Brasil e Política

Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo


A arrecadação federal de impostos alcançou R$ 202,9 bilhões em maio e bateu mais um recorde. O volume arrecadado de janeiro a maio foi de R$ 1,099 trilhão, a maior da série histórica em termos reais.

O volume mostrou uma alta real (acima da inflação) de 10,46% em relação a maio do ano passado. Sem considerar a correção inflacionária, a arrecadação teve alta de 14,8% em maio. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25) pela Receita Federal do Brasil (RFB). De janeiro a maio, a alta real de 8,72% ante o mesmo período do ano anterior.

Considerando somente as receitas administradas pela Receita Federal, houve alta real de 10,4% em maio, somando R$ 196,6 bilhões. No ano, as administradas somaram R$ 1,034 trilhão, alta real de 8,74%.

A receita própria de outros órgãos federais (onde estão os dados de royalties de petróleo, por exemplo) foi de R$ 6,3 bilhões no mês passado, alta real de 12,6%. No ano, a arrecadação de outros órgãos alcançou R$ 54,8 bilhões, alta real de 8,41%.

Desonerações

O volume que governo federal deixou de arrecadar por conta de desonerações e incentivos tributários foi de R$ 51 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano. Segundo a Receita, o dado representa uma queda de R$ 11,5 bilhões em relação ao mesmo período de 2023.

As fontes de renúncia do governo federal no acumulado deste ano foram: PIS/Cofins sobre combustíveis (R$ 2 bilhões); IPI-Total (R$ 845 milhões); Lucro Presumido (R$ 741 milhões); Entidades Beneficentes - Cebas (R$ 575 milhões); Transporte Coletivo (R$ 275 milhões); e Cesta Básica (R$ 275 milhões). O item "Outros" soma R$ 46,2 bilhões.

Mas e eu com isso?

Esses números são importantes porque ajudam a avaliar se é viável, ou não, o governo cumprir a meta de zerar o déficit zero (gastos e receitas equivalentes) para este ano.

Para quem não se lembra, esse é um dos objetivos estipulados para cumprir o arcabouço fiscal, conjunto de regras para manter as contas públicas saudáveis. O cumprimento da meta, portanto, seria um sinal a investidores de que vai tudo bem, obrigado. Isso diminuiria a percepção de risco e, assim, os prêmios exigidos para se investir no Brasil.

Trocando em miúdos: contas públicas saudáveis atraem mais investidores. Se mais investidores entram, especialmente estrangeiros, a tendência é que a bolsa suba e o dólar caia.

É importante lembrar, no entanto, que uma arrecadação forte é um sinal positivo, mas não significa que tudo está sob controle do ponto de vista fiscal. Afinal, a previsão do próprio governo é que em 2024 haja um déficit de R$ 14,5 bilhões nas contas públicas.

Portanto, é importante que a arrecadação aumenta, desde que os gastos diminuam para que haja um equilíbrio.

Contém informações do Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

eleição brasil — Foto: Getty Images
eleição brasil — Foto: Getty Images
Mais recente Próxima Banco Central quer deixar trajetória de juros em aberto, diz Galípolo
Mais do Valor Investe

Apenas em junho, os contratos futuros das commodities valorizaram até 6,53%

Petróleo sobe até 13,80% no semestre com expectativa de mais demanda

Junho foi o auge de uma trajetória de alta das taxas que começou em abril desse ano; relembre os seis primeiros meses dos papéis

Tesouro Direto: títulos atrelados à inflação são os queridinhos do 1º semestre

'Quem não arrisca, não petisca', já dizia o ditado. Este ano, ativos arriscados como as criptomoedas vêm trazendo retornos invejáveis enquanto o mercado de ações fica para trás

Quais os investimentos com melhores rendimentos no 1° semestre de 2024? Veja destaques

Preocupações em torno da possibilidade do Federal Reserve continuar adiando um corte de juros seguem fortes

Bitcoin volta a cair após dados dos EUA e não sustenta patamar de US$ 61 mil

Após um início de ano bastante otimista, com renovação de recorde histórico e tudo, o principal índice da classe reagiu às novas perspectivas para a taxa básica de juros, a Selic, que deve continuar em dois dígitos por um bom tempo

Índice de fundos imobiliários (IFIX) tem pior desempenho desde outubro de 2023

Tal como no filme 'Divertida Mente 2', o semestre do Ibovespa foi cheio de emoções. Mas o longa-metragem do índice só não entrou para a categoria 'Terror' porque parte das empresas mostrou alguma resiliência na temporada de balanços

Veja as 10 ações do Ibovespa que mais se valorizaram no 1º semestre de 2024

Índice industrial Dow Jones avançou 3,79%, enquanto o das maiores empresas americanas, o S&P 500 cresceu 14,48%. O Nasdaq, que reúne ações de tecnologia, subiu 18,13%

Bolsas de NY avançam até 18% no semestre. Veja as maiores altas e baixas

Saldo do Dia: Longe de alcançar as projeções otimistas do início do ano, bolsa amarga cenário externo difícil e crescimento do temor de risco fiscal. Em dólar, índice brasileiro tem perdas ainda maiores, de 19,5%, contra 6% de alta da carteira de emergentes e avanço de 14,5% do S&P 500

Com alta de junho, Ibovespa cai quase 8% no semestre

Ações de empresas ligadas ao mercado doméstico e sensíveis aos juros dominam o ranking das maiores perdas da carteira do Ibovespa. E não é só neste mês de junho, não. O destaque negativo de 2024 é todo delas. Hora de pular fora ou o pior já passou?

Veja as 10 ações do Ibovespa que mais caíram no 1º semestre de 2024

Formação da taxa de referência para o dólar, que acontece no último dia do mês foi o principal fator para a forte desvalorização do real, mas operadores também citam mau humor com política econômica

Dólar fecha em R$ 5,59 e valoriza 15% no semestre