A Namíbia sempre está nas listas de lugares para se conhecer e se encantar. Faz tempo que o turismo no país africano estampa reportagens de televisão, sites, revistas. No início deste ano, por exemplo, a Namíbia era destaque do site da Vogue América. Não o país todo, mas mais exatamente os lugares para onde levo você por meio deste texto e do novo episódio do Check-In.
O que faz a Namíbia ser tão especial? Creio que a riqueza natural deslumbrante, diversificada e preservada e o convite a celebrar e resgatar o que é ancestral. Minha primeira viagem para lá começou a partir de uma foto. Vi as mulheres Himba em uma matéria e fiquei hipnotizada pela beleza, pela força, pela magia delas. Quis ir conhecê-las pessoalmente. Fui. E agora voltei e me emocionei novamente com elas, a sororidade é explícita.
Sabe quando você sente algo que não consegue explicar, embora entenda muito bem? A parte turística da Namíbia é essa sensação boa, que tem a ver com comunhão. O turismo também gira muito em torno dos safáris, que eu amo desde quando soube que é o segmento que financia a preservação dos parques naturais e de seus habitantes, os animais, assim como o mercado e a capacitação das pessoas que vivem nos pedaços em concessão.
É assim: empresas como a Wilderness — que me convidou, por meio da The Global Nomads — recebem o direito de zelar e trabalhar essas regiões por períodos determinados e se comprometem a aplicar no local ações efetivas para o desenvolvimento sustentável socioambiental das áreas. Dá muito certo, como mostro para você aqui. Vem!
Wilderness Little Kulala: o deserto, os caniôns e o safári
O deserto mais antigo do mundo tem uma cor que é só dele, meio vermelha, alaranjada e fascinante. É abrigo de Sossusvlei, um lago seco de sal e argila, que forma cânions e planícies de uma beleza sem igual. Vez ou outra, no meio desse cenário espacial, aparecem vegetações e troncos milenares, intactos, resistentes e emocionantes.
Essa parte da Namíbia costuma estampar fotos em exposições de arte mundo adentro. Um registro amador com um celular fica magnifico, o de quem entende das artes e das técnicas da fotografia fica perfeito. A perfeição existe e está na natureza da Namíbia. É envolta por um silêncio bonito. O céu é tão lindo quanto a terra, seja de dia ou de noite estrelada. Jantei à luz das estrelas e dormi também coberta por elas, como te mostro aqui.
Tive o privilégio de ficar hospedada em um lodge que dava acesso ao deserto, o Wilderness Little Kulala, que chegou ao local com a missão de recuperar sua natureza — e assim fez e ainda faz. A WD cuida bem do mundo e de todo mundo. Já viajei mais de uma vez com eles e só tenho elogios.
A hospitalidade é irretocável, o transporte e programação também. Vale dizer que o safári também é sucesso no pedaço. Elefantes e órix me acompanharam durante os passeios. Uma emoção. Mostro tudo aqui, confira!
Hoanib Skeleton Coast Camp: o deserto, o leito do rio a caminho do mar, os oásis, o safári e o oceano
Algumas horas de estrada e dois voos separam o Little Kulala do Hoanib Skeleton Coast Camp, no sul e norte da Namíbia, respectivamente. O segundo endereço da Wilderness fica em Kaokoland, uma das áreas mais remotas e selvagens do país.
Com dunas onduladas, montanhas rochosas e planícies desérticas a região é atravessada por leitos de rios antigos e secos, que ainda marcam o caminho para o Atlântico Sul, onde elefantes e girafas, órix e gazelas, adaptadas ao deserto, vivem livres como todos devemos ser.
O caminho até o mar é de quatro horas com vistas deslumbrantes e a companhia dos animais que ali vivem e sabem exatamente onde estão os oásis e as vegetações que garantem suas vidas.
A chegada à costa é cinematográfica por esse percurso, com mostro para você acima. Primeiro, nota-se que o tom do céu fica azul mais intenso, depois os oásis mais frequentes, daí a areia fica mais clara, até que vem a brisa, as ossadas de baleia trazidas pelas correntezas, os navios naufragados e, então, a vista dos leões-marinhos e o oceano.
Tudo é lindo, por terra ou pelo ar (fiz um voo panorâmico na volta para o lodge. E se toda essa diversidade natural não for a coisa mais rica que existe, eu não sei o que pode ser.
As mulheres Himbas em Wilderness Serra Cafema
Ir uma vez ao encontro das mulheres Himbas foi a realização de um sonho. Nessa segunda vez, foi a confirmação de que nem toda paixão é passageira — e que o encantamento só se dá e ponto.
As mulheres Himbas vivem em comunidade e em esquema seminômade. Constroem as próprias casas, fazem artesanato, tomam banhos de fumaça e se pintam de ocre para ritualizar e se proteger do Sol. A vaidade e a beleza feminina são aspectos sagrados. Homens, ao menos onde estive, só os visitantes ou os filhos.
O mais fascinante é o olhar, o sorriso e a sororidade delas, a união, a unidade que estão em gestos, trocas de olhares, nos cantos e nas danças, no respeito ao que é ancestral e na coragem de serem quem são. Re-existência.