Uma funcionária da Vogue conta a história por trás de sua vasta coleção vintage Prada

Itens vintage permitem a curadoria de um guarda-roupa eclético repleto de peças da história da moda e que refletem verdadeiramente a sua maneira de viver e de ver o mundo

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Montse Tanús Cortesia de Montse Tanús
audima

Há uma canção popular espanhola, agora enraizada na cultura, que diz “melhor morto do que simples”. As pessoas usam essa frase agora para justificar o exagero em alguma coisa; ser exagerado por ser exagerado. Essa música foi lançada quando eu era apenas uma adolescente, mas descobri que acidentalmente a abracei no que diz respeito ao meu estilo pessoal.

Como alguém que desde cedo se interessou por moda e arte, experimentei diversas estéticas durante meus tempos de escola. Cresci em Vitoria-Gasteiz, no norte de Espanha, onde naquela época não havia muitas lojas vintage, por isso tive de ser criativa. Lembro-me da alegria de fazer compras em cidades como Madrid, Barcelona ou Bilbau, onde havia mais opções para explorar. Dado o meu orçamento limitado, os brechós me permitiam ser punk na terça e alguém saído de um filme da Nouvelle Vague na sexta. Eu costumava passar horas procurando roupas acessíveis que evocassem o estilo dos estilistas que admirava: as estampas coloridas de Yves Saint Laurent dos anos 70, a era de John Galliano na Dior, as caveiras de Alexander McQueen, a Louis Vuitton de Marc Jacobs...

Montse Tanús usa saia com estampa de banana e bolsa, ambas Prada da coleção de primavera/verão 2011 — Foto: Cortesia de Montse Tanús

Velhos hábitos são difíceis de morrer, e uma parte do meu primeiro salário foi gasta em um item que me mudou radicalmente: uma calça Prada inspirada nos anos 60 com estampa geométrica rosa, preta e bege da coleção pré-outono de 2010, que adquiri durante os primeiros dias do Vestiaire Collective. Sempre fui atraída pela estética mod, então ela se tornou toda a minha personalidade por algum tempo.

Montse Tanús usa top da coleção de primavera/verão 2017 e saia primavera/verão 1996 — Foto: Cortesia de Montse Tanús

Essa compra marcou o início da minha obsessão vintage pela Prada. O que há para não amar? As inesperadas combinações de cores e mistura de estampas da Sra. Prada, texturas conflitantes e abordagem não convencional de sensualidade me capturaram de uma forma que a moda de rua nunca conseguiria. Quanto mais eu lia sobre o cérebro por trás do universo Prada, como o fato de ela fazer parte do Partido Comunista e ter marchado pelos direitos das mulheres na década de 1970, mais fiquei fascinada por suas roupas.

Saia Prada da coleção primavera/verão 2021 — Foto: Cortesia de Montse Tanús

Ao longo dos anos, colecionei cerca de 50 peças de diversas coleções da Prada e usei-as em momentos importantes da minha vida, desde entrevistas de emprego até aniversários. No meu jantar de ensaio de casamento, usei uma calça branca floral da coleção outono/inverno 2003, que adorei pela forma como me senti ao usá-la: feliz, confortável, eu mesma. Até usei outra calça Prada (estampada do outono/inverno 2012) para caminhar pelas pirâmides do Egito. Há apenas algumas semanas, eu estava subindo em um riquixá na Índia usando uma saia listrada laranja e rosa da coleção primavera/verão 2011. Neste verão vou dançar a noite toda em Ibiza com uma saia verde citrina característica da primavera/verão 2019.

Duas das minhas coleções favoritas são a de primavera e outono de 2017: os cardigãs enfeitados, as penas, os padrões e as cores misturadas – a combinação perfeita de alegria e elegância. Ainda estou em busca desse conjunto marcante e só posso sonhar em usar esse top de penas e saia xadrez um dia.

Camisa Prada da coleção de outono/inverno 2018 — Foto: Cortesia de Montse Tanús

Eu encontro essas peças principalmente online (obrigada, eBay, 1stDibs.com, Vestiaire Collective e The RealReal) a um preço surpreendentemente bom. Como a maioria dos colecionadores, tenho alarmes configurados para itens específicos, como um pijama enfeitado no mais lindo amarelo pastel. Eu o usaria com alguns tênis e um grande trench coat para fazer compras em Londres.

Coleção de peças Prada — Foto: Cortesia de Montse Tanús

Há uma certa emoção em caçar uma peça pela qual você está completamente obcecado. Meu item mais precioso da coleção é uma saia com estampa de batom que foi vista pela primeira vez na passarela de primavera/verão 2000. É uma peça icônica que estava na minha lista de desejos há demasiado tempo – comprei-a por menos de 200 libras há alguns anos. Uma verdadeira pechincha.

Além da minha obsessão pela Prada, também estou no mercado procurando alguns Dries Van Noten outono/inverno 2015, mais Maison Margiela e um bom blazer Balenciaga. Talvez um pouco de Pucci e Vivienne Westwood também. O que adoro no vintage é que ele permite a curadoria de um guarda-roupa eclético repleto de peças da história da moda e que reflete verdadeiramente a sua maneira de viver e de ver o mundo.

Como eu disse antes, melhor morto do que simples.

Esta matéria foi originalmente publicada na Vogue UK.

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