (@lilianerochaoficial)

Quem me acompanha por aqui, sabe que todo ano, com base no que tenho visto em grandes empresas, nas conversas com CEOs e conselheiros de administração, nas articulações intersetoriais que lidero, e mesmo nas visitas aos mais variados países, em todas as partes do mundo, me reúno com a equipe da Gestão Kairós para compartilharmos, em primeira mão, aqui na minha coluna de Vogue Negócios, quais serão as principais tendências em diversidade e inclusão para o ano que está chegando.

Confira a seguir a lista com seis tendências que identificamos e consideramos impactantes para a atuação da sua empresa em 2024 na temática de diversidade e inclusão:

Quarta revolução Industrial, Inteligência Artificial e Diversidade

Aqui temos uma faca de dois gumes, por um lado a Inteligência Artificial, devido à persistente ausência de engenheiros, técnicos e programadores negros, mulheres negras, pessoas com deficiência, LGBTQPIAN+ (lésbicas, gays, bissexuais, pessoas transgêneras, queer, pansexuais, intersexuais, assexuais, não-binários, e todas as ramificações da diversidade sexual), 50+ em contraponto à predominância de profissionais homens e brancos no Vale do Silício e em outros polos tecnológicos, que reproduzem distorções e discriminações, de forma generalizada, no desenvolvimento de diversas ferramentas de IA. Entendo que haverá um movimento social intenso, de cobrança por mais diversidade e inclusão também no desenvolvimento de novas tecnologias. Isso porque a sociedade já se deu conta dessas distorções e não mais as aceitará. Por outro lado, a inserção cada vez maior de profissionais dos mais variados setores no contexto da 4ª Revolução Industrial, trará uma nova e disruptiva perspectiva de atuação na diversidade e inclusão empresarial.

Diversidade e Saúde Mental

Dia 29 de novembro de 2023, o Ministério da Saúde publicou uma nova portaria que adicionou 165 patologias na lista de doenças relacionadas ao trabalho. Entre elas, figuram o burnout (síndrome do esgotamento profissional), a ansiedade e a depressão. O que me chama a atenção é que entre os fatores de risco que contribuem para estes quadros clínicos, figuram as violências cotidianas como o assédio moral, o assédio sexual e a discriminação. Ou seja, sofrer discriminação impacta na saúde mental das pessoas.

Não podemos banalizar o impacto das doenças mentais na atualidade e nem fugir do fato de que diversidade, inclusão e saúde mental são temas entrelaçados e, exatamente por isso, a partir de 2024 as empresas precisam pensar em formas de unir essas vertentes em suas práticas cotidianas.

A criminalização de comportamentos discriminatórios antes aceitos

Como diz a Dra. Fernanda Macedo, advogada e consultora de Treinamento da Gestão Kairós, analisando os caminhos jurídicos penais de criminalização de condutas, temos, geralmente, uma conduta que outrora era aceita e reproduzida, se tornando reprovada socialmente, e, sequencialmente criminalizada. Ou seja, se antes havia comportamentos discriminatórios que eram toleráveis (racismo, LGBTfobia, machismo, etarismo entre outros), hoje, essas condutas são inaceitáveis e naturalmente serão proibidas por lei. A Dra. Fernanda vai além e crava: “A gordofobia, ato de ofender ou discriminar alguém em virtude de sua composição corporal, em breve será criminalizada”. Acreditamos, inclusive, que isso vá ocorrer no período máximo de 5 anos.

Ampliação do debate coerção, conveniência ou convicção

Será necessário um novo caso como o de George Floyd ou de João Alberto acontecer para que algumas empresas relembrem qual a importância da gestão da diversidade? Pois bem, embora uma parte expressiva do empresariado já tenha aprendido que atuação por convicção é fundamental, outra parte das empresas segue atuando somente sob pressão, seja por coerção ou conveniência. Detalho estes pilares e suas relações no livro Como ser Uma Liderança Inclusiva. E por isso, acredito que 2024 será um ano no qual grupos com marcadores identitários, mais uma vez, exercerão seu empoderamento e ocuparão seu lugar de fala, cobrando e apoiando as empresas na construção de ações mais consistentes. Se a sua empresa segue atuando por coerção ou conveniência, certamente sentirá a pressão batendo à porta.

Fortalecimento do alinhamento das prioridades de diversidade no primeiro, segundo e terceiro setores

É uma previsão, mas também algo que eu almejo que aconteça, principalmente como Mestre em Políticas Públicas, sob o risco de, caso não ocorra, gerar um enfraquecimento da agenda de diversidade e inclusão em todo o país. Após quatro anos de um governo declaradamente conservador, as áreas de ESG e Diversidade ganharam fôlego novo, ao menos simbolicamente, com o ingresso de um novo governo, conceitualmente (a se provar) mais inclusivo e sustentável. A questão é que embora haja muito diálogo e alguns avanços na legislação - como a equiparação da injúria racial ao crime de Racismo e o direito garantido a todas a mulheres de terem um acompanhante em procedimentos nas unidades de saúde -, em alguns momentos também nadamos e morremos na praia, como diz o dito popular.

Uma prova clara disso, é que apesar de toda a movimentação social feita não tivemos a nomeação de uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal, fato que entraria para história pelo ineditismo. Me parece que estamos, neste primeiro ano, em uma Torre de Babel, em que pessoas com os mesmos ideais, sejam especialistas empresariais em diversidade ou do movimento social, não estão falando a mesma língua. É mais lacração ou mais planejamento? Tudo para ontem ou precisamos nos organizar? Comunicação ou mudança estrutural? Acredito que finalmente, passado o ano da euforia (2023), 2024 será um ano de sinergia, foco, leitura de cenário e atuação conjunta, para que assim as mudanças realmente estruturais possam acontecer.

Alternância no foco de atuação dos grupos de diversidade

Sabemos que a mente humana infelizmente é binária. Por isso, não conseguimos atuar em todos os grupos de diversidade ao mesmo tempo. A depender dos acontecimentos sociais um ou outro grupo acaba demandando e tendo mais foco dentro das estratégias empresariais. Em 2024, embora a temática racial siga em pauta, esta nunca sai do foco no Brasil, país do racismo estrutural, principalmente devido às violências cotidianas, outros temas também estarão em voga. Um deles é a violência contra a mulher, devido a Lei n° 14.737 de 2023 já mencionada, além de outros aspectos relacionados à temática de gênero. Outro tema importante e que pode avançar ano que vem, se refere aos povos indígenas, principalmente com a força que o Ministério dos Povos Indígenas tem trazido para esse debate. E, por fim, a temática dos refugiados, pois o fluxo de migração no eixo sul-sul persistirá nos demandando conversas intensas e novas atuações.

Reforço que todos os temas são relevantes e devem continuar a ser trabalhados, afinal grupos como LGBTQPIAN+, pessoas comdDeficiência, 50+, entre outros, são importantíssimos e precisam estar na agenda das empresas. Estou somente sinalizando a tendência de que mulheres, povos indígenas e refugiados tenham mais foco em 2024 do que tiveram em anos anteriores

Não sou vidente, nem a equipe da Gestão Kairós, mas com base em nossa vivência cotidiana no relacionamento com clientes e acompanhamento dos principais temas de diversidade e inclusão, entendemos que estas são tendências fortes e eminentes para 2024, tanto nas empresas, como no poder público e na sociedade civil. E a sua empresa, está preparada para estas tendências?

Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil.

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