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Por Juliana Pinheiro Mota


Varanda do camp de luxo Little Kulala, na reserva de Sossusvlei (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Varanda do camp de luxo Little Kulala, na reserva de Sossusvlei (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Outro dia li que uma das golden rules de Drew Barrymore é viajar na contramão do radar de todo mundo. “É o que tenho feito”, pensei comigo mesma. O último destino em que me aventurei acompanhada pelo namorado foi a Namíbia. Árido e quente à beça, o quinto maior país da África abriga dois fantásticos desertos, o da Namíbia, que com seu mar de areia avermelhada se estende pela costa do Atlântico (é emocionante sobrevoar o encontro do mar com o deserto); e o Kalahari, que se alastra rumo ao leste.

Meu roteiro se concentrou no primeiro – e foi repleto de emoções inesquecíveis. Durante dez dias, amanhecendo com céu azul e indo dormir com noites estreladas, fiquei em três camps do Wilderness Safaris: Little Kulala, nas cinematográficas dunas de Sossusvlei; Doro Nawas, em Damaraland; e Serra Cafema, no extremo noroeste da Costa dos Esqueletos. O ponto de partida foi a capital Windhoek. Os voos para lá saem de Johannesburgo, na África do Sul. Sim, é longe. Mas vale a pena.

Cabana do povo himba no meio do deserto e a varanda do camp Serra Cafema com vista para o rio cunene (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Cabana do povo himba no meio do deserto e a varanda do camp Serra Cafema com vista para o rio cunene (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Na chegada ao Little Kulala (diárias a partir de US$ 520) – amo o nome, kulala significa dormir – , precisei conter as lágrimas. O staff nos recebeu cantando um delicado ritual de boas-vindas. Passamos três dias por lá. Para evitar os turistas, saíamos cedinho rumo às dunas. No percurso de uma hora de jipe, animais selvagens que resistem ao deserto, como o antílope órix, nos faziam pedir para que o guia parasse o tempo todo. Tirar fotos – as mais lindas que já cliquei na vida – é parte essencial dessa aventura. A mais famosa das dunas é a Dune 45. Como a trilha é estreita, na subida dá certa vertigem. “Siga as minhas pegadas”, orientou o guia. Lá no topo, os desenhos das montanhas de areia emoldurados pelo azul do céu ora me lembravam uma obra de Oscar Niemeyer, ora uma tela de Tomie Ohtake. Voltei a ser criança na descida,correndo descalça em zigue-zague. No dia seguinte, foi a vez de escalar a Big Daddy, mais alta, com 325 metros. A vista para o Dead Vlei, com o lago de argila e os troncos mortos, é de arrepiar. De novo, descer foi uma alegria!

Inesquecível também eram os fins de tarde em clima de happy hour nas alucinantes locações de um dos mais antigos desertos do planeta. Ali, entre um e outro gim tônica e prosa nas quais buscávamos compreender a cultura daquele país que conquistou sua independência só em 1990, após sucessivos domínios da Alemanha, Grã-Bretanha e África do Sul, a vida realmente parecia um filme. Outra maravilha é que os 11 bangalôs têm vista para o deserto (tivemos a sorte de ver um chacal), piscina e, o melhor, cama no telhado. Após o jantar, levávamos um vinho e adormecíamos sob as estrelas.

Tecidos africanos, artesanato local, pulseiras e colares comprados diretamente com o povo nômade himba e na loja do camp Serra Cafema (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Tecidos africanos, artesanato local, pulseiras e colares comprados diretamente com o povo nômade himba e na loja do camp Serra Cafema (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Mais rústico, o Doro Nawas (diárias a partir de US$ 280) também tem o charme de noites sob as estrelas (basta empurrar a cama de rodinhas para a varanda). Nos dois dias que passamos por lá, o pôr do sol azul-violeta teve o toque final da lua crescente, e a paisagem ficou ainda mais bela graças aos elefantes do deserto. A experiência de contemplação profunda da natureza e de estar completamente desconectada lá no fim do mundo (não tem internet) são duas vantagens de se viajar para lugares extremos que nos fazem acessar diferentes estados de espírito.

Nesse sentido, o Serra Cafema (diárias a partir de US$ 520) me deixou em estado de graça! Após um voo panorâmico, foi surpreendente pousar em uma pista onde só havia um toalete feito de madeira – e mais nada. Como os camps são remotos,o jeito é encarar os pequenos aviões da Wilderness Air. Está aí outra conquista: perdi o medo de voar, na marra. O trajeto até o camp descortina montanhas em tons de dourado, com uma luz única.Impossível não agradecer a todos os deuses por ter ido parar naquele lugar, um tremendo privilégio.

Happy hour regado a gim tônica, no meio do deserto no passeio organizado pelo staff do camp Little Kulala (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Happy hour regado a gim tônica, no meio do deserto no passeio organizado pelo staff do camp Little Kulala (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Foram três dias de encantamento: o lugar, as atividades (amei dirigir um quadriciclo pela primeira vez), o gentil staff, os himbas (povo nômade secular que vive ali), a gastronomia (não deixa nada a dever a nenhum restaurante bacana). Como o camp fica em um vale, às margens do rio Cunene,é um oásis repleto de vegetação. O colorido em tons de rosa dos fins de tarde (lembro de uma nuvem pink que parecia algodão-doce) e o passeio de barco,com direito a pássaros,macacos e crocodilos (tive medo, mas impossível não admirá- los), nunca sairão da minha memória. Do outro lado do rio fica a Angola,e pude até falar português com um senhor. Me senti em casa.

Com oito suítes cercadas por árvores (a minha dava para o rio), o Serra Cafema guarda surpresas como o almoço privé na varanda do quarto e o bush dinner em volta da fogueira. “É um hábito quando estamos com a família”, explicou o simpático guia Dawid Tjongarero. Foi ele também quem nos apresentou aos himbas. Aprendemos algumas palavras do dialeto e fomos ensinados a virar a câmera para mostrar as fotos para eles (coisa que achei gentil e me fez pensar como tantas vezes passamos por cima de pequenas delicadezas do dia a dia). A beleza tão própria daquelas mulheres pintadas de um belo tom telha e enfeitadas com adereços de palha que elas mesmas produzem é inesquecível.

Programação no camp Doro Nawas: safári durante o dia e pôr do sol na varanda do quarto (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue
Programação no camp Doro Nawas: safári durante o dia e pôr do sol na varanda do quarto (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

O filósofo Alain de Botton, que acaba de lançar The New Art of Travel, sugere que devemos sempre partir com grandes ambições a respeito do que uma viagem pode fazer por nós. Desde que comecei a planejar a ida à África, minha expectativa era que a Namíbia seria uma life changing experience. Sei que explorar destinos tão remotos é algo peculiar, para quem está disposto a ir além. Mas ainda bem que fui até lá – essa viagem fez muito por mim.
www.wilderness-safaris.com

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