Cultura

Por Paula Jacob (@pjaycob)

Pobres Criaturas tem dado o que falar nas redes sociais e no burburinho pós-sessão no cinema. Não à toa, o universo criado por Yorgos Lanthimos é vasto em referências e um dos grandes destaques fica com o figurino e a maquiagem marcantes da protagonista vivida por Emma Stone, Bella Baxter, assinados respectivamente por Holly Waddington (Lady Macbeth e The Great) e Nadia Stacey (Cruella e A Favorita). Aqui, a história da personagem é contada por meio da sua aparência – e pode parecer o mesmo cabelo longuíssimo o filme todo, mas não é: à medida que ela se desenvolve enquanto pessoa, os fios pretos crescem também, numa cadência de três tempos que acompanha os arcos da narrativa.

“Quando entrei no projeto, o departamento de arte já tinha feito bastante coisa. Shona Heath e James Price [designers de produção] produziram um documento de 100 páginas, com imagens de referências de tudo o que eles pensaram para o filme. Yorgos é um diretor que nos dá muita liberdade criativa, então foi uma ótima sinergia entre todos”, comenta Holly, que é a grande favorita para o Oscar de Melhor Figurino deste ano.

“Ele realmente não prescreve nada para nós, portanto temos que encontrar nosso caminho em tudo – com uma orientação gentil da parte de Yorgos. Trouxemos as nossas referências e conseguimos trabalhar bem em conjunto. Um exemplo disso é a Madame Swiney [interpretada por Kathryn Hunter], pequenininha mas com grandes ambições. A fisicalidade da personagem no espaço era incrível”, comenta Nadia, ao que Holly logo emenda. “E Nadia teve a brilhante ideia de tatuar totalmente o corpo dela”, exclama sobre a conexão artística entre ela e a hair, make-up e prosthetics designer.

Cena de 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação
Cena de 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação

O grande desafio para ambas era fazer tudo casar da melhor forma possível, já que o universo criado por Yorgos e toda a equipe do filme é um mar de informação visual, que vai desde o surrealismo até o steampunk. “Por meio das texturas, cores e formas que você começa a ter uma noção do que é este mundo onde Bella vive. Em termos práticos, era fazer as mangas bufantes e o super aplique funcionarem juntos em meio a tantas outras coisas. Foram muitas conversas para chegar nesse resultado, há um tipo estranho de alquimia que, a partir das primeiras definições, as coisas simplesmente fluiam”, diz Nadia.

Emma Stone em 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação
Emma Stone em 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação

É de se imaginar que o processo de pesquisa de ambas foi extenso, e, segundo elas, a parte mais divertida e prazerosa do ofício, por ser um momento de quebra-cabeça até materializar no que vemos em tela. “É um desafio condensar tudo o que o mundo de Bella é ou pode ser”, conta Nadia, que tem uma coleção magnífica de livros para usar de base nas referências. “Eu gosto desse tipo de pesquisa prática, além de museus, livrarias e galerias de arte. Você pode encontrar ideias em lugares inesperados, como a capa de um disco ou qualquer coisa que brote na frente dos seus olhos.”

Holly Waddington também é do time que adora um processo analógico de encontrar inspiração – “é quase fácil demais fazer as coisas online”. Ela é frequentadora assídua das bibliotecas públicas na Inglaterra para pesquisar em acervos de revistas de moda antigas, livros e fotografias, além de ter uma boa relação com a equipe do Victoria & Albert Museum para conseguir acessar os arquivos de moda.

Criando Bella Baxter

Uma personagem-ícone que decide desbravar o mundo sem as amarras paternalistas que a cerceiam, que foge de outros olhares masculinos para, então, decidir por si a sua história. Assim é a protagonista de Yorgos Lanthimos, que ganha vida não só pela brilhante atuação de Emma Stone, mas também pela criatividade e sincronia de Holly Waddington e Nadia Stacey.

Cena de 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação
Cena de 'Pobres Criaturas' — Foto: Divulgação

O começo, por exemplo, é dentro da casa de seu criador, Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Cientista vanguardista, ele desafia as normas médicas e faz experimentos dos mais curiosos para encontrar a fonte da ciência. Bella é um deles, o mais precioso. Por isso, sua casa é feita para entreter a jovem mulher, impedindo que ela saia do seu perímetro para não encontrar o que lhe traria dor e sofrimento. O quarto, a sala, a mesa de jantar, todos os ambientes possuem elementos desse cuidado extremo, principalmente nos acabamentos. E mesmo com a fotografia em preto e branco, é possível vislumbrar o uso de materiais acolchoados que reforçam essa estética do cuidado.

Nas roupas, a mesma coisa. “Trabalhamos bastante com quilting, que é uma técnica de costura feita para criar camadas espessas. São peças aconchegantes e macias. Mas isso precisava mudar depois que ela sai de casa, passando para algo mais colorido, fluido, leve, combinado de forma orgânica também, sem a rigidez vitoriana”, explica Holly. O filme não é datado, mas tem roteiro baseado no romance vitoriano Poor Things (1992), de Alasdair Gray. Então, apesar da falta de localização temporal (o que o torna interessante), existem alguns fios que seguram tudo isso no tempo-espaço literário do qual se inspirou.

“O filme está falando, entre outras coisas, sobre o quão absurdos somos enquanto criaturas, e esse é um período muito incomum na história da moda. Você tem mangas de musselina extremamente grandes, como se fosse uma imagem forte das mulheres, uma época em que o papel delas era importante”, diz a figurinista.

Bella parte para Lisboa, onde suas roupas são um misto da fase anterior com a atual, em um styling que privilegia transparências, mangas bufantes e babados. No navio, a aventura se transforma em uma viagem intelectual e suas vestimentas se tornam reflexo dessas borbulhas mentais, com mais camadas de tecidos. Já em Paris, a nudez da personagem é contrabalanceada pelo uso de jaquetas vitorianas e botas de cano alto, com o intuito de marcar o lugar que ela quer ser: médica, com instruções sobre política e filosofia. De volta ao marido anterior, Bella ainda precisa enfrentar mais um desafio (ou homem controlador), já com toda a bagagem de sua trajetória, portanto as vestes são de tecidos estruturados, como armaduras. Por fim, ela termina o filme usando um pouco de cada elemento mas de uma nova forma, indicando a sua maturidade após tantas aventuras, sem perder a essência de si, claro.

O cabelo tem uma narrativa que acompanha tudo isso. “Desde o começo sabia que precisaria fazer esse aplique crescer por uma questão da observação científica que Max [McCandles, vivido por Ramy Youssef] faz com a evolução acelerada de Bella”, conta Nadia. No início, ela conta que deixou o cabelo de Bella mais preso e trançado pela Srta. Prim (Vicki Pepperdine), mas quando a personagem vai viajar, ele cresce mas nunca mais é preso de novo. “Quis confrontar a ideia de que as mulheres não teriam permissão para usar um cabelo longo e solto assim em público. Como Bella não está apegada às regras da sociedade, isso marca a diferença de quem ela é”, explica Nadia que traz como exemplo o momento do navio: ali, com pessoas cheias de penteados elaborados, a protagonista é a única com uma versão mais livre, e selvagem.

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