Cultura

Por Paula Jacob (@pjaycob)

A noite mais aguardada do cinema chegou. Celebridades cruzando os red carpets, apostas sendo feitas pelos fãs, críticos de sofá analisando os looks e uma certeza pairava no ar: Oppenheimer seria o grande vencedor da cerimônia. "Mas seria mesmo?" Me perguntei algumas vezes, na esperança de ver Justine Triet subir ao palco por melhor filme e melhor direção, consagrando Anatomia de uma Queda como bem merecia. Até mesmo Yorgos Lanthimos e o seu inspirador Pobres Criaturas. Filmes com vida, com arte, filmes que fazem a gente sonhar com outros horizontes. Filmes que tem alguma alma para além da técnica impecável.

Porém, a previsibilidade ainda faz da Academia uma instituição segura dentro das próprias regras. Talvez a maior surpresa tenha ficado lá em 2017, com Moonlight vencendo sobre La La Land – ainda que nas condições que foi. Sete anos depois, as coisas parecem não mudar. Fomos ludibriados pelo marketing rosa de Barbie, uma esperança no meio do caos (no meio da bomba), e também pela presença de mais filmes dirigidos por mulheres em categorias importantes, tal qual Vidas Passadas. Greta Gerwig e Celine Song, contudo, não estavam concorrendo a melhor direção.

Revivendo a frase de Fernanda Torres citando a sua mãe e uma das maiores atrizes brasileiras, Fernanda Montenegro: "O Oscar é uma festa americana". Não podemos esquecer disso quando pensamos em como toda essa organização funciona, dos votantes aos presentes e homenageados. É uma premiação da indústria de Hollywood para ela própria. E na noite do dia 10 de março isso ficou evidente, inclusive, na estrutura da apresentação, comandada por Jimmy Kimmel, em um palco glamouroso, com discursos de atores para outros atores. Um revival da antiga estética, sucinta, sem tempo para falas profundas ou protestos.

Há, sim, surpresas interessantes, como o curta-documental The Last Repair Shop, de Kris Bowers e Ben Proudfoot (disponível no Disney+). Com uma linguagem visual poética, eles contam a história de crianças e jovens com seus respectivos instrumentos ao passo que incluem na narrativa a vida daqueles que trabalham nas oficinas para fazer os reparos minuciosos dos objetos. Ou o longa-documental fortíssimo 20 Dias em Mariupol, feito por jornalistas de guerra dentro do conflito entre Rússia e Ucrânia, reforçando a relevância da imprensa na cobertura de tais acontecimentos – e tantos outros.

Zona de Interesse entra nessa leva como Melhor Filme Internacional, representando a Inglaterra, uma história adaptada do livro de mesmo nome e idealizada por Jonathan Glazer em uma experiência desconcertante de ver – como havia de ser. Tanto ele quanto o diretor do documentário vencedor, o ucraniano Mstyslav Chernov, foram os únicos a proclamar discursos politizados em uma noite de sorrisos e acenos.

Nas categorias técnicas, outros grandes acertos. Pobres Criaturas levou, merecidamente, os prêmios de Melhor Figurino (Holly Waddington), Melhor Maquiagem (Nadia Stacey) e Melhor Design de Produção (Shona Heath e James Price), nos fazendo relembrar o que é a mágica do cinema quando bem executada. Billie Eilish, aos 22 anos, e Ludwig Goransson, aos 39 anos, levaram para casa as estatuetas de Melhor Canção Original (Barbie) e Melhor Trilha Sonora (Oppenheimer), respectivamente, dando um respiro jovial para a indústria.

Nas atuações, Da'Vine Joy Randolph, incrível em Os Rejeitados, que faz o trabalho da sua carreira (até o momento) vivendo uma mãe enlutada pela morte precoce do filho, era, sem dúvidas, a Melhor Atriz Coadjuvante. Cillian Murphy enfrentando a falta de carisma subiu ao palco para receber o prêmio de Melhor Ator pela ótima performance em Oppenheimer. Melhor Atriz talvez fosse a categoria de mais atenção deste Oscar, até mais que Melhor Filme, porque as concorrentes eram bastante impressionantes, de Lily Gladstone a Sandra Hüller, uma escolha verdadeiramente difícil. Levou Emma Stone, mais que merecida, por viver a personagem já ícone Bella Baxter na fábula surrealista-vitoriana de Yorgos Lanthimos.

E aí temos Oppenheimer, com Melhor Direção e Melhor Filme, encerrando a noite com as obviedades características. Christopher Nolan é um diretor correto, com manias corretas, com sonhos cinematográficos corretos – assim como Bradley Cooper com o seu Maestro. Pecam ambos pelo excesso de preciosismo masculino, focados em serem excelentes, esquecendo as brechas que tornam o cinema uma arte que emociona. Interstellar, por exemplo, é mais apaixonante, toca o coração de outras formas. Naquele 2015, era Birdman a grande estrela – outro filme cheio de maneirismos masculinos. São bem feitos? São. Mas também são filmes típicos de Oscar, com elementos que deixam a Academia feliz em ver o resultado de tanto esforço e tanto dinheiro gasto para retroalimentar a própria lógica da indústria.

Sonhamos, choramos, nos encantamos e nos indignamos com os outros concorrentes. Sentimos. Oppenheimer é um belo filme para quem entende da tecnicidade de fazer histórias em movimento, não há dúvidas, mas se estamos falando sobre arte, a sétima arte, o que toca o coração fica de fora? Talvez a gente tenha que torcer para filmes como Moonlight terem a chance, a real chance, de pertencer ao panteão dos "melhores". E não faltaram opções em 2024. Só o jogo permaneceu o mesmo, apesar das tentativas de nos iludir que algo estaria diferente sob o sol. Não está, infelizmente.

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